segunda-feira, 29 de setembro de 2008

sábado, 27 de setembro de 2008

Parabéns!...

A Linha do Tua está de parabéns, pelos 121 anos de vida. É pena que num momento como este, a circulação esteja proibida. Espero que mais um mês de impasse, seja suficiente para apurar as causas do acidente do dia 22 de Agosto, e ajude a lançar luz nos restantes acidentes, todos no espaço de um ano e meio, depois de se ter avançado a hipótese da construção de uma barragem no Rio Tua e consequente submersão de parte da linha.
Os autarcas (à excepção de Mirandela) continuam a assobiar para o lado, como se nunca tivesse havido uma linha do comboio nas suas terras. Infelizmente foram necessários os acidentes para chamar a atenção sobre a problemática do rio e da linha do Tua.
Resta-nos unir esforços no sentido de mostrar que nem tudo está bem, mas que esta linha com 121 anos tem muita história para nos contar, muita beleza para nos mostrar, com os investimentos devidos, tem também muitos turistas para transportar.
PARABÉNS à linha e a todos os que lutam(os) pela sua manutenção.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Verdes lamentam encerramento da Linha do Tua na celebração dos seus 121 anos

Comunicado de Imprensa 24-09-2008

AUDIÊNCIA COM SECRETÁRIA DE ESTADO DA CULTURA MARCA
AS COMEMORAÇÕES DE “OS VERDES” A ESTE ANIVERSÁRIO
E MAIS UMA ETAPA NA LUTA EM DEFESA DESTE PATRIMÓNIO

No próximo dia 27 de Setembro a Linha do Tua, entre a Foz do Tua e Mirandela, celebrará 121 anos de existência.

Esta Linha que constitui um verdadeiro marco da engenharia portuguesa e é sem dúvida uma peça importante do património cultural e paisagístico do Alto Douro Vinhateiro, classificado como Património da Humanidade, pela UNESCO, o que levou “Os Verdes” a pedir uma audiência ao Ministro da Cultura.

Esta audiência, onde “Os Verdes” pretendem colocar as suas preocupações relativas às ameaças que pesam sobre este Património, terá lugar por delegação do Ministro, com a Senhora Secretária de Estado da Cultura, na próxima segunda-feira, dia 29 de Setembro, pelas 15 horas, no Palácio da Ajuda.

Nesta audiência “Os Verdes” pretendem ainda entregar aos representantes do Governo com responsabilidades pelo património cultural, uma lembrança evocativa da inauguração da Linha do Tua, em 1887.

O Partido Ecologista “Os Verdes” lamenta, no entanto, que a Linha do Tua se encontre encerrada na data em que se celebra este evento, que foi sem dúvida alguma de grande importância para Trás-os-Montes e para o Alto Douro Vinhateiro e considera que a autorização de prorrogação do prazo por mais de um mês, para apresentação do inquérito ao último acidente, pode ser necessário para averiguar as causas, mas não pode servir de pretexto para o encerramento definitivo desta linha.

“Os Verdes” consideram ainda que o Governo deve assegurar medidas de compensação à empresa gestora do serviço (Metro Mirandela) para minimizar os impactos financeiros decorrentes dos sucessivos períodos de encerramento subsequentes aos quatro acidentes.


24 de Setembro de 2008
Gabinete de Imprensa

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Túnel das Fragas Más I

Túnel das Fragas Más I, ao 6.º quilómetro. Este túnel é em curva e tem 99 metros. É um local onde a linha e o rio parecem ser um só, com poucos metros a separá-los. No interior do túnel é possível apreciar a rocha granítica duríssima.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

O que diz a comunicação social - Ago.Set08


sábado, 20 de setembro de 2008

Ponte do Vieiro


Esta Ponte de Vieiro está mesmo junto à estação de Abreiro, no 29.º quilómetro. Ainda não percebi porquê, estando a estação na margem esquerda do rio, em território do Vieiro a estação tem o nome de Abreiro (que está na outra margem). Uma justificação, poderá ter a ver com a importância das duas localidades em questão: Vieiro é um lugar, pertencente à freguesia de Freixiel, no concelho de Vila Flor; Abreiro é uma freguesia, já foi sede de concelho e pertence ao concelho de Mirandela.
A ponte é metálica, de um tramo, e tem 50 metros. Possivelmente não é a ponte original. A via passava por detrás da estação actual não o podendo fazer pela ponte tal como ela está hoje. Os carris ainda são visíveis no local.
A via foi alterada e passa hoje entre a estação e o rio. Tratando-se de um lugar amplo, é um dos pontos muito apreciados e fotografados da Linha do Tua. O facto de ali passar um rede viária, numa cota superior com uma excelente vista sobre a estação e a linha, também ajuda na divulgação.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Apeadeiro do Castanheiro

O apeadeiro do Castanheiro fica no 7.º quilómetro. O nome vem-lhe da aldeia que serve, Castanheiro, pertencente ao concelho de Carrazeda de Ansiães. Trata-se de uma pequena construção, encaixada na encosta, parecendo fazer parte dela. Esta zona do rio parece-me ser bastante frequentada, quer por pescadores, quer por outros amantes do ar livre. Há mesmo uma pequena praia de arreia, onde se pode passar uma tarde muito agradável. Não conheço o acesso desde a aldeia do Castanheiro, mas os veículos todo o terreno chegam mesmo perto da linha.

Comunicado de Imprensa - Linha do Tua

De: Jorge Trigo
Secretário da Mesa da Assembleia Geral do CEC

CLUBE DE ENTUSIASTAS DO CAMINHO DE FERRO
Apartado 21495
1134 – 001 Lisboa – Portugal


http://cecferro.com.sapo.pt
E-MAIL: cecferro@gmail.com
Contacto: José Pinheiro – TM 936404618

Comunicado de Imprensa

Linha do Tua

Durante 120 anos sem grandes acidentes de registo, eis que no espaço de pouco mais de um ano, surgem quatro. Não querendo entrar em especulações, para o Clube é notório que o encerramento desta linha interessa a alguns e, como tal, convém desacreditá-la o mais possível para assim melhor o justificar. Nos primeiros dois acidentes, as causas que os provocaram foram naturais por aluimentos de terras. Já as dos outros dois permanecem por explicar.

É fundamental que se encontrem os seus motivos e no mais breve prazo possível.

Provavelmente a forma como é feita a sua manutenção não será a mais adequada, tendo em conta as características do traçado. Mas como o seu futuro é incerto, há tendência para um adiamento constante de investimentos maiores sob o lema de que não vale a pena investir em algo que não tem futuro. Este já foi previamente marcado pelo ministro dos Transportes, Mário Lino, quando em 2006 declarou o encerramento inevitável desta linha, com o argumento de que não valia "a pena gastar dinheiro a sustentar uma coisa que é utilizada por poucas pessoas".

É oportuno referirmos o investimento efectuado com o recente Ramal da Siderurgia, no valor de cerca de 20 milhões de euros. Desde que foi inaugurado (há cerca de seis meses) apenas por lá circularam dois comboios.

Não compreendemos porque não é tirado partido da riqueza natural que o vale do Tua proporciona.

Se estivéssemos num outro país mais evoluído, como por exemplo a Suíça, uma linha com estas características já estaria dotada dos mais modernos meios de segurança, provavelmente electrificada e equipada com modernas carruagens panorâmicas que proporcionariam uma viagem cómoda e segura, ao mesmo tempo que permitiriam espectaculares visões da paisagem envolvente. A sua exploração seria auto-sustentável com o turismo que atrairia, por isso seria impensável qualquer hipótese de encerramento.

Mas estamos em Portugal. Um país onde interesses duvidosos falam mais alto que o interesse público e a preservação do património. Um país onde muita gente nem sequer conhece o prazer de viajar de comboio, continuando a acreditar que o automóvel é o meio de transporte por excelência. Outra coisa não seria de esperar, pois os sucessivos governos apenas apostam na rodovia, reféns que estão dos lobbies do betão e do asfalto. Incentiva-se assim o uso do automóvel, com o respectivo consumo de combustíveis, grandes fontes de receita de impostos.

Barragens, sim, são necessárias. Mas podem-se fazer noutros locais que envolvam menores prejuízos ambientais, sem destruir sítios únicos e que, bem explorados turisticamente, certamente originariam muito mais riqueza que qualquer infra-estrutura daquele tipo.

A operadora pública ferroviária já por vezes demonstrou não ser capaz de tirar partido das potencialidades turísticas que o nosso país oferece. A linha do Tua é só mais um caso a juntar a tantos outros. A sua decadência iniciou-se a partir do momento em que se decidiu substituir as composições de locomotiva e carruagens, por automotoras, consideradas modernas, mas sem quaisquer condições para o serviço que iriam desempenhar.

As carruagens chamadas "Napolitanas", por terem sido fabricadas em Nápoles, apesar da sua idade, tinham 70 anos, ofereciam 72 lugares sentados e dispunham de WC. Não consta que tivesse havido com elas qualquer acidente durante o tempo que circularam no Tua e nunca faltaram lugares para os passageiros.

As novas automotoras, consideradas modernas, não têm WC, passaram a deixar passageiros em terra por falta de capacidade, pois estão vocacionadas para serviços suburbanos, como no troço Mirandela - Carvalhais do metro ligeiro. Para cúmulo, começaram os acidentes.

Será tal material adequado ao traçado da via e às suas características? Tecnicamente não sabemos. No entanto, o mesmo tipo de material circulante faz serviço nas linhas do Corgo (Régua - Vila Real) e Tâmega (Livração - Amarante), ambas com traçados em parte bem mais sinuosos. Desconhece-se qualquer acidente ocorrido com elas.

O Clube dos Entusiastas do Caminho de Ferro considera que o futuro da linha do Tua passa,não só por uma profunda intervenção infra-estrutural, acompanhada da instalação dos mais rigorosos meios de segurança modernos, tais como videovigilância, detectores de objectos,meios de comunicação eficientes e capazes de abranger todo o trajecto, mas também pela aquisição de material circulante adequado, novo ou em segunda mão, que não deverá variar muito do que é usado nas linhas montanhosas da Suíça, onde traçados tão ou mais acidentados como este, são explorados com êxito e constituem boas fontes de desenvolvimento para as regiões que atravessam.

Estas são as nossas considerações e tomada de posição sobre a Linha do Tua.

Setembro de 2008

A DIRECÇÃO

(nota: recebido por email)

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Testemunhos - 13 de Setembro de 2008


No dia 13 de Setembro de 2008, eu, o meu pai e o meu irmão, decidimos ir dar um passeio ao longo da Linha do Tua.
Acordámos bem cedo, vestimo-nos, e tomámos o pequeno-almoço. Depois, fomos de carro até à estação de caminho de ferro de Abreiro, onde começámos a nossa caminhada.
Subimos pelo rio acima observando e fotografando ao mesmo tempo a bela paisagem, mas tendo o cuidado de não tropeçar nos carris. Até eu tirei fotografias!
Pelo caminho fomos encontrando pregos espetados nas placas de madeira entre os carris, parafusos soltos, etc.

Finalmente, chegados ao apeadeiro da Ribeirinha, decidimos que eu e o meu irmão faríamos o caminho de regresso de carro, por isso chamámos a minha mãe para lá nos ir buscar.
Gostei muito deste passeio, pois adorei a paisagem e o ar fresco.

Marco Gonçalves (14 anos)

terça-feira, 16 de setembro de 2008

de novo, pela Linha do Tua

Tinha marcado o reencontro com a Linha do Tua no próximo Outono, mas, fiz-lhe uma visita no Domingo passado, e hoje voltei, para um passeio, juntamente com os meus filhos.
Escolhi um percurso curto, mas com elementos suficientes para motivar os jovens na caminhada: da estação de Abreiro ao apeadeiro da Ribeirinha. São 4,6 quilómetros, sem pontes nem túneis, que incluiu os dois tipos de paisagem mais marcantes que se podem encontrar ao longo da linha: escarpas rochosas com a linha “talhada” a pulso, terminando na Ribeirinha com a linha entre olival e vinhas.

Chegámos à estação de Abreiro às dez e trinta da manhã. O tempo estava bom. O céu apresentava-se sem nuvens, mas o dia estava fresco, permitindo uma caminhada agradável. Depois de algumas recomendações, seguimos caminho.
O sol batia nas rochas criando grandes contrastes de luminosidade. As ruínas da “ponte do diabo” e a lenda que lhe está associada, cativaram a atenção dos mais novos e ajudaram na motivação.

Depois de uma zona rochosa, onde a água tem dificuldade em passar, estão os restos de um açude, junto à foz da Ribeira do Carneiro. A partir daqui as águas estão calmas, criando um espelho de água natural, que, de certos ângulos, reflectia o azul do céu.
O quilómetro trinta e um é o meu preferido deste percurso. As formações rochosas da margem direita do rio parecem castelos esculpidos em granito onde reina o melro azul. Os espinheiros cobriram-se de drupas, de um vermelho vivo, que apetece trincar. Na verdade estes pequenos frutos são comestíveis! A sua cor viva é um desafio à fotografia, neste período em que não abundam as flores, que tanto gosto de fotografar.

Escalámos uma formação rochosa entre a linha e o rio, que nos permitia uma boa perspectiva. É um local onde subo habitualmente. É um “miradouro” fantástico. Tal como junto à estação de Abreiro, havia pelo menos três pescadores à linha, espalhados pela margem, nesta zona onde as águas já estão de novo agitadas.
A fonte onde me reabastecia de água (aos 31,4 Km), está quase seco, só pinga.
Depois do quilómetro trinta e dois a linha separa-se do rio. Vêm-se ao longe as casas de Barcel. Cheira a uvas maduras e ao longo da linha há muitas oliveiras. Também há uma planta mais estranha, em que muito poucos repararão, é o sumagre. Neste momento está com as sementes cheias e as folhas verdes. Em breve se vão pintar de laranja e vermelho, que eu tanto gosto.

Ao aproximar-nos do apeadeiro da Ribeirinha, questionei a equipa, se queriam fazer o caminho de regresso a Abreiro, ou se telefonávamos ao “carro de apoio”. Era quase uma da tarde e a fome já se fazia sentir. Contente por os ter feito esquecer a televisão e o computador durante uma manhã, acedi a terminar ali o nosso passeio colectivo.
Encontrámos o sr. Abílio, que nos recebeu com alegria. Já se habituou às minhas andanças pela linha e não me deixa sair dali sem umas garrafinhas de água fresca, um saquinho de verduras da horta ou de frutos da época. É um exemplo de bondade.

Deixei os filhos à espera de transporte e regressei sozinho, pela linha, a Abreiro. Como sempre acontece, perdi a noção do tempo, a sensação de fome, a necessidade de chegar. Passava das três da tarde quando cheguei à estação e regressei a Vila Flor.


do Blogue: À Descoberta de Vila Flor

domingo, 14 de setembro de 2008

na linha

Hoje foi dia de passeio na Linha do Tua, desta vez, em família. A companhia deu-me direito a ser fotografado.
Foi um curto passeio entre a estação de Abreiro e o apeadeiro da Ribeirinha. Brevemente mostrarei mais fotografias.

sábado, 13 de setembro de 2008

Túnel da Falcoeira


O Túnel da Falcoeira situa-se no 9.º quilómetro. Tem 137 metros de comprimento. A partir deste túnel há uma zona onde a Linha segue muito próxima do rio, que apresenta formações rochosas muito pitorescas. É também uma das zonas mais inacessíveis.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

PEV levam Linha de Tua à Comissão Permanente da Assembleia


Declaração política do Deputado Francisco Madeira Lopes (PEV) sobre os acidentes na Linha do Tua, proferida na Assembleia da República a 9 de Setembro de 2008

Sr. Presidente, Srs. Deputados,
A linha de caminho de ferro do Tua sofreu no passado dia 22 de Agosto o seu quarto acidente num espaço de cerca de ano e meio.

Esta situação é absolutamente lamentável, em primeiro lugar pelas vítimas mortais, feridos e seus familiares para quem vão as nossas primeiras palavras.

Mas desde logo porque esta é uma linha que, ao longo dos seus 120 anos de existência, felizmente, pouquíssimos acidentes graves registou (e menos ainda com vítimas mortais).
É uma linha que acompanha o vale do rio Tua e goza de uma paisagem patrimonial única que fazem dela uma das mais belas do mundo, e que, como todas as linhas de montanha, deve dispor das habituais medidas de segurança e de prevenção de risco.

É ainda uma linha que teimosamente persiste em garantir o direito à mobilidade e acessibilidade das populações não permitindo o seu isolamento e constituindo uma porta aberta de oportunidades para aquela região de Trás-Os-Montes.

Infelizmente, esta sucessão de acidentes, inexplicados, é estranha e não deixa de incomodar pela curiosa coincidência no tempo com a intenção declarada de construir uma barragem que sempre será absolutamente incompatível, seja qual for a quota, com a sua sobrevivência por cortar a ligação à linha do Douro e ao resto do país.

Apesar de “Os Verdes” considerarem muito positivas as recentes declarações da Sra. Secretária de Estado dos Transportes que reconheceu a beleza e importância desta linha para a mobilidade da região, revelando uma mudança de postura só possível por quem visitou o local, a verdade é que o Governo continua a defender a construção da barragem ao mesmo tempo que acena com a miragem de alternativas à linha, rodoviárias ou mesmo, uma nova linha, num outro traçado e com outro espaço canal.

Para “Os Verdes” essas pseudo-soluções alternativas só servem para tentar vender a barragem aquela região e desistir da justa luta pela manutenção da linha do Tua, que se encontra geneticamente ligada ao Vale do Tua e com a submersão do qual deixará simplesmente de existir. Para sempre.

É por isso fundamental não permitir que estes acidentes sirvam de argumento para o encerramento definitivo da linha e exigir que nenhuma suspeita fique no ar. É fundamental que toda a verdade venha ao de cima e que a culpa não morra solteira.

Recordamos que, neste momento, após uma grande insistência desta bancada, através de requerimentos, intervenções e um agendamento potestativo em Comissão, só mais de um ano depois do primeiro acidente é que nos foram entregues, tirados a “fórceps”, os relatórios do inquérito ao primeiro acidente!
Como é que é possível, num momento em que a linha foi reparada e sujeita a investimentos, está mais vigiada do que nunca, nem linha, traves, aterro ou encostas, nem material circulante parecem apresentar anomalias, segundo as entidades responsáveis e o Sr. Ministro, um comboio, que circula com marcha à vista, numa recta, com boa visibilidade, descarrilar?

“Os Verdes” lamentam profundamente não poder, já hoje, nesta reunião da Comissão Permanente, interpelar o Sr. Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, responsável por garantir a segurança de um dos mais seguros meios de transporte, como propusemos e foi rejeitado, e anunciamos que não descansaremos nesta casa enquanto não forem prestadas todas as explicações e fornecidos todos os elementos que permitam aferir com rigor, clareza e transparência a verdade sobre os acidentes no Tua.

O Parlamento, e mais que isso, as vítimas e suas famílias, as populações, as associações locais e autarcas daquela região e os portugueses em geral têm o direito a conhecer o mistério de derrocadas inexplicadas e de descarrilamentos sem nenhuma causa aparente. O Governo deve explicações convincentes.

Fonte: Pravda

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Ou Tua, ou Rua



Fosse eu homem cá de crendices, e até havia de dizer que anda o mafarrico à solta ali para os lados do Cima Corgo. Quer dizer, está uma linha do comboio, por sinal uma das mais belas do país e arredores, cento e vinte anos sem qualquer acidente digno de registo, e agora num escasso ano e meio, acontecem nela nada mais nada menos que quatro acidentes graves com mortos e tudo.

Num troço curto de uma dúzia de quilómetros, quatro desinfelizes tiveram funesto encontro com a mulher da seitoura, e num fechar de olhos que jamais se descerraram, foram-se encavalitados nas asas do anjo negro, como se andar por ali em maravilhosa viagem de encantos assombrosos fosse do desagrado de quem tudo pode. Mais parece que tal coisa não é para simples mortais.

Quatro horas más em pouco mais de duas mãos cheias de meses. Como de costume cérebros esclarecidos e esforçados encomendaram rigorosos inquéritos a doutas mentes, daquelas que descobrem até a razão de a agulha ter um buraco, mas findas as diligências, ninguém consegue encontrar razão inequívoca para as desgraças. Coisa assim sem explicação, tenho para mim que mesmo só obra de belzebu ou alguém por ele. Cruzes canhoto que se esconjuro, arreda-te para lá chifrudo que até se me arrepia a espinha, só deitar para a tua presença. Credo.

Ainda agora, e depois deste ultimo acidente ocorrido a vinte e dois de Agosto, um punhado de adolescentes desapertou à mão e tirou linha fora parafusos daqueles que parecem dar para apertar o mundo nos seus eixos, mas continua-se sem saber a causa das coisas. Um bem colocado senhor no atapetado do seu gabinete disse que tal desiderato é impossível, pelo que nada me custa acreditar que ou os voluntariosos jovens são marcianos de força descomunal, ou então não passam de uns mariolas que se querem divertir à nossa custa e espalharam parafusos ao longo da via, para depois fazerem de conta que os despertavam. Claro que pode acontecer que o tal senhor não veja estadulho em olho próprio, e aí então a coisa muda de figura. Mas pronto!
Mesmo o facto de naquela linha circularam automotoras nitidamente desadequadas por serem altas e estreitas, nada diz aos esforçados senhores dos inquéritos. São estéticas, tem um ar todo urbano, e logo basta para que sejam tidas como recomendáveis. Dão um ar de modernidade no meio do campo, e só isso pareceu bastar quando alguém decidiu coloca-las ao serviço entre o Tua e Mirandela. À empresa detentora da concessão deu-se-lhe o nome de «Metro» para se dar um ar menos rural, e sem silvos lá se garantiu o funcionamento da linha pelo menos até agora.

Num país que com toda a parolice e contra o correr dos tempos desactivou quase tudo o que era linha de caminho de ferro no seu interior a troco de rodovias mais prejudiciais que benéficas em termos de ordenamento do território, parecia que se salvava assim uma das jóias ferroviárias da rede nacional de comboios. O turismo virou moda, e com ele a linha do Tua ganhou procura e valor. Nada mais nada menos que 40 mil almas passam anualmente pelos bancos das carruagens que circulam ou circulavam a roçar o rio Tua.

O problema, é que a paginas tantas da nossa governação, há já uns anos, os comboios foram mandados parar, e as atenções viraram-se para outros meios de transporte. Desinvestiu-se nas linhas férreas mesmo significando isso o desarticular de uma estrutura importante da coesão nacional. Com a linha do Tua, aconteceu por maioria de razão a mesma coisa. É longe, é no interior, e contam-se por poucos os boletins de voto necessários para quem ela serve em primeira necessidade. Então depois que se concluiu que mais mês menos mês ela é para desactivar, para que atentar nela?

No entanto, continuam sem achar explicação para as desgraças os senhores que mandam e os que buscam as pistas. Para mim, a esses e outros que tais, castigava-os com uns meses de trabalho e de vida naquelas bandas. Era como antigamente quando se dizia aos ferroviários tresmalhados a castigar:
- Ou Tua, ou rua!
Podia ser que esconjurassem a coisa má que anda por lá. Digo eu.

Manuel Igreja; Diário de Trás-os-Montes
Publicado com a devida autorização do autor.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Apeadeiro de Latadas

O apeadeiro de Latadas, no 48.º quilómetro, entre Frechas e Mirandela, há muito se perdeu no tempo. Só algumas ruinas lembram ainda, que, há muitos anos, ali parava o comboio para deixar e apanhar passageiros. Quando por lá passei, na Primavera, a vegetação quase cobria o que restas das casas. Há um açude e restos de um moinho de água.
É um bom local de acesso ao rio, frequentado por pescadores e banhistas.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

A linha do Tua


Viajar pela via-férrea do Tua – talhada a machado por deuses escravizados – é experimentar o efeito alucinogénio de pendurar os olhos numa janela donde se vê o chão do céu. Começou por ser um rio de esperança, a linha do Tua. Um rio de esperança que o sono dos homens afugentou. É, agora, antecâmara das memórias. Um modo ingénuo de gastar o que resta da sola dos sapatos ou, quiçá, o derradeiro sopro antes da nudez. Uma certa ocultação, por intermédio de metáforas, dos suspiros que suspiramos e não queremos. É não entregar o corpo – o corpo do comboio ainda morno – às águias da noite.
Mas viajar no comboio do Tua é, ainda e sempre, uma feira de emoções. Ora sob a luz, coada pelas nuvens rasantes, que vai delindo as arestas daquilo que nos chega, transportando-nos para dentro de um espelho – o espelho baço da noite; ora sob o sol que escorrega, espesso, pelas margens do rio. Como se alguém houvesse derramado sumo de laranja nos bicos das montanhas. Sumo que, por ser espesso, escorre com lentura, sem pressa de se dissolver nas águas do rio.

O viajante busca o sonho, qualquer que ele seja, sabendo que os pesadelos são apenas as curvas da viagem. Aqui, dentro do Vale, nas entranhas de um túnel, apenas a escuridão é palpável. Tal como são palpáveis as sombras quando vivemos dentro do medo.
Mas viajar é, também, entrar em cena sem que algum director, ou quejando, tal nos ordene; desenhar milagres de cruz; mergulhar nos olhos de quem nos vê, e – porque a morte é como Deus, está em todo o lado – tropeçar na barragem que não vemos mas está lá, a joeirar penumbras nos olhos do comboio.
A morte é o epílogo de todas as viagens. Uma vida que é substituída por outra vida que, por sua vez, é substituída por outra vida… até ao além… onde a viagem nunca acaba e, alucinados, perguntamos: ubi veritas?

Jorge Laiginhas
(Transcrito do Diários de Trás-os-Montes, com autorização do autor)

domingo, 7 de setembro de 2008

Testemunhos - 27 de Agosto de 2008


Um grupo de caminheiros da freguesia de Parambos, fez no dia 27 de Agosto de 2008, uma caminhada que incluiu uma grande extensão da Linha do Tua.
Partiram da aldeia e desceram ao vale encontrando a linha junto ao apeadeiro do Castanheiro. Partiram, depois, ao longo da linha, até à estação de Foz-Tua, percorrendo mais de 7 quilómetros de uma paisagem fantástica.

Mais informação e fotografias no blogue - Viver Parambos.

sábado, 6 de setembro de 2008

Muitos porquês...

Não pode haver pior final para o acidente que aconteceu na Linha do Tua no dia 22 de Agosto, do que não se descobrir a razão dele ter acontecido.
Muito se tem falado da falta de manutenção da linha, dos parafusos soltos, nas travessas podres, de uma explosão junto às rodas, etc. Muitas destas teorias são "criadas" pela necessidade de haver desenvolvimentos.

Não podemos por em causa as entidades que estão a proceder às investigações. Esperamos que estejam a ser rigorosas e metódicas, recorrendo a especialistas nas áreas necessárias.
Faltam ainda analisar alguns elementos importantes, como o registo da velocidade da composição e a adequação deste tipo de material circulante a uma linha com as características da Linha do Tua.
Também me parece que deva ser analisado o impacto na linha das obras de instalação de fibra óptica entre o Tua e Mirandela. As máquinas abrem uma pequena vala, com cerca de meio metro de profundidade, onde é enterrado o tubo que ira receber os cabos.

As máquinas que fazem a abertura da vala têm as lagartas revestidas a borracha. Esta protecção deteriora-se com a circulação sobre os carris. Encontrei algumas lagartas "perdidas" ao longo da linha.
Coincidência, os trabalhos de colocação da estrutura de suporte da fibra óptica, decorrem um pouco depois do local do acidente (próximo de S. Lourenço). Na zona do acidente estes trabalhos decorreram nos últimos dias de Julho.
Para os que queremos passear durante muitos mais anos na Linha do Tua, é importante que se descubra a razão de mais este estranho acidente.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

O Verão na Linha do Tua (3)


O Túnel das Fragas Más II, tem a extensão de 38 metros e situa-se numa curva, no final do 5.º quilómetro da Linha do Tua.
Com este túnel, termina um dos locais onde possivelmente foi mais difícil construir a linha. Há um túnel, um viaduto e depois este túnel. Não havia mesmo local onde construir a linha, por isso teve que passar por debaixo da montanha e até suspensa sobre o rio no Viaduto das Fragas Más.
Depois deste túnel, o vale alonga-se, numa curva preguiçosa, num quadro de rara beleza que vale a pena fotografar (não vai faltar neste Blogue).

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Parafusos na Linha do Tua


Quando no dia 24 de Agosto li a notícia de que "Jovens entregam parafusos "soltos" da linha à CP", pensei: - Ora aí está uma ideia interessante, educativa até...
Depois, continuei a pensar no assunto. Pode haver (e há) parafusos soltos ao longo da linha, mas nunca uma grande quantidade e em poucos metro (ou até quilómetros da linha).
Ao contrário do que alguns jornalistas quiseram fazer passar, não é fácil arrancar das travessas os ditos parafusos, mesmo quando estejam parcialmente soltos.

Daí, toca de procurar no meu "arquivo" de alguns milhares de fotografias, algumas que ilustrem o que digo.
A primeira fotografia mostra muitos parafusos "soltos" na linha. Querem saber aonde? Precisamente na estação da Brunheda. A fotografia mostra parafusos que foram substituídos, transportados para a estação e que, por alguma razão, ali ficaram durante algum tempo. A fotografia foi tirada no dia 18 de Julho de 2008, no quilómetro 21.º, ou seja na estação da Brunheda. Não sei se na altura do acidente todos os parafusos permaneciam no local, é bem possível que sim, uma vez que estavam onde não causavam qualquer estorvo. Será que era destes parafusos que os jornalistas falaram?!!
A segunda fotografia foi tirada no dia 12 de Julho de 2008, depois do quilómetro 36.º, já com o Vilarinho à vista. Esta fotografia prova que há realmente alguns parafusos soltos. Os três parafusos que estão cravados na travessa, estão parcialmente soltos, sendo possível retirar um deles com a mão.
Da minha experiência de mais de 100 km a pé pela linha posso dizer que, esta situação de parafusos soltos, é muito rara, não tendo visto mais de dois ou três casos. A falta de um parafuso, principalmente sendo do interior da linha, não acarreta grande risco para a circulação, e se a Refer fazia a manutenção da linha de 15 em 15 dias, estes casos já devem ter sido solucionados há muito.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Eu estive lá...

Desde que comecei a divulgar os meus passeios ao longo da Linha do Tua, tenho recebido mensagens de muitas pessoas que já fizeram o percurso e de outros que pretendem fazê-lo. Há quem viaje de comboio mas também muitos amantes do ar livre, que fazem questão de percorrer a Linha, toda, ou em parte, a pé!
Decidi abrir um espaço para que, todos os que queiram, possam colocar questões, fazer comentários ou partilhar experiências e/ou sentimentos que viveram ao longo da Linha do Tua.
Podem fazer os comentários directamente no Blog, ou mandar-me um email (alinhaetua@gmail.com) com algumas linhas de texto e fotografias para eu publicar, aqui.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Linha do Tua - 54 Km de Primavera



Juntei 108 fotografias, 2 por cada quilómetro de linha, e criei este diaporama a que chamei 54 km de Primavera. Todas as fotografias foram tiradas na Linha do Tua, entre Março e Maio. Procurei um fundo musical à altura e acabei por encontrar um CD antigo da Né Ladeiras, com músicas e arranjos muito bonitos. Parece-me que o conjunto ficou agradável.