No dia 23 de março a concentração aconteceu em Brunheda. Muitos automóveis foram deixados em Fiolhal, final da caminhada, e os seus ocupantes transportados para Brunheda pelo autocarro da Câmara de Carrazeda de Ansiães, que colaborou no evento.
Juntaram-se os participantes do dia anterior e muitos mais que chegaram de manhã bem cedo. Curiosamente o grupo era bastante jovem, com muitos casais ou grupos de vários jovens, animados para conhecerem a Linha do Tua. A minha convicção é a de que o Geocaching era apenas uma desculpa, pretendiam mesmo conhecer esta Linha, única, ameaçada de desaparecimento.
Houve um compasso de espera em Brunheda no sentido de juntar o grupo, mas pequenos grupos foram começando a descer a Linha, cada um mantendo a sua própria velocidade. Mesmo assim consegui contar mais de 130 pessoas, que partiram perto das 10 da manhã.
Embora o grupo fosse grande, rapidamente se dispersou e acabei a caminhar praticamente sozinho. Não havia mal nenhum nisso, eu até prefiro caminhar sozinho quando quero fotografar, mas as condições atmosféricas também não eram as melhores. Por várias vezes a chuva apareceu e houve sempre alguma neblina.
Embora a justificação da caminhada fosse procurar e encontrar caches seria impensável mais de uma centena de pessoas procurarem o mesmo. Alguns mais animados faziam o trabalho, mas todos tinham o proveito, ou seja, poderiam registar as caches como encontradas. Há perto de 20 caixinhas escondidas, só entre Brunheda e Foz-Tua mas em toda a extensão da Linha do Tua há muito mais.
Ao longo da caminhada muita gente passou por mim. Não tinha pressa e sabia que a parte final da caminhada, a subida para Fiolhal ia ser dura e muitos dos que seguiam à minha frente ficariam para trás.
Fomos passando as estações e apeadeiros um a um: Tralhão, S. Lourenço, Santa Luzia e Castanheiro. Foi neste local que decidimos fazer uma pausa para retemperar energias para o resto da caminhada. Não se chegou a juntar um grande grupo, quando uns chegavam, outros já estavam de partida. A refeição era ligeira e a distancia a percorrer era considerável.
Uma das coisas que desaponta as pessoas que fazem esta caminhada na linha pela primeira vez é a necessidade de se ter que olhar constantemente para as travessas, escolhendo o lugar para pousar o pé. Principalmente quando as travessas estão molhadas o risco de escorregar é muito. Acaba por ser cansativo ajustar o passo à distancia entre travessas, que é muito curta, e não poder admirar a paisagem como gostariam.
Tirando poucas e curtas excepções, o melhor lugar para caminhar é o centro da linha. Caminhar sobre a gravilha seria ainda mais cansativo. Procurar um espaço paralelo à linha só é possível de onde em onde e, mesmo assim, com perigo acrescido devido aos precipícios. Por isso é impossível fazer este percurso em BTT.
Nos últimos quilómetros tive a companhia dos amigos do grupo GeoRibatejo, animados, como sempre.
Ao quilómetro três é preciso deixar a Linha e empreender uma subida íngreme até Fiolhal.
Tal como previa a dificuldade foi muita para alguns elementos do grupo. Após uma caminhada de 20 km não é fácil enfrentar tamanho desnível. As obras da barragem são bem visíveis, bem como a destruição causada a montante do paredão.
Aos poucos foram chegando todos ao centro da aldeia de Fiolhal. Todos nós tínhamos um bilhete que tivemos que colar no livro do Evento.
Enquanto assinávamos esse livro ainda houve tempo para troca de códigos de Geocoins, TravelBugs e outras brincadeiras típicas dos praticantes dos Geocaching. Foi curioso verificar que existem em bonecos, mochilas, automóveis e até alguns tatuados no próprio corpo!
Este conjunto de dois dias a caminhar na Linha trouxe à região algumas centenas de pessoas durante dois dias. As condições atmosféricas não foram as melhores o que estragou um pouco a festa, na noite de 22 para 23 de março, mas os visitantes ficaram com boa impressão e certamente voltarão. Os praticantes deste desporto (Geocaching) gostam de desafios e foi isso que lhe foi proporcionado.
Mais uma vez tudo isto se ficou a dever essencialmente ao esforço de uma pessoa, Jorge Pinto, a residente em Mirandela, mas um profundo conhecedor da região. Para ele o meu muito obrigado. Já mostrou a Linha do Tua e o Vale do Tua a várias centenas de pessoas.
Ver também
a[LINHA]s?!? Também é TUA! Take II & Last! 1/2 (21 de Março de 2015)
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domingo, 15 de novembro de 2015
domingo, 22 de setembro de 2013
Vale do Tua visto do ar (2/5)
Este é o segundo conjunto de imagens cedidas por Alberto Areso que retratam o vale do tua feitas a partir de um helicóptero em 2005.
Tentei identificar a localização de cada fotografia através de alguns elementos retratados. Nalgumas não há dúvidas, noutras as certezas não são absolutas.
Este conjunto mostra o rio Tua e a Linha do Tua entre Castanheiro e Santa Luzia, ou seja entre o 8.º e 13.º quilómetro.
A primeira fotografia (a contar de cima) foi tirada junto ao apeadeiro de Castanheiro. A segunda fotografia foi tirada muito próxima da primeira.
A terceira fotografia mostra a ponte de Paradela aos 11,3 kms. A Ribeira do Barrabaz desagua no Tua, depois de recolher água numa bacia não muito grande mas que começa junto a Pinhal do Norte e passa junto a Pombal e Paradela.
A quarta fotografia permite uma identificação sem qualquer dúvida uma vez que é visível ao longe a Quinta do Barrabaz, pertencente à freguesia de Pombal. A aldeia de Amieiro, situada na outra margem do rio mesmo em frente à quinta não é visível porque está por detrás do monte do lado esquerdo da fotografia.
Na quinta e última fotografia são visíveis no canto superior direito algumas casas da Quinta do Barrabaz e, na outra margem, algumas casas pertencentes a Amieiro, no concelho de Alijó.
A fotografia foi tirada de cima, não permitindo ter uma ideia da espetacularidade deste troço do rio. Quando tem um certo caudal, as águas neste troço são muito agitadas proporcionando um espetáculo digno de ser admirado.
Outras fotografias deste conjunto:
Vale do Tua visto do ar (1/5)
Tentei identificar a localização de cada fotografia através de alguns elementos retratados. Nalgumas não há dúvidas, noutras as certezas não são absolutas.
Este conjunto mostra o rio Tua e a Linha do Tua entre Castanheiro e Santa Luzia, ou seja entre o 8.º e 13.º quilómetro.
A primeira fotografia (a contar de cima) foi tirada junto ao apeadeiro de Castanheiro. A segunda fotografia foi tirada muito próxima da primeira.
A terceira fotografia mostra a ponte de Paradela aos 11,3 kms. A Ribeira do Barrabaz desagua no Tua, depois de recolher água numa bacia não muito grande mas que começa junto a Pinhal do Norte e passa junto a Pombal e Paradela.
A quarta fotografia permite uma identificação sem qualquer dúvida uma vez que é visível ao longe a Quinta do Barrabaz, pertencente à freguesia de Pombal. A aldeia de Amieiro, situada na outra margem do rio mesmo em frente à quinta não é visível porque está por detrás do monte do lado esquerdo da fotografia.
Na quinta e última fotografia são visíveis no canto superior direito algumas casas da Quinta do Barrabaz e, na outra margem, algumas casas pertencentes a Amieiro, no concelho de Alijó.
A fotografia foi tirada de cima, não permitindo ter uma ideia da espetacularidade deste troço do rio. Quando tem um certo caudal, as águas neste troço são muito agitadas proporcionando um espetáculo digno de ser admirado.
Outras fotografias deste conjunto:
Vale do Tua visto do ar (1/5)
sábado, 21 de setembro de 2013
Rio Tua
Já não sei precisar o lugar exato da fotografia, mas creio ser entre Castanheiro e a ponte de Paradela. A fotografia foi tirada de montante para jusante do rio talvez pelo 10º quilómetro da linha.
terça-feira, 12 de junho de 2012
Vale do Tua visto do ar (1/5)
Nos próximos dias irei publicar um conjunto de fotografias de Alberto Aroso, realizadas numa viagem de helicóptero, em 2005, percorrendo o vale do Tua a Mirandela. O autor autorizou a publicação das fotografias no Blogue, o que me deixou bastante satisfeito. Esta é uma visão do vale pouco fotografada, quer por mim quer pelos restantes entusiasta da Linha, do Rio e do Vale que o têm percorrido nos últimos tempos.
Pelo aspeto da paisagem e pelo caudal do rio, as imagens devem ter sido obtidas em pleno Verão.
Na primeira fotografia vê-se S. Mamede de Riba Tua no alto da encosta. O troço da linha que se avista é anterior à apeadeiro de Tralhariz, conseguindo distinguir-se a entrada do túnel da Alvela ou de Tralhariz. O apeadeiro está escondido numa curva.
Na segunda fotografia nota-se a entrada zona mais difícil de abertura da linha, local onde existem dois túneis e um viaduto(Quilómetro 5º). Não chega a ver-se o 1.º túnel, das Fragas Más I.
A terceira fotografia foi tirada ao ao quilómetro 7, apanhando a zona do Apeadeiro do Castanheiro. A construção não é visível porque está completamente encaixada na encosta mas. No rio há uma pequena praia de areia branca muito procurada por banhistas e pescadores. Também existiram algumas azenhas neste local,
A quarta fotografia penso que é a pequena distância da anterior. Na zona inferior vê-se a pequena praia de que falei.
Pelo aspeto da paisagem e pelo caudal do rio, as imagens devem ter sido obtidas em pleno Verão.
Na primeira fotografia vê-se S. Mamede de Riba Tua no alto da encosta. O troço da linha que se avista é anterior à apeadeiro de Tralhariz, conseguindo distinguir-se a entrada do túnel da Alvela ou de Tralhariz. O apeadeiro está escondido numa curva.
Na segunda fotografia nota-se a entrada zona mais difícil de abertura da linha, local onde existem dois túneis e um viaduto(Quilómetro 5º). Não chega a ver-se o 1.º túnel, das Fragas Más I.
A terceira fotografia foi tirada ao ao quilómetro 7, apanhando a zona do Apeadeiro do Castanheiro. A construção não é visível porque está completamente encaixada na encosta mas. No rio há uma pequena praia de areia branca muito procurada por banhistas e pescadores. Também existiram algumas azenhas neste local,
A quarta fotografia penso que é a pequena distância da anterior. Na zona inferior vê-se a pequena praia de que falei.
quinta-feira, 5 de janeiro de 2012
A estratégia do muro pintado ou a lápide do Tua vai ser linda
De repente, os cérebros iluminados dos responsáveis pelo crime do Vale do Tua, engendraram uma estratégia para desviar a atenção dos cidadãos da delapidação patrimonial inconcebível que se chama: “o alagamento do Vale do Tua”: concentrar as atenções no paredão com cerca de 100 metros de altura, que é o corpo visível mais relevante da barragem.
Então, e segundo eles, é assim:
O que vai afetar a paisagem é o tal paredão, pelo que há que resolver o assunto de forma integrá-lo na dita paisagem. Porque o problema é o paredão, esmagador e pesado.
E nesta estratégia, o primeiro a alinhar foi o Secretário de Estado Francisco José Viegas que, publicamente, até disse que o melhor talvez fosse pintar o muro de verde.
O assunto deu que falar e toda a gente comentou a genial solução do responsável cultural do país. Logo de seguida a EDP não o faz por menos, e anuncia a contratação do laureado arquiteto Souto Moura, para fazer o projeto de integração paisagística do muro. O assunto volta outra vez a ser falado e vivamente discutido. E, para não se perder o balanço, a EDP anuncia que a obra de Souto Moura vai ser um ex-libris do Douro.
E toda a gente discute o muro. Segundo eles, o muro é que é o problema. Mas vai ser resolvido.
Mas só é enganado quem quer. É que problema não é o muro da barragem. O muro é o menos. Fosse o muro o nosso problema!
Texto da autoria de Francisco Gouveia, Eng.º, publicado em Notícias do Douro.
Então, e segundo eles, é assim:
O que vai afetar a paisagem é o tal paredão, pelo que há que resolver o assunto de forma integrá-lo na dita paisagem. Porque o problema é o paredão, esmagador e pesado.
E nesta estratégia, o primeiro a alinhar foi o Secretário de Estado Francisco José Viegas que, publicamente, até disse que o melhor talvez fosse pintar o muro de verde.
O assunto deu que falar e toda a gente comentou a genial solução do responsável cultural do país. Logo de seguida a EDP não o faz por menos, e anuncia a contratação do laureado arquiteto Souto Moura, para fazer o projeto de integração paisagística do muro. O assunto volta outra vez a ser falado e vivamente discutido. E, para não se perder o balanço, a EDP anuncia que a obra de Souto Moura vai ser um ex-libris do Douro.
E toda a gente discute o muro. Segundo eles, o muro é que é o problema. Mas vai ser resolvido.
Mas só é enganado quem quer. É que problema não é o muro da barragem. O muro é o menos. Fosse o muro o nosso problema!
Continuar a ler aqui
Texto da autoria de Francisco Gouveia, Eng.º, publicado em Notícias do Douro.
quarta-feira, 6 de abril de 2011
Abraço ao Tua - Uma Linha, um destino
No dia 27 de Março estive em Foz-Tua para participar na iniciativa Abraço ao Tua. Num momento em que a economia domina todas as notícias e está na base das preocupações de todas as pessoas, um grupo de movimentos uniu-se para mostrarem que a defesa da Linha do Tua e do rio Tua não está esquecida. A iniciativa foi organizada pelo Movimento de Cidadãos em Defesa da Linha do Tua, a Associação dos Amigos do Vale do Rio Tua, a associação Campo Aberto, a associação GAIA, a COAGRET, o Movimento Cívico pela Linha do Tua e a associação ambientalista Quercus.
Além da crise, causaram também alguns constrangimentos, a mudança da hora, o estado do tempo, bastante instável, e a greve dos comboios que dificultou as deslocações de quem pretendia participar na iniciativa e pretendia deslocar-se para o Tua usando o caminho-de-ferro.
Fui dos primeiros a chegar ao Tua e fiquei bastante satisfeito quando se começou a juntar um bom grupo de pessoas, vindos dos lugares mais díspares do país. Quando entrámos para o autocarro que nos levaria a Castanheiro do Norte onde se iniciaria a caminha que integrava o programa, este ficou rapidamente cheio e foi necessário fazer uma segunda viagem.
Já há algum tempo de ansiava fazer o caminho entre o Castanheiro e a Linha do Tua a pé e foi bastante agradável faze-lo na companhia de mais de 70 pessoas das mais variadas idades e proveniências. Alguns dos rostos eram meus conhecidos, ou do concelho de Carrazeda de Ansiães ou de outros eventos em torno da Linha e do Vale do Tua. Dividi o tempo entre algumas conversas e arranques rápidos para tomar posição e tirar algumas fotografias ao grupo a caminhar na linha, coisa que raramente posso fazer quando faço caminhadas sozinho.
A descida até à estação do Castanheiro foi rápida. A inclinação é muita e todas caminhavam com bastante energia. Já se encontravam muitas espécies vegetais em flor e não faltavam motivos de interesse, aos mais curiosos. Depois de chegados à Linha, pensou-se em tirarmos uma fotografia de grupo. Foi necessário esperar bastante e os que já estavam na estação foram dispersando e aproveitaram para comerem alguma coisa.
A caminhada ao longo da linha iniciou-se já depois do meio-dia. Mesmo com o céu escuro que, de tempos a tempos, despejava algumas gotas de água sobre os caminhantes, a paisagem estava verdejante, salpicada de flores amarelas e rochas, com o rio azul com um caudal considerável.
Cada um ao seu ritmo, foi percorrendo o perto de 8 km que separam a estação do Castanheiro da foz do Tua. O grupo não voltou a juntar-se. Pensava eu que seria feita uma pausa para o almoço volante, algures perto da estação de Tralhariz, mas, para não se desperdiçar o tempo, o almoço teria lugar já no final da caminhada.
A zona dos túneis das Fragas Más e do viaduto despertam sempre muita admiração a quem aí passa pela primeira vez. Uma coisa é ouvir falar, ver um filme ou algumas fotografias, outra é percorrer a pé, passo a passo esta linha centenária rasgada a muito custo no granito puro e duro. Percorrer locais assim é uma terapia, para o corpo, e para a alma, porque a grandiosidade da natureza faz-nos sentir pequenos.
O vale é estreito e profundo, agreste e despovoado. Talvez por isso seja fácil “fácil” fazer aqui uma barragem. Mas, também aqui, as rochas e a linha não sabem nadar. Este é uma local para admirar, não para afogar. A prova de que locais assim atraem fomo-la tendo ao longo da caminhada, cruzando-nos com numerosos grupos que percorriam a linha em sentido contrário ao nosso. Mesmo nas condições mais adversas, as pessoas vêm Tua, percorrem quilómetros a pé, porque encontram aqui uma paisagem única, uma das maravilhas de Portugal.
Há cerca de um ano que não fazia este percurso da linha. Não são notórias quaisquer obras desde essa altura. Não esbarrei na tal pedra aqui colocada pelo chefe do governo. Além dos cerca de 3 quilómetros onde os carris foram arrancados e do estradão ilegalmente rasgado pela EDP, não são evidentes, felizmente, grandes alterações na garganta do rio.
Cheguei ao Tua, na companhia da minha esposa, que pela primeira vez me acompanhou numa caminhada ao longo da Linha do Tua, às 14 horas e 30 minutos. Descemos para junto do rio, junto da ponte rodoviária, e aí abrimos o nosso farnel para o almoço. Outros grupos juntaram-se a nós.
Às 15h30m começaram a juntar-se as pessoas sobre a ponte para o simbólico Abraço ao Tua. Chegaram mais pessoas, que não participaram na caminhada, vindas das aldeias afetadas pelo encerramento da Linha, como Brunheda e Codeçais. Do poder autárquico não vi ninguém. Está mais que sabido só podemos contar com os nossos representantes para dividirem entre si o bolo de uma tal Agência para o Desenvolvimento do Tua. É pena que alguns presidentes de câmara, no poder há décadas, apenas se lembrem do vale do Tua e da Linha do Tua quando veem acenar alguns milhões. Que fizeram até aqui? Quantas vezes se bateram junto do poder central para contrariar o crescente abandono a que a linha foi deixada? Ainda não há milhões, mas já há desacordo, e nos bastidores tomam-se posições para calar as vozes mais incómodas, ou que fazem mais ruído (ficamos agora nós sem saber com que intenção). Se já nos cai a cara de vergonha com a política nacional que arrasta o país para um futuro incerto, melhor não estamos com os que nos estão mais próximos, que não ouvem as populações que os elegeram.
A marcar uma posição política no local estive o Bloco de Esquerda, mas também o partido ecologista Os Verdes” estiveram solidários com a iniciativa.
Os meios de comunicação social no local foram escassos, com a presença da RTP e de alguns órgãos de comunicação social regionais do Porto e Vila Real, que eu me tenha apercebido.
As pessoas que uniam sobre a ponte rodoviária as duas margens do rio, deram as mãos e gritaram vivas à Linha e ao rio Tua, ao mesmo tempo que um grupo de jovens animava o ambiente com instrumentos de percussão.
Após esse Abraço simbólico ao rio, as pessoas interessadas reuniram-se em assembleia popular junto à margem do rio para debaterem o problema. Houve também tempo para algumas demonstrações de desportos aquáticos.
Regressei a casa com a convicção de que ainda é possível parar este crime. Não é só o Vale do Tua que está em risco, o Douro Vinhateiro, Património Mundial e destino crescente de muitos turistas, também está ameaçado. Em vez da barragem, que apenas serve os interesses de uma empresa, o rio, e a linha do Tua, podem ser fatores de desenvolvimento, porta de entrada de turistas vindos de Espanha, canal de circulação de pessoas e bens que não é afetado pela geada ou neve. Há bons exemplos de explorações de linhas de montanha por toda a Europa, porque é que temos que seguir os maus?
Além da crise, causaram também alguns constrangimentos, a mudança da hora, o estado do tempo, bastante instável, e a greve dos comboios que dificultou as deslocações de quem pretendia participar na iniciativa e pretendia deslocar-se para o Tua usando o caminho-de-ferro.
Fui dos primeiros a chegar ao Tua e fiquei bastante satisfeito quando se começou a juntar um bom grupo de pessoas, vindos dos lugares mais díspares do país. Quando entrámos para o autocarro que nos levaria a Castanheiro do Norte onde se iniciaria a caminha que integrava o programa, este ficou rapidamente cheio e foi necessário fazer uma segunda viagem.
Já há algum tempo de ansiava fazer o caminho entre o Castanheiro e a Linha do Tua a pé e foi bastante agradável faze-lo na companhia de mais de 70 pessoas das mais variadas idades e proveniências. Alguns dos rostos eram meus conhecidos, ou do concelho de Carrazeda de Ansiães ou de outros eventos em torno da Linha e do Vale do Tua. Dividi o tempo entre algumas conversas e arranques rápidos para tomar posição e tirar algumas fotografias ao grupo a caminhar na linha, coisa que raramente posso fazer quando faço caminhadas sozinho.
A descida até à estação do Castanheiro foi rápida. A inclinação é muita e todas caminhavam com bastante energia. Já se encontravam muitas espécies vegetais em flor e não faltavam motivos de interesse, aos mais curiosos. Depois de chegados à Linha, pensou-se em tirarmos uma fotografia de grupo. Foi necessário esperar bastante e os que já estavam na estação foram dispersando e aproveitaram para comerem alguma coisa.
A caminhada ao longo da linha iniciou-se já depois do meio-dia. Mesmo com o céu escuro que, de tempos a tempos, despejava algumas gotas de água sobre os caminhantes, a paisagem estava verdejante, salpicada de flores amarelas e rochas, com o rio azul com um caudal considerável.
Cada um ao seu ritmo, foi percorrendo o perto de 8 km que separam a estação do Castanheiro da foz do Tua. O grupo não voltou a juntar-se. Pensava eu que seria feita uma pausa para o almoço volante, algures perto da estação de Tralhariz, mas, para não se desperdiçar o tempo, o almoço teria lugar já no final da caminhada.
A zona dos túneis das Fragas Más e do viaduto despertam sempre muita admiração a quem aí passa pela primeira vez. Uma coisa é ouvir falar, ver um filme ou algumas fotografias, outra é percorrer a pé, passo a passo esta linha centenária rasgada a muito custo no granito puro e duro. Percorrer locais assim é uma terapia, para o corpo, e para a alma, porque a grandiosidade da natureza faz-nos sentir pequenos.
O vale é estreito e profundo, agreste e despovoado. Talvez por isso seja fácil “fácil” fazer aqui uma barragem. Mas, também aqui, as rochas e a linha não sabem nadar. Este é uma local para admirar, não para afogar. A prova de que locais assim atraem fomo-la tendo ao longo da caminhada, cruzando-nos com numerosos grupos que percorriam a linha em sentido contrário ao nosso. Mesmo nas condições mais adversas, as pessoas vêm Tua, percorrem quilómetros a pé, porque encontram aqui uma paisagem única, uma das maravilhas de Portugal.
Há cerca de um ano que não fazia este percurso da linha. Não são notórias quaisquer obras desde essa altura. Não esbarrei na tal pedra aqui colocada pelo chefe do governo. Além dos cerca de 3 quilómetros onde os carris foram arrancados e do estradão ilegalmente rasgado pela EDP, não são evidentes, felizmente, grandes alterações na garganta do rio.
Cheguei ao Tua, na companhia da minha esposa, que pela primeira vez me acompanhou numa caminhada ao longo da Linha do Tua, às 14 horas e 30 minutos. Descemos para junto do rio, junto da ponte rodoviária, e aí abrimos o nosso farnel para o almoço. Outros grupos juntaram-se a nós.
Às 15h30m começaram a juntar-se as pessoas sobre a ponte para o simbólico Abraço ao Tua. Chegaram mais pessoas, que não participaram na caminhada, vindas das aldeias afetadas pelo encerramento da Linha, como Brunheda e Codeçais. Do poder autárquico não vi ninguém. Está mais que sabido só podemos contar com os nossos representantes para dividirem entre si o bolo de uma tal Agência para o Desenvolvimento do Tua. É pena que alguns presidentes de câmara, no poder há décadas, apenas se lembrem do vale do Tua e da Linha do Tua quando veem acenar alguns milhões. Que fizeram até aqui? Quantas vezes se bateram junto do poder central para contrariar o crescente abandono a que a linha foi deixada? Ainda não há milhões, mas já há desacordo, e nos bastidores tomam-se posições para calar as vozes mais incómodas, ou que fazem mais ruído (ficamos agora nós sem saber com que intenção). Se já nos cai a cara de vergonha com a política nacional que arrasta o país para um futuro incerto, melhor não estamos com os que nos estão mais próximos, que não ouvem as populações que os elegeram.
A marcar uma posição política no local estive o Bloco de Esquerda, mas também o partido ecologista Os Verdes” estiveram solidários com a iniciativa.
Os meios de comunicação social no local foram escassos, com a presença da RTP e de alguns órgãos de comunicação social regionais do Porto e Vila Real, que eu me tenha apercebido.
As pessoas que uniam sobre a ponte rodoviária as duas margens do rio, deram as mãos e gritaram vivas à Linha e ao rio Tua, ao mesmo tempo que um grupo de jovens animava o ambiente com instrumentos de percussão.
Após esse Abraço simbólico ao rio, as pessoas interessadas reuniram-se em assembleia popular junto à margem do rio para debaterem o problema. Houve também tempo para algumas demonstrações de desportos aquáticos.
Regressei a casa com a convicção de que ainda é possível parar este crime. Não é só o Vale do Tua que está em risco, o Douro Vinhateiro, Património Mundial e destino crescente de muitos turistas, também está ameaçado. Em vez da barragem, que apenas serve os interesses de uma empresa, o rio, e a linha do Tua, podem ser fatores de desenvolvimento, porta de entrada de turistas vindos de Espanha, canal de circulação de pessoas e bens que não é afetado pela geada ou neve. Há bons exemplos de explorações de linhas de montanha por toda a Europa, porque é que temos que seguir os maus?
domingo, 27 de março de 2011
Abraço ao TUA (1)
Cheguei há pouco de Foz-Tua depois de ter participado na iniciativa Abraço ao Tua. Aqui deixo as primeiras fotografias que ilustram bem o excelente dia passado numa paisagem deslumbrante e em muito boa companhia.
A primeira fotografia mostra o entusiasmo ao avistar o vale do Tua, ainda na aldeia do Castanheiro do Norte.
Estes são os primeiros passos da caminhada ao longo da linha, junto à estação de Castanheiro.
Alguma chuva, vento, nuvens bastantes, não foram suficientes para desmoralizar o grupo de participantes.
Este é um dos meus pontos preferidos, uma visão alargada do rio e da linha. Pouco depois do Túnel das Fragas Más.
"Abraço ao TUA" sobre a ponte rodoviária em Foz-Tua.
A primeira fotografia mostra o entusiasmo ao avistar o vale do Tua, ainda na aldeia do Castanheiro do Norte.
Estes são os primeiros passos da caminhada ao longo da linha, junto à estação de Castanheiro.
Alguma chuva, vento, nuvens bastantes, não foram suficientes para desmoralizar o grupo de participantes.
Este é um dos meus pontos preferidos, uma visão alargada do rio e da linha. Pouco depois do Túnel das Fragas Más.
"Abraço ao TUA" sobre a ponte rodoviária em Foz-Tua.
quinta-feira, 24 de março de 2011
Vamos abraçar o Tua
Já fiz a minha inscrição na iniciativa Abraço ao Tua que vai decorrer durante domingo, 27 de março.
Além da caminhada pela Linha do Tua, numa paisagem magnífica e única, anima-me a a ideia de que vou contar com a companhia de mais de uma centena de pessoas vindas dos mais dispares pontos do país e possivelmente do estrangeiro.
Não penso na iniciativa como um adeus, mas sim como mais uma mostra de que há muitas pessoas que continuam empenhadas em defender este património natural, histórico e cultural como importante e a preservar.
Encontramo-nos em Foz-Tua, dia 27.
Fotografia : Miguel Faria em um grupo de amigos, a poucos metros da estação de Castanheiro, dia 8 de Maio de 2010.
Viagem de comboio desde o Porto
O preço do bilhete é 9.7€ para cada lado.
Horários de comboio do Porto para Tua:
Porto São Bento ------- Porto Campanha ------- Tua ------- Duração
07h15 -------------- 07h20 -------------- 09h56 -------------- 2h31 (para quem quiser participar na caminhada!)
09h15 -------------- 09h20 -------------- 11h57 -------------- 2h37 (ainda chega à tempo de participar no Abraço)
Regresso para Porto
Tua --------- Porto Campanha ---------Duração
16h15 --------- 18h50 ------------------ 2h35
18h15 --------- 20h49 ------------------ 2h34
Descontos da CP para o bilhete de ida e volta:
- 17,5€ (com desconto ida e volta);
- 15,5€ (com desconto Cartao Jovem);
- 16,5€ (desconto de grupo) – se existirem grupos de 10 ou mais pessoas, podem reservar o bilhete no site da CP e depois levantá-los e pagá-los na estação:
http://www.cp.pt/cp/displayPage.do?vgnextoid=5776102f31a84010VgnVCM1000007b01a8c0RCRD
Mais informações: www.cp.pt, 808208208
Viagem de autocarro da Rodonorte
Não existem autocarros no domingo de manhã.
Apenas existe um autocarro para regressar domingo de tarde.
O preço do Tua para Porto é 9.80 €, e para Lisboa é 18.60 €.
Tua ----- Porto ----- Lisboa
17h55 ----- 20h30 ----- 25h15
Mais informações em Rodonorte.pt
Viagem de carro do Porto para Tua
Pode consultar um percurso possível aqui
Distância: 150km, duração prevista: 2 horas.
Mais informação sobre a iniciativa: Campo Aberto
Além da caminhada pela Linha do Tua, numa paisagem magnífica e única, anima-me a a ideia de que vou contar com a companhia de mais de uma centena de pessoas vindas dos mais dispares pontos do país e possivelmente do estrangeiro.
Não penso na iniciativa como um adeus, mas sim como mais uma mostra de que há muitas pessoas que continuam empenhadas em defender este património natural, histórico e cultural como importante e a preservar.
Encontramo-nos em Foz-Tua, dia 27.
Fotografia : Miguel Faria em um grupo de amigos, a poucos metros da estação de Castanheiro, dia 8 de Maio de 2010.
Viagem de comboio desde o Porto
O preço do bilhete é 9.7€ para cada lado.
Horários de comboio do Porto para Tua:
Porto São Bento ------- Porto Campanha ------- Tua ------- Duração
07h15 -------------- 07h20 -------------- 09h56 -------------- 2h31 (para quem quiser participar na caminhada!)
09h15 -------------- 09h20 -------------- 11h57 -------------- 2h37 (ainda chega à tempo de participar no Abraço)
Regresso para Porto
Tua --------- Porto Campanha ---------Duração
16h15 --------- 18h50 ------------------ 2h35
18h15 --------- 20h49 ------------------ 2h34
Descontos da CP para o bilhete de ida e volta:
- 17,5€ (com desconto ida e volta);
- 15,5€ (com desconto Cartao Jovem);
- 16,5€ (desconto de grupo) – se existirem grupos de 10 ou mais pessoas, podem reservar o bilhete no site da CP e depois levantá-los e pagá-los na estação:
http://www.cp.pt/cp/displayPage.do?vgnextoid=5776102f31a84010VgnVCM1000007b01a8c0RCRD
Mais informações: www.cp.pt, 808208208
Viagem de autocarro da Rodonorte
Não existem autocarros no domingo de manhã.
Apenas existe um autocarro para regressar domingo de tarde.
O preço do Tua para Porto é 9.80 €, e para Lisboa é 18.60 €.
Tua ----- Porto ----- Lisboa
17h55 ----- 20h30 ----- 25h15
Mais informações em Rodonorte.pt
Viagem de carro do Porto para Tua
Pode consultar um percurso possível aqui
Distância: 150km, duração prevista: 2 horas.
Mais informação sobre a iniciativa: Campo Aberto
sábado, 12 de fevereiro de 2011
Outra visão do TUA (II)
Ontem foi mais um dia de Descoberta Fotográfica. A escolha recaiu nas aldeias de Castanheiro e Tralhariz. Mesmo longe da Linha, não me esqueci dela e consegui esta fotografia que mostra um troço do rio Tua e da Linha do Tua, um pouco a montante do apeadeiro do Castanheiro.
A fotografia foi tirada mesmo do meio da aldeia.
A fotografia foi tirada mesmo do meio da aldeia.
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
Outra visão do TUA
No dia 22 de Agosto de 2010 tive o prazer de acompanhar um grupo de habitantes de Parambos, concelho de Carrazeda de Ansiães, numa caminhada pelo termo da aldeia. Não conhecia o percurso a fazer, por isso foi com satisfação que fiz o trajecto que me levou a ver de outro ângulo o rio Tua e a Linha do Tua. Há muito tempo que acalento a vontade de percorrer a Linha do Tua, em altitude, descobrindo e saboreando pontos de vista muito diferentes daqueles que tenho mostrado nas minhas muitas caminhadas ao longo da linha.
Agradeço aos organizadores da caminhada (também feita pela Vânia Seixas, grande lutadora pela causa da Linha), por me terem proporcionado o prazer de ver e fazer mais este registo que partilho.
O troço da linha que é visível, em direcção a jusante do rio, é entre os quilómetros 7.º e 5.º (apeadeiro do Castanheiro e túnel das Fragas Más).
Agradeço aos organizadores da caminhada (também feita pela Vânia Seixas, grande lutadora pela causa da Linha), por me terem proporcionado o prazer de ver e fazer mais este registo que partilho.
O troço da linha que é visível, em direcção a jusante do rio, é entre os quilómetros 7.º e 5.º (apeadeiro do Castanheiro e túnel das Fragas Más).
segunda-feira, 6 de julho de 2009
Pela linha - Castanheiro

quarta-feira, 10 de junho de 2009
Há um ano atrás

quinta-feira, 18 de setembro de 2008
Apeadeiro do Castanheiro

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