terça-feira, 10 de março de 2009

Mirandela-Cachão, a pé


Dirigi-me para o Cachão quando o sol pintou de vermelho a capelinha no cabeço da Senhora da Assunção. O dia ia estar fantástico, pressenti isso mesmo quanto perscrutei o horizonte lá para os lados da serra do Reboredo ainda antes do sol nascer.
Lá ao fundo do vale, onde o Tua serpenteia, havia várias colunas de fumo espesso. As indústrias têm os seus senãos e a poluição atmosférica é um deles.
No Cachão ainda tive tempo para tomar um café, a automotora ainda não tinha chegado, o que aconteceu poucos minutos depois das sete da manhã. Delineei a etapa como começando em Mirandela, pelo que me desloquei de automotora entre o Cachão e Mirandela, deixando o carro no Cachão.
Depois de chegar o táxi (percurso Ribeirinha-Vilarinho-Cachão), a automotora partiu pachorrentamente para Mirandela. O sol, ainda a medo, pintava de cores quentes as copas das árvores. A viagem não durou nem meia hora. Quando cheguei à estação já o dia estava luminoso e o céu impressionantemente azul.
Gastei alguns minutos deambulando pela estação, não se via vivalma! Comecei a minha caminhada quando fui surpreendido com os reflexos da cidade no rio. Nunca até esse momento tinha compreendido tem bem a expressão “Princesa do Tua”! A luz da manhã, a calma das águas do Tua e o silêncio da cidade, favoreceram o tal clima de intimidade necessário para uma boa fotografia. “Perdi” mais de uma hora, só fotografando o rio!
Sem pressas iniciei a minha caminhada em direcção ao Cachão. Os mais madrugadores aproveitaram a frescura da manhã para alguns trabalhos nas hortas. Podam-se os pessegueiros, plantam-se as batatas, colhem-se os grelos antes que as flores desabrochem no seu amarelo intenso.
A caminhada foi-se fazendo matizada em quatro cores: o amarelo dos grelos e do manto de flores no olival; o azul do céu que se fundia com o das águas do Tua e o verde; verde das oliveiras e das searas. A estas três veio juntar-se o branco imaculado das nuvens que se fundiam aqui para tomarem formas bizarras mais além.
A automotora passou de novo em direcção ao Cachão.
O sol queimava a pele, pouco habituada ao ar livre. Pouco depois do Choupim desci ao rio, coloquei-me no meio do pontão desafiando as águas que passavam agitadas. Só as aves me faziam companhia. Apeteceu-me ficar por ali sentado à sombra a saborear o ar bucólico do lugar, mas voltei à linha.
Pouco depois estava no apeadeiro de Latadas. A minha atenção centrou-se num campo atapetado de margaridas. Rebolei-me no chão procurando o melhor ângulo, até que, satisfeito, recomecei a caminhada. Era quase meio-dia e pouco tinha ainda percorrido.
Para completar a má impressão que já tinha da fábrica de óleos que está implementada nesta zona, bastou olhar para a “água” que a mesma lança para o rio. Será desta água que se pretende fazer uma reserva com a barragem no rio Tua?!
A automotora passou de novo para Mirandela e pouco depois cheguei ao Túnel de Frechas. Perto da ponte da Carvalha foram as amendoeiras em flor que chamaram a minha atenção. Já são poucas as amendoeiras em flor, mas começam já a aparecer floridas as ameixoeiras e os pessegueiros.
À uma da tarde estava na estação de Frechas. Essa era a hora em que previa estar de regresso a casa para o almoço, mas entusiasmei-me de tal forma que estava bastante atrasado. Felizmente carregava na mochila alguns mantimentos, os suficientes para me animar mais alguns quilómetros.
A passo lento, mas sem grandes demoras, fui-me aproximando do Cachão. No rio ainda encontrei bastantes corvos marinhos e garças, mas são tão desconfiados que não permitem a aproximação de forma facilitar alguma fotografia.
Cheguei ao Cachão perto das duas da tarde. A caminhada andou à volta de 12 quilómetros. Foi a quarta vez que fiz este percurso, mas nunca me senti tão entusiasmado como nesta caminhada de Inverno!

2 comentários:

JORGE DELFIM disse...

Sem dúvida um lindo percurso este de Mirandela ao Cachão. Lindas fotografias e lindas cores! Pena não me teres dito, tinha ido contigo. Já algum tempo que ando com vontade de fazer um passeio pela linha. Quando estiveres a pensar voltar a linha diz algo e vamos os dois.

Um abraço e continuação de boas fotografias.
Jorge Delfim

Alexandrina Areias disse...

Um espectáculo de fotografias... Lindas! Com óptimas cores e bons enquadramentos! Parabéns por esta excelente série de fotos!

AA