Secretário da Mesa da Assembleia Geral do CEC
CLUBE DE ENTUSIASTAS DO CAMINHO DE FERRO
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Comunicado de Imprensa
Linha do Tua
Durante 120 anos sem grandes acidentes de registo, eis que no espaço de pouco mais de um ano, surgem quatro. Não querendo entrar em especulações, para o Clube é notório que o encerramento desta linha interessa a alguns e, como tal, convém desacreditá-la o mais possível para assim melhor o justificar. Nos primeiros dois acidentes, as causas que os provocaram foram naturais por aluimentos de terras. Já as dos outros dois permanecem por explicar.
É fundamental que se encontrem os seus motivos e no mais breve prazo possível.
Provavelmente a forma como é feita a sua manutenção não será a mais adequada, tendo em conta as características do traçado. Mas como o seu futuro é incerto, há tendência para um adiamento constante de investimentos maiores sob o lema de que não vale a pena investir em algo que não tem futuro. Este já foi previamente marcado pelo ministro dos Transportes, Mário Lino, quando em 2006 declarou o encerramento inevitável desta linha, com o argumento de que não valia "a pena gastar dinheiro a sustentar uma coisa que é utilizada por poucas pessoas".
É oportuno referirmos o investimento efectuado com o recente Ramal da Siderurgia, no valor de cerca de 20 milhões de euros. Desde que foi inaugurado (há cerca de seis meses) apenas por lá circularam dois comboios.
Não compreendemos porque não é tirado partido da riqueza natural que o vale do Tua proporciona.
Se estivéssemos num outro país mais evoluído, como por exemplo a Suíça, uma linha com estas características já estaria dotada dos mais modernos meios de segurança, provavelmente electrificada e equipada com modernas carruagens panorâmicas que proporcionariam uma viagem cómoda e segura, ao mesmo tempo que permitiriam espectaculares visões da paisagem envolvente. A sua exploração seria auto-sustentável com o turismo que atrairia, por isso seria impensável qualquer hipótese de encerramento.
Mas estamos em Portugal. Um país onde interesses duvidosos falam mais alto que o interesse público e a preservação do património. Um país onde muita gente nem sequer conhece o prazer de viajar de comboio, continuando a acreditar que o automóvel é o meio de transporte por excelência. Outra coisa não seria de esperar, pois os sucessivos governos apenas apostam na rodovia, reféns que estão dos lobbies do betão e do asfalto. Incentiva-se assim o uso do automóvel, com o respectivo consumo de combustíveis, grandes fontes de receita de impostos.
Barragens, sim, são necessárias. Mas podem-se fazer noutros locais que envolvam menores prejuízos ambientais, sem destruir sítios únicos e que, bem explorados turisticamente, certamente originariam muito mais riqueza que qualquer infra-estrutura daquele tipo.
A operadora pública ferroviária já por vezes demonstrou não ser capaz de tirar partido das potencialidades turísticas que o nosso país oferece. A linha do Tua é só mais um caso a juntar a tantos outros. A sua decadência iniciou-se a partir do momento em que se decidiu substituir as composições de locomotiva e carruagens, por automotoras, consideradas modernas, mas sem quaisquer condições para o serviço que iriam desempenhar.
As carruagens chamadas "Napolitanas", por terem sido fabricadas em Nápoles, apesar da sua idade, tinham 70 anos, ofereciam 72 lugares sentados e dispunham de WC. Não consta que tivesse havido com elas qualquer acidente durante o tempo que circularam no Tua e nunca faltaram lugares para os passageiros.
As novas automotoras, consideradas modernas, não têm WC, passaram a deixar passageiros em terra por falta de capacidade, pois estão vocacionadas para serviços suburbanos, como no troço Mirandela - Carvalhais do metro ligeiro. Para cúmulo, começaram os acidentes.
Será tal material adequado ao traçado da via e às suas características? Tecnicamente não sabemos. No entanto, o mesmo tipo de material circulante faz serviço nas linhas do Corgo (Régua - Vila Real) e Tâmega (Livração - Amarante), ambas com traçados em parte bem mais sinuosos. Desconhece-se qualquer acidente ocorrido com elas.
O Clube dos Entusiastas do Caminho de Ferro considera que o futuro da linha do Tua passa,não só por uma profunda intervenção infra-estrutural, acompanhada da instalação dos mais rigorosos meios de segurança modernos, tais como videovigilância, detectores de objectos,meios de comunicação eficientes e capazes de abranger todo o trajecto, mas também pela aquisição de material circulante adequado, novo ou em segunda mão, que não deverá variar muito do que é usado nas linhas montanhosas da Suíça, onde traçados tão ou mais acidentados como este, são explorados com êxito e constituem boas fontes de desenvolvimento para as regiões que atravessam.
Estas são as nossas considerações e tomada de posição sobre a Linha do Tua.
Setembro de 2008
A DIRECÇÃO
(nota: recebido por email)
1 comentário:
Estes senhores do cec acordaram agora?
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