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terça-feira, 24 de novembro de 2009

Cachão-Mirandela, à chuva


No dia 21 de Novembro retomei as minhas caminhadas na linha do Tua. Em Agosto participei numa caminhada organizada pela Coagret e em Outubro noutra organizada pela Associação Campo Aberto, mas já tinha saudades de passar algumas horas sozinho na linha.
O dia estava “feio”, ameaçava chover a qualquer momento. Saí de Vila Flor em direcção a Vilarinho das Azenhas. Parei na ponte onde passei alguns minutos na conversa com os pescadores que todos os fins-de-semana a povoam. Um grupo tinha vindo de Valpaços, para pescar no rio Tua. São “clientes” habituais e já nos tínhamos encontrado outras vezes no mesmo local. Levantou-se algum vento, para estragar a pescaria e eu segui (em automóvel), pela estrada, para o Cachão. Fiz algumas paragens para fotografar o Outono mas a luminosidade não estava favorável.

Cheguei à estação do Cachão e não havia maneira de chover! Perto do meio dia e meio iniciei a caminhada pela linha em direcção a Mirandela.
Ainda não tinha percorrido um quilómetro quando senti as primeiras gotas de chuva a refrescarem-me a cara! Estava preparado e decidi continuar. Retirei da mochila uma fina capa de água que me protegeu até chegar à estação de Frechas.

Sem o céu azul, que tanto gosto de fotografar e sem as minúsculas flores selvagens de múltiplas cores, restava-me o colorido das folhas característico do Outono. É no Outono que gosto de percorrer esta zona da Linha, entre a Ribeirinha e Mirandela. A vegetação que ladeia o rio é muito variada, uma autóctone, outra não, mas ganha cores quentes que contrastam com a água e a verdura da erva que rebenta em força despertada pelas chuvas outonais.

Perto de Frechas um grande olival não resistiu e foi arrancado. Os velhos troncos de oliveira poderiam proporcionar-me alguns momentos de inspiração, mas segui em frente. A terra fresca e molhada colar-se-ia em força às minhas botas. No centro do terreno uma enorme oliveira eleva-se no seu tronco erecto. Vá-se lá saber porquê, aquela oliveira não foi afectada pela praga que debilitou todas as outras!

Quando cheguei à estação de Frechas chovia abundantemente. A leve capa de água já não era suficiente. Retirei da mochila um impermeável, calças e casaca, que protegeu dali para a frente. A chuva não me incomodava os movimentos, mas, de cada vez que tentava tirar uma fotografia, a objectiva ficava encharcada.
A ribeira da Carvalha não leva uma gota de água! Ainda me recordo de ver peixes com algum tamanho subirem pela ribeira acima! Está tudo diferente. Desci ao leito seco e fotografei alguns cogumelos.
No túnel de Frechas aproveitei para tirar alguma comida da mochila. Não tinha tempo para comer tranquilamente, por isso, fui mordiscando enquanto caminhava.
O ponto mais importante da minha caminhada estava a chegar. É junto do antigo apeadeiro de Latadas que há maior número de árvores de folha caduca. São choupos bancos, plátanos, mas também amoreiras, marmeleiros e salgueiros, que teimam em continuarem verdes.

Abandonei a Linha e desci junto do rio. Ali perto olhava-me uma garça e ao longe esvoaçavam bandos de corvos marinhos. Acima da represa das Latadas é o paraíso para estas aves. O rio é largo, calmo, com muita vegetação nas duas margens proporcionando um ambiente propício para estas aves.
Entusiasmei-me com o colorido e não reparei no relógio. Retomei a caminhada pela linha pelas três da tarde. Sobrava-me pouco mais de uma hora para percorrer cerca de seis quilómetros. Não me restou outra alternativa senão acelerar o passo e fazer mesmo alguns quilómetros a correr. Não é muito agradável correr à chuva, vestido com um impermeável, com uma mochila às costas, com a máquina fotográfica numa mão e o guarda-chuva noutra, mas cheguei às portas de Mirandela às dezasseis em ponto. Mal tive tempo para fotografar o rio, as pontes, os parques da cidade. Não abrandei o passo até chegar à estação do metro de Mirandela. Foi já no interior da carruagem que despi o impermeável e descobri que estava completamente encharcado, não de água da chuva, mas em suor.

A composição partiu em direcção ao Cachão. Continuava a chover. Ensaiei alguns disparos tentando tirar partido das gotas de chuva no vidro, enquanto recuperava o fôlego. Estava terminada a etapa do dia e o dia também chegava ao fim, escuro, sombrio e chuvoso, mas eu sabia que dentro da máquina fotográfica havia algumas imagens que justificavam todo o esforço.

Com esta caminhada terminei a 5 viagem a pé entre Foz-Tua e Mirandela, iniciada em Março de 2009.
Curiosamente, no dia 22 de Novembro de 2008 fiz o percurso Cachão-Latadas, mas com outras condições atmosféricas.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Rio Tua (5)

Este é o aspecto do Rio Tua que acompanha a Linha desde o Cachão a Mirandela. Um rio mais largo, mais calmo, cheio de ruínas de antigas azenhas. Em muitos locais havia barcas para passagem do rio, nalguns ainda existem, porque há agricultores com terrenos na margem oposta do Rio.
A fotografia central é a montante da aldeia de Frechas, uma bonita vista da Linha, mas também da estrada nacional que passa num ponto ligeiramente mais elevado.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Reportagem Especial: "Fim de Linha"


Caros amigos,
Amanhã, quarta-feira (29JUL09), no Jornal da Noite (SIC), será apresentada a Reportagem Especial: "Fim de Linha", sobre o transporte ferroviário português, de via estreita.
De acordo com a página web da SIC, que indicamos abaixo, nesta reportagem serão ainda comparadas as realidades portuguesa e espanhola; por um lado, o abandono e o desinteresse evidentes nas linhas-férreas portuguesas, e por outro, a modernização, valorização e aproveitamento de todo um património ferroviário no outro lado da fronteira, em Espanha...
O Movimento Cívico pela Linha do Tua, convida todos os interessados a seguirem com atenção esta reportagem e sublinha o facto de nos últimos 20 anos, terem sido encerrados em Portugal cerca de 500 Km de via estreita, nos quais se inclui a Linha do Tua, conforme mencionado no mesmo texto.
Atentamente,
Movimento Cívico pela Linha do Tua
www.linhadotua.net

Fotografia: Linha do Tua, próximo de Frechas.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Nas proximidades de Frechas


Este é um painel de fotografias que tirei já no ano passado. A pequena janela que seria um guiché para venda de bilhetes da estação de Frechas, foi arrancada e tapada com tijolos. Espero brevemente reatar as minhas caminhadas pela linha, pelo menos enquanto a EDP não impedir a circulação.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Estação de Frechas

A estação de Frechas está ao 45º quilómetro. É uma das estações com melhores acessos uma vez que a Estrada Nacional 213 está mesmo nas costas da estação e atravessa a linha a poucos metros. É das poucas estações onde ainda podemos ver "passar os comboios" ou seja o Metro. Estas fotografias foram tiradas no ano passado. Comparando com a actualidade apenas podemos dizer que continua o emparedamento e o abandono. O pequeno guiché exterior foi fechado, bem como as duas portas das casas de banho. Voltamos à idade média, quem tem necessidades vai ao campo. Também não me parece que seja possível encontrar uma torneira com água em toda a extensão da linha!
Frechas é das freguesias que mais partido pode tirar da manutenção da circulação na linha do Tua. É um freguesia com alguma dimensão e com perspectivas de futuro. No entanto, o presidente da junta actual, não é defensor da Linha do Tua, tem outras ambições.

terça-feira, 31 de março de 2009

Dois dia na Linha do Tua, com o apoio de um carro


Os pedidos de informação não param de chegar.

"Já tinha esta ideia à algum tempo, mas nunca encontrei companheiros para ir comigo.
Moro um pouco longe, e hoje comentando este meu interesse para fazer o percurso com alguns amigos, eles mostraram-me muito interessados na ideia, e estamos a planear ir aí no fim de semana (3 dias).
Eu conhecia o teu blogue, e sei que tem essa informação toda, mas cheguei à pouco a casa entusiasmado com a possibilidade de fazer esta viagem em breve, que não estive a re-vê-lo com atenção.
Nós também somos apaixonados pela natureza e fotografia, ...
A minha ideia inicial seria fazer 2 dias de percurso, e tenho a consciência que não farei a linha toda!
Gostava de começar em Foz-Tua e subir para Norte. Penso que a primeira parte será a mais espectacular, com os túneis, viadutos e pontes.
Pensamos no máximo fazer 20km num dia e noutro um pouco menos talvez.
O restante troço ficará para uma próxima oportunidade.
...
Em relação aos transportes, neste momento somos 4 pessoas, e em princípio só levaremos um carro. Se conseguirmos táxis para nos levar nos fins dos percursos para a zona onde deixámos o carro seria óptimo. "


Esta possibilidade está pensada para dois dias, voltando ao fim do dia ao local de partida, onde se deixou o carro. Tudo está pensado para utilizar os táxis/metro da Linha do Tua. O recurso a um táxi que não os do serviço da linha pode encarecer bastante o passeio.

1.ª Etapa / Foz-Tua- Brunheda (21,2 km)
  • Este é o percurso que mais entusiasma os visitantes.
  • A partida é de Foz-Tua deixando aí o automóvel e seguindo a pé.
  • Acho que pelo menos 6 horas de caminho, são suficientes.
  • É importante chagar à Brunheda por volta das 5 da tarde.
  • O regresso de Brunheda a Foz-Tua é feito no Táxi ao serviço da Linha.
  • Chegada a Foz-Tua às 18:02.
A dormida pode ser em vários pontos. Há dormidas em Foz-Tua (278681116); em Alijó, em Carrazeda de Ansiães, Pombal de Ansiães e Vila Flor. A mais próxima da partida da segunda etapa é Vila Flor.

2.ª Etapa / Mirandela - Ribeirinha (20,2 km)
  • Este percurso é numa zona completamente diferente do da primeira etapa.
  • É importante estar na estação da Ribeirinha às 7 da manhã, hora que parte o táxi para o Cachão.
  • No cachão, mudar para o metro (comprar bilhete!);
  • O metro vai chegar a Mirandela às 7:40 da manhã.
  • Voltar à Ribeirinha a pé (21,2 km).
Para a caminhada ficar mais curta, basta avisar o condutor do metro para parar num dos locais intermédios e sair:
  • Cachão - Ribeirinha (8 km)
  • Frechas - Ribeirinha (11,1 km)
  • Latadas - Ribeirinha (14,6 km)
Vamos lá, toca a caminhar...

Maio de 2011
Novos horários aqui

domingo, 29 de março de 2009

A Linha do Tua no Inverno (2)

Hoje o dia não foi muito feliz para os que ainda acreditam que a Linha do Tua se vai manter, permitindo a todos os que queiram poder descobrir esta paisagem maravilhoso. Circula a informação de que a Linha do Tua afinal já não reabre na dada prevista!
Hoje partilho a segunda parte da viagem de Inverno, que mostra o percurso entre Brunheda e Mirandela. Apesar das imagens serem todas da época de Inverno, por vezes sentimo-nos na Primavera. Foram momentos inesquecíveis passados na Linha que também é TUA.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Frechas vista da Linha do Tua

Na minha última passagem por Frechas, à descoberta dos encantos da Linha do Tua, levei comigo uma pequena máquina fotográfica que grava vídeo. Juntei alguns com as fotografias que tirei e fiz este pequeno vídeo. É a visão de Frechas a partir da Linha do Tua. As imagens foram captadas desde as Latadas até próximo do Cachão, mostrando a Linha, o rio, a estação o Túnel de Frechas, a Ponte da Carvalha, etc.
É um pouco do ambiente e da paisagem no mês de Março.

terça-feira, 10 de março de 2009

Mirandela-Cachão, a pé


Dirigi-me para o Cachão quando o sol pintou de vermelho a capelinha no cabeço da Senhora da Assunção. O dia ia estar fantástico, pressenti isso mesmo quanto perscrutei o horizonte lá para os lados da serra do Reboredo ainda antes do sol nascer.
Lá ao fundo do vale, onde o Tua serpenteia, havia várias colunas de fumo espesso. As indústrias têm os seus senãos e a poluição atmosférica é um deles.
No Cachão ainda tive tempo para tomar um café, a automotora ainda não tinha chegado, o que aconteceu poucos minutos depois das sete da manhã. Delineei a etapa como começando em Mirandela, pelo que me desloquei de automotora entre o Cachão e Mirandela, deixando o carro no Cachão.
Depois de chegar o táxi (percurso Ribeirinha-Vilarinho-Cachão), a automotora partiu pachorrentamente para Mirandela. O sol, ainda a medo, pintava de cores quentes as copas das árvores. A viagem não durou nem meia hora. Quando cheguei à estação já o dia estava luminoso e o céu impressionantemente azul.
Gastei alguns minutos deambulando pela estação, não se via vivalma! Comecei a minha caminhada quando fui surpreendido com os reflexos da cidade no rio. Nunca até esse momento tinha compreendido tem bem a expressão “Princesa do Tua”! A luz da manhã, a calma das águas do Tua e o silêncio da cidade, favoreceram o tal clima de intimidade necessário para uma boa fotografia. “Perdi” mais de uma hora, só fotografando o rio!
Sem pressas iniciei a minha caminhada em direcção ao Cachão. Os mais madrugadores aproveitaram a frescura da manhã para alguns trabalhos nas hortas. Podam-se os pessegueiros, plantam-se as batatas, colhem-se os grelos antes que as flores desabrochem no seu amarelo intenso.
A caminhada foi-se fazendo matizada em quatro cores: o amarelo dos grelos e do manto de flores no olival; o azul do céu que se fundia com o das águas do Tua e o verde; verde das oliveiras e das searas. A estas três veio juntar-se o branco imaculado das nuvens que se fundiam aqui para tomarem formas bizarras mais além.
A automotora passou de novo em direcção ao Cachão.
O sol queimava a pele, pouco habituada ao ar livre. Pouco depois do Choupim desci ao rio, coloquei-me no meio do pontão desafiando as águas que passavam agitadas. Só as aves me faziam companhia. Apeteceu-me ficar por ali sentado à sombra a saborear o ar bucólico do lugar, mas voltei à linha.
Pouco depois estava no apeadeiro de Latadas. A minha atenção centrou-se num campo atapetado de margaridas. Rebolei-me no chão procurando o melhor ângulo, até que, satisfeito, recomecei a caminhada. Era quase meio-dia e pouco tinha ainda percorrido.
Para completar a má impressão que já tinha da fábrica de óleos que está implementada nesta zona, bastou olhar para a “água” que a mesma lança para o rio. Será desta água que se pretende fazer uma reserva com a barragem no rio Tua?!
A automotora passou de novo para Mirandela e pouco depois cheguei ao Túnel de Frechas. Perto da ponte da Carvalha foram as amendoeiras em flor que chamaram a minha atenção. Já são poucas as amendoeiras em flor, mas começam já a aparecer floridas as ameixoeiras e os pessegueiros.
À uma da tarde estava na estação de Frechas. Essa era a hora em que previa estar de regresso a casa para o almoço, mas entusiasmei-me de tal forma que estava bastante atrasado. Felizmente carregava na mochila alguns mantimentos, os suficientes para me animar mais alguns quilómetros.
A passo lento, mas sem grandes demoras, fui-me aproximando do Cachão. No rio ainda encontrei bastantes corvos marinhos e garças, mas são tão desconfiados que não permitem a aproximação de forma facilitar alguma fotografia.
Cheguei ao Cachão perto das duas da tarde. A caminhada andou à volta de 12 quilómetros. Foi a quarta vez que fiz este percurso, mas nunca me senti tão entusiasmado como nesta caminhada de Inverno!

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Prevenir é a melhor solução

Foi com satisfação que constatei a existência de grandes obras de manutenção e melhoramento da Linha do Tua no troço entre Frechas e Mirandela, em Julho passado. Depois disso, aconteceu mais um acidente, perto da Brunheda e eu passei a olhar para a via com outros olhos.
Sempre que os autarcas e os políticos se referem ao troço Cachão-Mirandela, concessionado à Metro de Mirandela, fazem-no conscientes da segurança que a via oferece, fruto de todo o capital investido, nomeadamente com substituição das travessas mais deterioradas, colocação de balastro, melhoramento de taludes e do sistema de escoamento.
A leitura do relatório (e dos anexos) do acidente do dia 22 de Agosto onde constam as conclusões a que chegaram os diferentes técnicos, revela deficiências que podem estar na base, não só do último acidente, mas de alguns dos outros que ficaram por explicar. São apontados problemas, alguns na via, que me têm provocado algumas preocupações.
Nos dias 15 e 22 de Novembro fiz, a pé, o percurso entre o Cachão e Mirandela. A par das belezas da paisagem que fui registando (e que já mostrei), também tomei alguma atenção à linha, e, mesmo com os meus limitados conhecimentos sobre o assunto, encontrei indícios evidentes de que há muito para corrigir.
Não me parece correcto que um troço de linha que sofreu obras profundas há apenas dois meses atrás, apresente travessas completamente degradadas, parafusos ferrugentos e até soltos! Parece brincadeira que tenham colocados alguns parafusos completamente tomados pela ferrugem, mais velhos do que aqueles que lá estavam e que os mesmos tenham sido cravados à marretada em vez de aparafusados.
Os carris já não são novos e foram virados há alguns anos atrás. Nalguns lugares apresentam sinais da idade (apesar deste troço ser o mais plano e com curvas menos acentuada de toda a extensão da linha). São visíveis marcas de travagens ou patinagem das rodas que desgastaram o carril num determinado ponto. Não percebo nada de soldadura aluminotérmica, mas nalguns pontos a via apresenta “joelhos” que podem torna-la perigosa. Também são visíveis pontos que evidenciam um deficiente contacto entre o rodado e a via, com deslocação do ponto de contacto ou mesmo com contacto aos solavancos, o que pode significar que a locomotiva passa naquele ponto aos “saltos”.Também as uniões dos carris mostram algumas lacunas. Nestes pontos a colocação das travessas e dos parafusos que fixam os carris, deviam ser objecto de um especial cuidado, coisa que não é notório. As travessas junto da união deveriam estar mais próximas do que o normal ao longo da via. Apesar de estarmos em Novembro, com temperaturas muito baixas, há muitas uniões sem qualquer junta de dilatação! Eu sei que ela varia com a temperatura e com o comprimento do carril, mas não deveria ser de mais de um centímetro nesta época do ano? Há tabelas que relacionam a amplitude térmica do local, com a junta de dilatação necessária, mas este é um exercício que me parece exagerado para quem apenas quer registar as belezas da linha, lutando para que ela possa ser utilizada por pelo menos mais 100 anos.
Mais de que as minhas palavras, as imagens falam por si. Sei que olhos treinados podem “ler” nelas alguns sinais preocupantes. Espero que tudo se faça para tornar a Linha segura, não só até ao Cachão, mas em toda a sua extensão. Que os infelizes acontecimentos a que assistimos no último ano e meio, não se repitam nunca mais.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

O Outono na Linha do Tua

Em Frechas, perto da Ponte da Carvalha, captei o Outono nas folhas de um plátano com o Faro e o Cabeço à distância, despedindo-se da luz do dia. O anoitecer na linha também tem o seu encanto!

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Percurso Cachão - Latadas


No dia 22 voltei à Linha. Fiquei tão fascinado com o percurso que fiz no dia 15 que passei a semana toda a pensar em regressar. O Outono é cheio de contrastes, verifiquei isso mesmo mal cheguei ao Cachão. A vegetação que ladeia o rio já não tinha a mesma coloração da semana anterior. Os choupos perderam todas as folhas, apresentam-se despidos, esperando as geadas do Inverno. Os plátanos e algumas outras árvores de folha caduca apresentam ainda folhas outonais, mas já sem a variedades de tons que gostaria de encontrar. As vinhas em volta de Frechas também já estão despidas, tal como os diospireiros que apenas suportam os tão curioso frutos alaranjados e ácidos.
Cheguei depois de almoço, e tomei um café no Cachão. O sábado estava com um sol desllumbrante mas o ar estava fresco. O percurso que pretendia fazer era curto: Cachão - Latadas, de onde tinha partido a pé na semana anterior. Como não podia contar com a automotora, tinha que contar em fazer o percurso inverso ou à boleia ou a pé.
À saída do Cachão foi onde fiz as melhores fotografias de papoilas na Primavera, mas no Outono esta zona não tem a mesma beleza. Só pelo quilómetro 43º, quando a linha se aproxima mais do rio, me comecei a entusiasmar. Aqui voltei a encontrar aves de rapina e bastantes corvos marinhos.
Pouco depois ouvi o som característico da automotora a aproximar-se! Não conheço os horários mas gostei de sentir vida na linha. Procurei uma posição em segurança e esperei que ela passasse.
A tranquilidade era grande e passei a estação de Frechas sem ver uma única pessoa. Desta vez decidi que desceria ao leito da Ribeira da Carvalha para fotografar a ponte. É impressionante como a ribeira que costuma ter um caudal considerável (lembra-me de aí ter visto muitos peixes) não tem gota de água. A seca que se tem feito sentir nos últimos anos, manifesta-se agora como nunca!
Passei o Túnel de Frechas e encontrei um marmeleiro com marmelos mesmo perto da linha. "Massacrei" um marmelo com o meu flash.
Segue-se depois um zona onde a linha não tem praticamente curvas até chegar ao antigo apeadeiro de Latadas. Aqui foram feitas obras de beneficiação da estrutura de suporte da linha. Infelizmente nem esta zona que foi intervencionada recentemente foge aos problemas que são reportados ao restante da linha, mas deste aspecto falarei noutra altura.
Quando cheguei ao local de destino eram 16 horas. Restava-me muito pouco tempo para fazer o caminho inverso. Arrisquei ir para a estrada tentar uma boleia. Os carros de grande cilindrada passavam a alta velocidade e certamente não gostariam das minhas botas sujas nos seus tapetes. Estabeleci como limite pedir boleia a 12 carros, acho que cheguei aos 15, depois desisti. Regressei à linha e comecei o caminho de regresso ao Cachão.
O sol já bastante baixo, dava um colorido especial às folhas dos olmos na borda do caminho. Mesmo assim, não tive pressa. A noite foi caindo e vi-me com um desafio original, fotografar a linha de noite. À medida que ia experimentando o flash e subindo a sensibilidade ao máximo fui-me entusiasmando tentando tirar o máximo partido do colorido das nuvens ao entardecer. Uma das minhas preocupações era a passagem já de noite, em vários locais onde há cães, mas felizmente correu tudo bem.
Os últimos quilómetros até ao Cachão foram feitos já com noite cerrada. Quem em ao longe visse os disparos do flash na noite escura julgaria que por ali andava algum visitante do espaço!

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Olhar para o futuro

O relatório ao acidente da Linha do Tua ocorrido a 22 de Agosto último atribui as causas do acidente a aspectos que têm a ver com várias entidades. Se a expressão - defeitos grosseiros na via – está a chamar à atenção da comunicação social, não podemos esquecer que são também apontadas como caudas possíveis a desadequação e lacunas na automotora (da EMEF).
Não é apontada como causa do acidente a abertura da vala para instalação dos cabos de fibra óptica, mas pode ter contribuído para o abatimento da linha.
Mais do que apontar o dedo, o relatório deve ser encarado como um documento que pode ser a salvação da Linha do Tua. Chama a atenção para as necessidades da actualização e manutenção da linha bem como para a procura de alternativas no material circulante. Vistas as coisas, e agora que o governo afirmou sem equívocos que a linha é para manter, só há uma alternativa: fazer uma profunda reestruturação da via, ao nível dos carris, travessas (acredito que há algumas com mais de 40 anos) e recuperação de algumas infra-estruturas que foram abandonadas. As pontes e túneis estão em bom estado, mas são necessários mais investimentos ao nível de sustentação de rochas que podem desprender-se para a via. Uma vez que é feita a circulação à vista, este poderá ser um problema a resolver no futuro.

Também ao nível do material circulante é necessário proceder à procura de alternativas. O presidente da Câmara de Mirandela já afirmou não se importar com a supressão das automotoras do metro, desde que o comboio se mantenha na região. Não podemos esquecer que o facto de muitas pessoas irem de pé na automotora, todos voltados para o rio, pode ter contribuído para o acidente.
Não se trata de um momento de “caça às bruxas”, trata-se de um momento crucial para a revitalização da Linha do Tua.

Relatório final (40 MB) em:
http://www.moptc.pt/tempfiles/20081027172256moptc.pdf

Relatório final e todos os anexos em:
http://www.moptc.pt/cs2.asp?idcat=1221#6749

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Apeadeiro de Latadas

O apeadeiro de Latadas, no 48.º quilómetro, entre Frechas e Mirandela, há muito se perdeu no tempo. Só algumas ruinas lembram ainda, que, há muitos anos, ali parava o comboio para deixar e apanhar passageiros. Quando por lá passei, na Primavera, a vegetação quase cobria o que restas das casas. Há um açude e restos de um moinho de água.
É um bom local de acesso ao rio, frequentado por pescadores e banhistas.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Túnel de Frechas na Primavera

Túnel de Frechas, na Primavera. Abril de 2008.
Este túnel tem 72 metros e é em Linha recta. Pouco antes da estação de Frechas a linha separa-se do rio, voltando ao seu encontro logo depois deste túnel. À saída do túnel há uma bonita vista sobre o rio, em direcção a jusante. Por cima deste túnel passa a estrada N213.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Cachão - Mirandela (II)

No dia 29 de Julho voltei à Linha do Tua. O objectivo era completar a segunda volta à linha, desta vez em pleno Verão, para poder comparar com aquela que tinha feito na Primavera.
Cheguei ao Cachão, pouco depois das 10 horas. Desta vez não dependia da passagem da automotora. Andava uma pessoa a arrancar algumas ervas nos passeios da estação e, numa curta conversa, fiquei a saber que o troço entre Frechas e Mirandela se encontrava em obras de melhoramento. A Linha do Tua estava toda assente em terra, mas, a situação foi sendo melhorada ao longo dos últimos tempos. Já tinha reparado que o troço mais envelhecido, era entre Frechas e Mirandela, exactamente aquele que se encontra agora em obras.
Esta informação aguçou a minha curiosidade. Na viagem que aqui fiz a 25 de Abril de 2008, tirei fotografias fantásticas, com as papoilas a invadirem a linha. Dá-me ideia que essas imagens nunca mais se vão repetir.

O quilómetro 42º acompanha a estrada N213. Foi uma zona em que tirei boas fotografias. O aspecto estava completamente diferente. Ladeavam a linha duas faixas de ervas completamente ressequidas, com sementes que se prendiam à roupa, lutando pela sua disseminação. Até o bonito jardim de uma moradia que existe sensivelmente a meio desse quilómetro, estava um pouco mais desleixado do que o habitual. Tinha muitas rosas secas.
Um pouco mais à frente reencontrei um casal de aves de rapina que habita esta zona. Estou em crer que se trata de um casal de milhafres-reais (Milvus milvus). Há outro casal de aves de rapina que nidifica entre a Ribeirinha e o Vilarinho das Azenhas, este deve nidificar aqui. Também, logo a seguir a Latadas, há um troço de rio muito largo, com muita água, onde, penso existir mais um casal residente.
Com o céu sem nuvens, o Faro parecia-me ali perto. Este monte fascina-me! Gosto muito de fotografar a linha com o monte a fazer de fundo. Parece até que estamos numa paisagem do centro ou norte da Europa.

Pouco depois avistei as o Bairro Nossa Senhora de Lurdes, em Frechas. Ao chegar à estação, não pude deixar de reparar nas ruínas em redor. Houve um tempo em que a linha era o principal acesso a estas terras. À volta das estações da linha cresciam comércios, pensões e armazéns, conforme a população que serviam. Por exemplo, o Cachão, era o ponto de entrada para o concelho de Vila Flor. Havia um serviço de autocarro entre Cachão e Vila Flor, mas já antes, esse percurso era feito a cavalo. Com a melhoria das estradas, o comboio foi perdendo importância e as infra-estruturas existentes foram sendo abandonadas. Em Frechas, não era difícil manter as casas de banho da estação operacionais, mas agora estão vandalizadas. Quando retomei a marcha apercebi-me que estava quase na hora de passar a automotora. Já não me dava tempo para chegar ao Túnel, por isso abandonei a linha e decidi esperar por ela à sombra de uns enormes choupos brancos. Passou poucos minutos depois, cheia de passageiros, muitos deles turistas que viajam na Linha do Tua por prazer. Estes são, cada vez mais.
Junto à Ponte da Carvalha, entretive-me a tentar fotografar as borboletas. As flores em volta da linha são poucas, ao contrário das borboletas que abundam, mas são muito ligeiras, voando ao mais pequeno movimento.

Pouco depois atravessei o Túnel de Frechas e a vista alargou-se de novo para o rio. A beleza deste vale está neste namoro constante, entre a linha e o rio que raramente se separam. Seguem o mesmo curso, traçam as mesmas curvas, rasgam as mesmas fragas, enfrentam as mesmas ameaças.
Entrei no troço em obras. Está a ser feita uma grande obra: construção de muros de sustentação, aquedutos de escoamento de águas; colocação de gravilha; substituição das travessas; nova soldadura dos carris. Estes são os melhoramentos que uns olhos não treinados vêem. Na zona em obras, é muito complicado andar pela linha. A gravilha cobre mesmo as travessas. Além de ser doloroso estar sempre a caminhar sobre este tipo de piso, é também perigoso. O facto de o pé não apoiar bem, aumenta o risco de entorses. São necessárias umas boas botas.
A zona das Latadas está completamente diferente. Há pouca água, mas as árvores, exuberantes, continuam a dar bastante beleza ao local.
Pouco antes de chegar à Quinta do Choupim, há uma zona plana, com pastos, que me deu grande gozo fotografar na Primavera. Como seria de esperar, agora estava tudo seco. Estava nessa zona quando passou uma nova automotora em direcção a Mirandela.
Era 1:50 da tarde e tinha quatro quilómetros para percorrer. Consultei os horários. Só tinha transporte de Mirandela para o Cachão às 16:14, por isso não tinha necessidade de me apressar.

Dois quilómetros antes de chegar a estação de Mirandela, encontrei o local onde decorriam as obras de substituição das travessas mais velhas. O trabalho é feito durante a noite, uma vez que é necessário arrancar os carris, por isso, não se via ninguém a trabalhar.
Cheguei junto da Ponte Europa. O ambiente era de festa. Do outro lado do rio via-se e adivinhava-se, grande animação, mas ainda contida, dado o calor da tarde.
Demorei bastante tempo a percorrer o último quilómetro. Parava a cada instante, espreitava o rio através do jardim. Sentei-me na relva, retirei as sapatinhas e a maior parte das sementes que levava presas às meias.
Às três e meia da tarde, atravessei todo o Parque do Império e parte da Ponte Românica para tirar algumas fotografias e comprar água fresca. Neste percurso não tive problemas com a água. As três garrafas pequenas que levei, chegaram-me até Mirandela. Apesar do sol, circulou sempre algum ar fresco e não transpirei muito, talvez também pelo facto da linha se encontrar mais próxima da frescura do rio, coisa que não acontece nos troços do início da linha.

À hora da partida da automotora, já estava na estação. Estava completamente lotada, também não me importei, viajo sempre de pé. Muitas das pessoas eram turistas. Alguns vão de carro até ao Tua, fazem o percurso ascendente, almoçam em Mirandela e voltam ao Tua pela tarde.
Com a aproximação do Verão, as automotoras circulam sempre cheias. A linha tornou-se uma atracção turística, mais pela polémica, do que pela promoção que as autarquias fazem. Antes pelo contrário, algumas autarquias, escondem o Rio e a Linha do Tua, com receio que as suas ideias mercantilistas sejam postas à prova, contrariando a ideia de que a linha não é utilizada.
Regressei ao Cachão na automotora. Completei com este percurso, duas voltas à linha, entre Foz-Tua e Mirandela. Talvez quando chegar o mês de Outubro me anime a percorrê-la de novo, em busca das cores do Outono. Até lá, vou-me deliciando com centenas e centenas de fotografias e as recordações de passeios inesquecíveis.