sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Do Cachão à Ribeirinha


No dia 23 fiz mais uma etapa no percurso de Inverno ao longo da Linha do Tua. Desta vez caminhei entre o Cachão e a Ribeirinha, aproximadamente 8 quilómetros.
Cheguei ao Cachão muito perto das 11 da manhã. O dia estava frio e ventoso, mas isso não se verificava no fundo do vale. Tomei um café e segui para a estação. Havia um grupo de trabalhadores a fazerem trabalhos de arranjo e limpeza do cais de embarque. Uma automotora LRV2000 esperava na estação. Apesar de tudo a ligação entre Cachão e Mirandela continua a fazer-se 3 vezes ao dia em cada um dos sentidos.
Comecei a caminhada sem pressas. Eram poucos quilómetros e tinha muito tempo para os percorrer. A primeira impressão, não é das melhores. O que resta do Complexo continua a ser muito poluente para o meio principalmente para o rio. Já estou cansado de ouvir as expressões como: Lá estão estes ecologistas, é melhor não haver trabalho? Como se poluir fosse a única forma de produzir! Não vou mostrar as fotografias, mas são nojentas.
Mal deixei as últimas casas, esqueci a poluição. É que há a poucas dezenas de metros algumas amendoeiras que se encontram em plena floração. As abelhas descobriram-nas antes de mim, eram às centenas.
Retomei o caminho (a linha). Há ainda algumas hortas junto da linha. Têm nabiças em flor, favas e alhos, algumas oliveiras e outras árvores de fruto. Não resisti a deixar a linha e a subir a alguns rochedos por cima da corrente do rio. Aqui sim, há um cachão.
Mais alguns metros à frente há uma zona onde encontro uma espécie vegetal que por mis que procure em outros locais da linha ainda não a encontrei: trata-se do feto-real (Osmunda regalis L.). Estava completamente seco, fica para outra oportunidade mostrar uma fotografia desta espécie.
Entrei na zona mais escarpada que iria percorrer. Toda a extensão da linha que se estende de Foz-Tua a Mirandela tem cambiantes que vão mudando com os quilómetros, e não me atrevo a afirmar de forma taxativa que há locais mais bonitos do que outros. Essa beleza agreste aparece com o evoluir das estações, com o caudal do rio, com a própria posição do sol. Quem diz que os primeiros quilómetros, junto a Foz –Tua são os mais belos, é porque nunca passou um dia de Verão junto ao rio em Frechas, ou admirou a imponência das montanhas que antecedem o Cachão, não conhece a história da Ponte do Diabo nem se banhou nos açudes da Sobreira.
O percurso entre o Cachão e a ponte em Vilarinho da Azenhas é simplesmente fantástico, basta ver as imagens que aí captei no meu passeio de Outono. Foi nesta zona que encontrei uma das principais atracções da do dia; as campainhas (Narcissus bulbocodium. L.). Não estava à espera de encontrar esta espécie, mas sim a (Narcissus triandrus L.) que teoricamente só floresce em Março, mas que já se encontra pelos campos. Aproveitei o desafio para captar o seu amarelo imaculado, capaz de baralhar o mais moderno sensor.
Chagado à ponte na N15-4 (que liga Vilarinho das Azenhas a Valverde) é o lugar para cumprimentar os pescadores. Estavam lá três, não a pescar o almoço visto já ser uma hora da tarde.Quando cheguei às primeiras casas da aldeia, abandonei a linha e segui junto ao rio. Todas as árvores que o ladeiam são de folha caduca e ainda estão todas nuas. Dentro de dias tudo vai mudar. A ausência de folhas permite observar melhor o rio. Há uma série de azenhas (daí “das Azenhas”) todas em ruínas. Só os corvos marinhos (Phalacrocorax carbo) e alguma garça–real (Ardea cinerea) me faziam companhia. Perto da Azenha das Três Rodas voltei à Linha. Surgiram novamente videiras, nabiças floridas, oliveiras centenárias. A visão da linha para montante, em direcção ao monte do Faro é também um cenário único. Não se admirem se um dia destes o virem exibido num filme de grande sucesso. É que não sou o único a percorrer estas paragens.
Aproximava-me da Ribeirinha quando já eram três da tarde. Um idoso caminhava ao meu encontro. Era o sr. Abílio! Claro que não ia ao meu encontro, ele não sabia que ali estava. Aproveitava o sol do fim da tarde para uma pequena caminhada. Voltámos juntos ao apeadeiro da Ribeirinha onde nos entretivemos alguns minutos na conversa. Começaram a chegar algumas nuvens por detrás do Faro. Quando chegou a meu transporte, subi a rapidamente em direcção a Vilas Boas, queria “apanhar” aquelas nuvens.
Foi um passeio inesquecível.

2 comentários:

JORGE DELFIM disse...

Mais um belo relato sobre a Linha do Tua.

Já estou cheio de vontade de mais um passei pela Linha, uma vez que ainda não a conheço na sua totalidade.

Temos que combinar um passeio, quando voltares a Linha em mais um passeio diz algo.

Um abraço Anibal.

Jorge Delfim

Unknown disse...

boas'sou do porto conheco essas aldeias,mas nao esperem muito,'e pena porque o governo so pensa nele,o meu nome é antonio gostaria de participar nesse passeio com todo o prazer...o meu mail-antoniopescador@hotmail.com fiquem bem