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terça-feira, 5 de março de 2013

Rio Tua

Aspeto da paisagem junto à Linha do Tua, onde outrora existiu o apeadeiro de Latadas, entre Frechas e Mirandela.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Latadas, 48º Km

Aspeto do antigo apeadeiro de Latadas ao 48º km. A primeira fotografia foi tirada em Novembro de 2008. Não existe qualquer edifício que do que foi o apeadeiro. Existe no local um antigo moinho de água e o rio apresenta uma paisagem bucólica.  É um local com uma beleza extraordinária.
A segunda fotografia mostra o aspeto do apeadeiro pelos anos 70. A fotografia é de autor desconhecido e foi retirada do sítio aventar.eu

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Cachão-Mirandela, à chuva


No dia 21 de Novembro retomei as minhas caminhadas na linha do Tua. Em Agosto participei numa caminhada organizada pela Coagret e em Outubro noutra organizada pela Associação Campo Aberto, mas já tinha saudades de passar algumas horas sozinho na linha.
O dia estava “feio”, ameaçava chover a qualquer momento. Saí de Vila Flor em direcção a Vilarinho das Azenhas. Parei na ponte onde passei alguns minutos na conversa com os pescadores que todos os fins-de-semana a povoam. Um grupo tinha vindo de Valpaços, para pescar no rio Tua. São “clientes” habituais e já nos tínhamos encontrado outras vezes no mesmo local. Levantou-se algum vento, para estragar a pescaria e eu segui (em automóvel), pela estrada, para o Cachão. Fiz algumas paragens para fotografar o Outono mas a luminosidade não estava favorável.

Cheguei à estação do Cachão e não havia maneira de chover! Perto do meio dia e meio iniciei a caminhada pela linha em direcção a Mirandela.
Ainda não tinha percorrido um quilómetro quando senti as primeiras gotas de chuva a refrescarem-me a cara! Estava preparado e decidi continuar. Retirei da mochila uma fina capa de água que me protegeu até chegar à estação de Frechas.

Sem o céu azul, que tanto gosto de fotografar e sem as minúsculas flores selvagens de múltiplas cores, restava-me o colorido das folhas característico do Outono. É no Outono que gosto de percorrer esta zona da Linha, entre a Ribeirinha e Mirandela. A vegetação que ladeia o rio é muito variada, uma autóctone, outra não, mas ganha cores quentes que contrastam com a água e a verdura da erva que rebenta em força despertada pelas chuvas outonais.

Perto de Frechas um grande olival não resistiu e foi arrancado. Os velhos troncos de oliveira poderiam proporcionar-me alguns momentos de inspiração, mas segui em frente. A terra fresca e molhada colar-se-ia em força às minhas botas. No centro do terreno uma enorme oliveira eleva-se no seu tronco erecto. Vá-se lá saber porquê, aquela oliveira não foi afectada pela praga que debilitou todas as outras!

Quando cheguei à estação de Frechas chovia abundantemente. A leve capa de água já não era suficiente. Retirei da mochila um impermeável, calças e casaca, que protegeu dali para a frente. A chuva não me incomodava os movimentos, mas, de cada vez que tentava tirar uma fotografia, a objectiva ficava encharcada.
A ribeira da Carvalha não leva uma gota de água! Ainda me recordo de ver peixes com algum tamanho subirem pela ribeira acima! Está tudo diferente. Desci ao leito seco e fotografei alguns cogumelos.
No túnel de Frechas aproveitei para tirar alguma comida da mochila. Não tinha tempo para comer tranquilamente, por isso, fui mordiscando enquanto caminhava.
O ponto mais importante da minha caminhada estava a chegar. É junto do antigo apeadeiro de Latadas que há maior número de árvores de folha caduca. São choupos bancos, plátanos, mas também amoreiras, marmeleiros e salgueiros, que teimam em continuarem verdes.

Abandonei a Linha e desci junto do rio. Ali perto olhava-me uma garça e ao longe esvoaçavam bandos de corvos marinhos. Acima da represa das Latadas é o paraíso para estas aves. O rio é largo, calmo, com muita vegetação nas duas margens proporcionando um ambiente propício para estas aves.
Entusiasmei-me com o colorido e não reparei no relógio. Retomei a caminhada pela linha pelas três da tarde. Sobrava-me pouco mais de uma hora para percorrer cerca de seis quilómetros. Não me restou outra alternativa senão acelerar o passo e fazer mesmo alguns quilómetros a correr. Não é muito agradável correr à chuva, vestido com um impermeável, com uma mochila às costas, com a máquina fotográfica numa mão e o guarda-chuva noutra, mas cheguei às portas de Mirandela às dezasseis em ponto. Mal tive tempo para fotografar o rio, as pontes, os parques da cidade. Não abrandei o passo até chegar à estação do metro de Mirandela. Foi já no interior da carruagem que despi o impermeável e descobri que estava completamente encharcado, não de água da chuva, mas em suor.

A composição partiu em direcção ao Cachão. Continuava a chover. Ensaiei alguns disparos tentando tirar partido das gotas de chuva no vidro, enquanto recuperava o fôlego. Estava terminada a etapa do dia e o dia também chegava ao fim, escuro, sombrio e chuvoso, mas eu sabia que dentro da máquina fotográfica havia algumas imagens que justificavam todo o esforço.

Com esta caminhada terminei a 5 viagem a pé entre Foz-Tua e Mirandela, iniciada em Março de 2009.
Curiosamente, no dia 22 de Novembro de 2008 fiz o percurso Cachão-Latadas, mas com outras condições atmosféricas.

domingo, 29 de março de 2009

A Linha do Tua no Inverno (2)

Hoje o dia não foi muito feliz para os que ainda acreditam que a Linha do Tua se vai manter, permitindo a todos os que queiram poder descobrir esta paisagem maravilhoso. Circula a informação de que a Linha do Tua afinal já não reabre na dada prevista!
Hoje partilho a segunda parte da viagem de Inverno, que mostra o percurso entre Brunheda e Mirandela. Apesar das imagens serem todas da época de Inverno, por vezes sentimo-nos na Primavera. Foram momentos inesquecíveis passados na Linha que também é TUA.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Frechas vista da Linha do Tua

Na minha última passagem por Frechas, à descoberta dos encantos da Linha do Tua, levei comigo uma pequena máquina fotográfica que grava vídeo. Juntei alguns com as fotografias que tirei e fiz este pequeno vídeo. É a visão de Frechas a partir da Linha do Tua. As imagens foram captadas desde as Latadas até próximo do Cachão, mostrando a Linha, o rio, a estação o Túnel de Frechas, a Ponte da Carvalha, etc.
É um pouco do ambiente e da paisagem no mês de Março.

terça-feira, 10 de março de 2009

Mirandela-Cachão, a pé


Dirigi-me para o Cachão quando o sol pintou de vermelho a capelinha no cabeço da Senhora da Assunção. O dia ia estar fantástico, pressenti isso mesmo quanto perscrutei o horizonte lá para os lados da serra do Reboredo ainda antes do sol nascer.
Lá ao fundo do vale, onde o Tua serpenteia, havia várias colunas de fumo espesso. As indústrias têm os seus senãos e a poluição atmosférica é um deles.
No Cachão ainda tive tempo para tomar um café, a automotora ainda não tinha chegado, o que aconteceu poucos minutos depois das sete da manhã. Delineei a etapa como começando em Mirandela, pelo que me desloquei de automotora entre o Cachão e Mirandela, deixando o carro no Cachão.
Depois de chegar o táxi (percurso Ribeirinha-Vilarinho-Cachão), a automotora partiu pachorrentamente para Mirandela. O sol, ainda a medo, pintava de cores quentes as copas das árvores. A viagem não durou nem meia hora. Quando cheguei à estação já o dia estava luminoso e o céu impressionantemente azul.
Gastei alguns minutos deambulando pela estação, não se via vivalma! Comecei a minha caminhada quando fui surpreendido com os reflexos da cidade no rio. Nunca até esse momento tinha compreendido tem bem a expressão “Princesa do Tua”! A luz da manhã, a calma das águas do Tua e o silêncio da cidade, favoreceram o tal clima de intimidade necessário para uma boa fotografia. “Perdi” mais de uma hora, só fotografando o rio!
Sem pressas iniciei a minha caminhada em direcção ao Cachão. Os mais madrugadores aproveitaram a frescura da manhã para alguns trabalhos nas hortas. Podam-se os pessegueiros, plantam-se as batatas, colhem-se os grelos antes que as flores desabrochem no seu amarelo intenso.
A caminhada foi-se fazendo matizada em quatro cores: o amarelo dos grelos e do manto de flores no olival; o azul do céu que se fundia com o das águas do Tua e o verde; verde das oliveiras e das searas. A estas três veio juntar-se o branco imaculado das nuvens que se fundiam aqui para tomarem formas bizarras mais além.
A automotora passou de novo em direcção ao Cachão.
O sol queimava a pele, pouco habituada ao ar livre. Pouco depois do Choupim desci ao rio, coloquei-me no meio do pontão desafiando as águas que passavam agitadas. Só as aves me faziam companhia. Apeteceu-me ficar por ali sentado à sombra a saborear o ar bucólico do lugar, mas voltei à linha.
Pouco depois estava no apeadeiro de Latadas. A minha atenção centrou-se num campo atapetado de margaridas. Rebolei-me no chão procurando o melhor ângulo, até que, satisfeito, recomecei a caminhada. Era quase meio-dia e pouco tinha ainda percorrido.
Para completar a má impressão que já tinha da fábrica de óleos que está implementada nesta zona, bastou olhar para a “água” que a mesma lança para o rio. Será desta água que se pretende fazer uma reserva com a barragem no rio Tua?!
A automotora passou de novo para Mirandela e pouco depois cheguei ao Túnel de Frechas. Perto da ponte da Carvalha foram as amendoeiras em flor que chamaram a minha atenção. Já são poucas as amendoeiras em flor, mas começam já a aparecer floridas as ameixoeiras e os pessegueiros.
À uma da tarde estava na estação de Frechas. Essa era a hora em que previa estar de regresso a casa para o almoço, mas entusiasmei-me de tal forma que estava bastante atrasado. Felizmente carregava na mochila alguns mantimentos, os suficientes para me animar mais alguns quilómetros.
A passo lento, mas sem grandes demoras, fui-me aproximando do Cachão. No rio ainda encontrei bastantes corvos marinhos e garças, mas são tão desconfiados que não permitem a aproximação de forma facilitar alguma fotografia.
Cheguei ao Cachão perto das duas da tarde. A caminhada andou à volta de 12 quilómetros. Foi a quarta vez que fiz este percurso, mas nunca me senti tão entusiasmado como nesta caminhada de Inverno!

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Percurso Cachão - Latadas


No dia 22 voltei à Linha. Fiquei tão fascinado com o percurso que fiz no dia 15 que passei a semana toda a pensar em regressar. O Outono é cheio de contrastes, verifiquei isso mesmo mal cheguei ao Cachão. A vegetação que ladeia o rio já não tinha a mesma coloração da semana anterior. Os choupos perderam todas as folhas, apresentam-se despidos, esperando as geadas do Inverno. Os plátanos e algumas outras árvores de folha caduca apresentam ainda folhas outonais, mas já sem a variedades de tons que gostaria de encontrar. As vinhas em volta de Frechas também já estão despidas, tal como os diospireiros que apenas suportam os tão curioso frutos alaranjados e ácidos.
Cheguei depois de almoço, e tomei um café no Cachão. O sábado estava com um sol desllumbrante mas o ar estava fresco. O percurso que pretendia fazer era curto: Cachão - Latadas, de onde tinha partido a pé na semana anterior. Como não podia contar com a automotora, tinha que contar em fazer o percurso inverso ou à boleia ou a pé.
À saída do Cachão foi onde fiz as melhores fotografias de papoilas na Primavera, mas no Outono esta zona não tem a mesma beleza. Só pelo quilómetro 43º, quando a linha se aproxima mais do rio, me comecei a entusiasmar. Aqui voltei a encontrar aves de rapina e bastantes corvos marinhos.
Pouco depois ouvi o som característico da automotora a aproximar-se! Não conheço os horários mas gostei de sentir vida na linha. Procurei uma posição em segurança e esperei que ela passasse.
A tranquilidade era grande e passei a estação de Frechas sem ver uma única pessoa. Desta vez decidi que desceria ao leito da Ribeira da Carvalha para fotografar a ponte. É impressionante como a ribeira que costuma ter um caudal considerável (lembra-me de aí ter visto muitos peixes) não tem gota de água. A seca que se tem feito sentir nos últimos anos, manifesta-se agora como nunca!
Passei o Túnel de Frechas e encontrei um marmeleiro com marmelos mesmo perto da linha. "Massacrei" um marmelo com o meu flash.
Segue-se depois um zona onde a linha não tem praticamente curvas até chegar ao antigo apeadeiro de Latadas. Aqui foram feitas obras de beneficiação da estrutura de suporte da linha. Infelizmente nem esta zona que foi intervencionada recentemente foge aos problemas que são reportados ao restante da linha, mas deste aspecto falarei noutra altura.
Quando cheguei ao local de destino eram 16 horas. Restava-me muito pouco tempo para fazer o caminho inverso. Arrisquei ir para a estrada tentar uma boleia. Os carros de grande cilindrada passavam a alta velocidade e certamente não gostariam das minhas botas sujas nos seus tapetes. Estabeleci como limite pedir boleia a 12 carros, acho que cheguei aos 15, depois desisti. Regressei à linha e comecei o caminho de regresso ao Cachão.
O sol já bastante baixo, dava um colorido especial às folhas dos olmos na borda do caminho. Mesmo assim, não tive pressa. A noite foi caindo e vi-me com um desafio original, fotografar a linha de noite. À medida que ia experimentando o flash e subindo a sensibilidade ao máximo fui-me entusiasmando tentando tirar o máximo partido do colorido das nuvens ao entardecer. Uma das minhas preocupações era a passagem já de noite, em vários locais onde há cães, mas felizmente correu tudo bem.
Os últimos quilómetros até ao Cachão foram feitos já com noite cerrada. Quem em ao longe visse os disparos do flash na noite escura julgaria que por ali andava algum visitante do espaço!

sábado, 22 de novembro de 2008

Vilarinho - Latadas - Mirandela

No dia 15 de Novembro fiz mais uma caminhada ao longo da Linha do Tua. Esperava encontrar bonitas cores de Outono, mas ao descer para o Cachão, apenas via nevoeiro à minha frente. Tinha planeado explorar a linha do Cachão a Mirandela e, por isso, saí muito cedo de casa. Em alternativa, já no Cachão, optei por cortar à esquerda em direcção a Vilarinho das Azenhas.
O nevoeiro chegava mesmo junto à aldeia. Estacionei o carro junto à ponte sobre o Tua onde havia um bom grupo de pescadores a tentarem a sua sorte. Apesar de se ver o sol, de vez em quando, a tentar chagar ao rio, a manhã foi passando sem que ele ganhasse a luta contra o nevoeiro.
Comecei a caminhar pela linha em direcção ao Cachão. Havia alguns espaços onde não havia nevoeiro. Só depois das onze horas da manhã o sol brilhou definitivamente. Voltei à ponte, entrei o carro e arranquei à procura de um bom local para fotografar.
A visão do rio da estrada era magnífica e fiz várias paragens antes de parar definitivamente no antigo apeadeiro de Latadas.
Passava do meio-dia quando comecei a minha caminhada em direcção a Mirandela. Limitado a poucas horas de sol decidi reduzir ao mínimo a etapa. Logo nos primeiros metros não resisti ir ao meio do rio, num açude, fazer uma bonita panorâmica.
A vegetação que ladeia o rio tinha bonitas cores do verde ao vermelho, passando por vários tons de amarelo e laranja. Esta zona do rio está repleta de corvos marinhos e encontrei também algumas garças.
Gastava de encontrar a Quinta do Choupim como a vi na Primavera, cravada de papoilas, mas o cenário era um pouco menos entusiasmante. Pouco antes de chegar a Mirandela o colorido é dado pelas folhas das fruteiras. Há muitos pessegueiros, marmeleiros, videiras e pereiras. É pena que a ETAR espalhe pelo ar um perfume muito pouco agradável. Também a água que dela sai em direcção ao Rio Tua não se pode dizer que tenha um aspecto muito cristalino.
Pouco depois das quinze horas estava a chegar à estação de Mirandela. A automotora já tinha partido para o Cachão e não me restava outra alternativa senão fazer o regresso ao ponto de partida de novo a pé. Por isso não me demorei muito a admirar o espelho de água em Mirandela.
O sol foi descendo no horizonte semeando a sombras no rio.
Quando cheguei ao apeadeiro de Latadas apenas beijava o ponto mais alto das árvores. O rio e a linha mergulharam nas sombras.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Apeadeiro de Latadas

O apeadeiro de Latadas, no 48.º quilómetro, entre Frechas e Mirandela, há muito se perdeu no tempo. Só algumas ruinas lembram ainda, que, há muitos anos, ali parava o comboio para deixar e apanhar passageiros. Quando por lá passei, na Primavera, a vegetação quase cobria o que restas das casas. Há um açude e restos de um moinho de água.
É um bom local de acesso ao rio, frequentado por pescadores e banhistas.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Cachão - Mirandela (II)

No dia 29 de Julho voltei à Linha do Tua. O objectivo era completar a segunda volta à linha, desta vez em pleno Verão, para poder comparar com aquela que tinha feito na Primavera.
Cheguei ao Cachão, pouco depois das 10 horas. Desta vez não dependia da passagem da automotora. Andava uma pessoa a arrancar algumas ervas nos passeios da estação e, numa curta conversa, fiquei a saber que o troço entre Frechas e Mirandela se encontrava em obras de melhoramento. A Linha do Tua estava toda assente em terra, mas, a situação foi sendo melhorada ao longo dos últimos tempos. Já tinha reparado que o troço mais envelhecido, era entre Frechas e Mirandela, exactamente aquele que se encontra agora em obras.
Esta informação aguçou a minha curiosidade. Na viagem que aqui fiz a 25 de Abril de 2008, tirei fotografias fantásticas, com as papoilas a invadirem a linha. Dá-me ideia que essas imagens nunca mais se vão repetir.

O quilómetro 42º acompanha a estrada N213. Foi uma zona em que tirei boas fotografias. O aspecto estava completamente diferente. Ladeavam a linha duas faixas de ervas completamente ressequidas, com sementes que se prendiam à roupa, lutando pela sua disseminação. Até o bonito jardim de uma moradia que existe sensivelmente a meio desse quilómetro, estava um pouco mais desleixado do que o habitual. Tinha muitas rosas secas.
Um pouco mais à frente reencontrei um casal de aves de rapina que habita esta zona. Estou em crer que se trata de um casal de milhafres-reais (Milvus milvus). Há outro casal de aves de rapina que nidifica entre a Ribeirinha e o Vilarinho das Azenhas, este deve nidificar aqui. Também, logo a seguir a Latadas, há um troço de rio muito largo, com muita água, onde, penso existir mais um casal residente.
Com o céu sem nuvens, o Faro parecia-me ali perto. Este monte fascina-me! Gosto muito de fotografar a linha com o monte a fazer de fundo. Parece até que estamos numa paisagem do centro ou norte da Europa.

Pouco depois avistei as o Bairro Nossa Senhora de Lurdes, em Frechas. Ao chegar à estação, não pude deixar de reparar nas ruínas em redor. Houve um tempo em que a linha era o principal acesso a estas terras. À volta das estações da linha cresciam comércios, pensões e armazéns, conforme a população que serviam. Por exemplo, o Cachão, era o ponto de entrada para o concelho de Vila Flor. Havia um serviço de autocarro entre Cachão e Vila Flor, mas já antes, esse percurso era feito a cavalo. Com a melhoria das estradas, o comboio foi perdendo importância e as infra-estruturas existentes foram sendo abandonadas. Em Frechas, não era difícil manter as casas de banho da estação operacionais, mas agora estão vandalizadas. Quando retomei a marcha apercebi-me que estava quase na hora de passar a automotora. Já não me dava tempo para chegar ao Túnel, por isso abandonei a linha e decidi esperar por ela à sombra de uns enormes choupos brancos. Passou poucos minutos depois, cheia de passageiros, muitos deles turistas que viajam na Linha do Tua por prazer. Estes são, cada vez mais.
Junto à Ponte da Carvalha, entretive-me a tentar fotografar as borboletas. As flores em volta da linha são poucas, ao contrário das borboletas que abundam, mas são muito ligeiras, voando ao mais pequeno movimento.

Pouco depois atravessei o Túnel de Frechas e a vista alargou-se de novo para o rio. A beleza deste vale está neste namoro constante, entre a linha e o rio que raramente se separam. Seguem o mesmo curso, traçam as mesmas curvas, rasgam as mesmas fragas, enfrentam as mesmas ameaças.
Entrei no troço em obras. Está a ser feita uma grande obra: construção de muros de sustentação, aquedutos de escoamento de águas; colocação de gravilha; substituição das travessas; nova soldadura dos carris. Estes são os melhoramentos que uns olhos não treinados vêem. Na zona em obras, é muito complicado andar pela linha. A gravilha cobre mesmo as travessas. Além de ser doloroso estar sempre a caminhar sobre este tipo de piso, é também perigoso. O facto de o pé não apoiar bem, aumenta o risco de entorses. São necessárias umas boas botas.
A zona das Latadas está completamente diferente. Há pouca água, mas as árvores, exuberantes, continuam a dar bastante beleza ao local.
Pouco antes de chegar à Quinta do Choupim, há uma zona plana, com pastos, que me deu grande gozo fotografar na Primavera. Como seria de esperar, agora estava tudo seco. Estava nessa zona quando passou uma nova automotora em direcção a Mirandela.
Era 1:50 da tarde e tinha quatro quilómetros para percorrer. Consultei os horários. Só tinha transporte de Mirandela para o Cachão às 16:14, por isso não tinha necessidade de me apressar.

Dois quilómetros antes de chegar a estação de Mirandela, encontrei o local onde decorriam as obras de substituição das travessas mais velhas. O trabalho é feito durante a noite, uma vez que é necessário arrancar os carris, por isso, não se via ninguém a trabalhar.
Cheguei junto da Ponte Europa. O ambiente era de festa. Do outro lado do rio via-se e adivinhava-se, grande animação, mas ainda contida, dado o calor da tarde.
Demorei bastante tempo a percorrer o último quilómetro. Parava a cada instante, espreitava o rio através do jardim. Sentei-me na relva, retirei as sapatinhas e a maior parte das sementes que levava presas às meias.
Às três e meia da tarde, atravessei todo o Parque do Império e parte da Ponte Românica para tirar algumas fotografias e comprar água fresca. Neste percurso não tive problemas com a água. As três garrafas pequenas que levei, chegaram-me até Mirandela. Apesar do sol, circulou sempre algum ar fresco e não transpirei muito, talvez também pelo facto da linha se encontrar mais próxima da frescura do rio, coisa que não acontece nos troços do início da linha.

À hora da partida da automotora, já estava na estação. Estava completamente lotada, também não me importei, viajo sempre de pé. Muitas das pessoas eram turistas. Alguns vão de carro até ao Tua, fazem o percurso ascendente, almoçam em Mirandela e voltam ao Tua pela tarde.
Com a aproximação do Verão, as automotoras circulam sempre cheias. A linha tornou-se uma atracção turística, mais pela polémica, do que pela promoção que as autarquias fazem. Antes pelo contrário, algumas autarquias, escondem o Rio e a Linha do Tua, com receio que as suas ideias mercantilistas sejam postas à prova, contrariando a ideia de que a linha não é utilizada.
Regressei ao Cachão na automotora. Completei com este percurso, duas voltas à linha, entre Foz-Tua e Mirandela. Talvez quando chegar o mês de Outubro me anime a percorrê-la de novo, em busca das cores do Outono. Até lá, vou-me deliciando com centenas e centenas de fotografias e as recordações de passeios inesquecíveis.

domingo, 10 de agosto de 2008

A Primavera na Linha do Tua (3)


A Linha do Tua, em Abril de 2008. As fotografias foram tiradas pouco depois do antigo apeadeiro de Latadas, no sentido de Mirandela.