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No dia 23 fiz mais uma etapa no percurso de Inverno ao longo da
Linha do Tua. Desta vez caminhei entre o
Cachão e a
Ribeirinha, aproximadamente 8 quilómetros.
Cheguei ao
Cachão muito perto das 11 da manhã. O dia estava frio e ventoso, mas isso não se verificava no fundo do vale. Tomei um café e segui para a
estação. Havia um grupo de trabalhadores a fazerem trabalhos de arranjo e limpeza do cais de embarque. Uma
automotora LRV2000 esperava na estação. Apesar de tudo a ligação entre
Cachão e
Mirandela continua a fazer-se 3 vezes ao dia em cada um dos sentidos.
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Comecei a caminhada sem pressas. Eram poucos quilómetros e tinha muito tempo para os percorrer. A primeira impressão, não é das melhores. O que resta do Complexo continua a ser muito poluente para o meio principalmente para o rio. Já estou cansado de ouvir as expressões como: Lá estão estes ecologistas, é melhor não haver trabalho? Como se poluir fosse a única forma de produzir! Não vou mostrar as fotografias, mas são nojentas.
Mal deixei as últimas casas, esqueci a poluição. É que há a poucas dezenas de metros algumas
amendoeiras que se encontram em plena floração. As abelhas descobriram-nas antes de mim, eram às centenas.
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Retomei o caminho (a linha). Há ainda algumas hortas junto da linha. Têm nabiças em flor, favas e alhos, algumas oliveiras e outras árvores de fruto. Não resisti a deixar a linha e a subir a alguns rochedos
por cima da corrente do rio. Aqui sim, há um cachão.
Mais alguns metros à frente há uma zona onde encontro uma espécie vegetal que por mis que procure em outros locais da linha ainda não a encontrei: trata-se do feto-real (
Osmunda regalis L.). Estava completamente seco, fica para outra oportunidade mostrar uma fotografia desta espécie.
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Entrei na zona mais escarpada que iria percorrer. Toda a extensão da linha que se estende de
Foz-Tua a
Mirandela tem cambiantes que vão mudando com os quilómetros, e não me atrevo a afirmar de forma taxativa que há locais mais bonitos do que outros. Essa beleza agreste aparece com o evoluir das estações, com o caudal do rio, com a própria posição do sol. Quem diz que os primeiros quilómetros, junto a
Foz –Tua são os mais belos, é porque nunca passou um dia de Verão junto ao rio em
Frechas, ou admirou a imponência das montanhas que antecedem o
Cachão, não conhece a história da Ponte do Diabo nem se banhou nos açudes da Sobreira.
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O percurso entre o
Cachão e a ponte em
Vilarinho da Azenhas é simplesmente fantástico, basta ver as imagens que aí captei no meu passeio de Outono. Foi nesta zona que encontrei uma das principais atracções da do dia; as
campainhas (
Narcissus bulbocodium. L.). Não estava à espera de encontrar esta espécie, mas sim a (
Narcissus triandrus L.) que teoricamente só floresce em Março, mas que já se encontra pelos campos. Aproveitei o desafio para captar o seu amarelo imaculado, capaz de baralhar o mais moderno sensor.
Chagado à ponte na N15-4 (que liga
Vilarinho das Azenhas a
Valverde) é o lugar para cumprimentar os pescadores. Estavam lá três, não a pescar o almoço visto já ser uma hora da tarde.
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Quando cheguei às primeiras casas da aldeia, abandonei a linha e segui junto ao rio. Todas as árvores que o ladeiam são de folha caduca e ainda estão todas nuas. Dentro de dias tudo vai mudar. A ausência de folhas permite observar melhor o rio. Há uma série de azenhas (daí “das Azenhas”) todas em ruínas. Só os corvos marinhos (
Phalacrocorax carbo) e alguma garça–real (
Ardea cinerea) me faziam companhia. Perto da
Azenha das Três Rodas voltei à Linha. Surgiram novamente videiras, nabiças floridas, oliveiras centenárias. A
visão da linha para montante, em direcção ao monte do Faro é também um cenário único. Não se admirem se um dia destes o virem exibido num filme de grande sucesso. É que não sou o único a percorrer estas paragens.
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Aproximava-me da
Ribeirinha quando já eram três da tarde. Um
idoso caminhava ao meu encontro. Era o sr. Abílio! Claro que não ia ao meu encontro, ele não sabia que ali estava. Aproveitava o sol do fim da tarde para uma pequena caminhada. Voltámos juntos ao apeadeiro da
Ribeirinha onde nos entretivemos alguns minutos na conversa. Começaram a chegar algumas nuvens por detrás do Faro. Quando chegou a meu transporte, subi a rapidamente em direcção a
Vilas Boas, queria “
apanhar” aquelas nuvens.
Foi um passeio inesquecível.
2 comentários:
Mais um belo relato sobre a Linha do Tua.
Já estou cheio de vontade de mais um passei pela Linha, uma vez que ainda não a conheço na sua totalidade.
Temos que combinar um passeio, quando voltares a Linha em mais um passeio diz algo.
Um abraço Anibal.
Jorge Delfim
boas'sou do porto conheco essas aldeias,mas nao esperem muito,'e pena porque o governo so pensa nele,o meu nome é antonio gostaria de participar nesse passeio com todo o prazer...o meu mail-antoniopescador@hotmail.com fiquem bem
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