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sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Reflexos do Tua

Tenho estado à espera que o Outono se torne bem visível ao longo do vale do Tua para fazer mais alguns passeios pedestres ao longo da linha. No dia 23 de Outubro tive disponibilidade de ir verificar como realmente estão as coisas.
Cheguei à estação de Abreiro exactamente às 15 horas. Apesar de ser relativamente cedo, o sol tocava já o alto dos montes, mergulhando a linha nas sombras. Vai ser mais complicado percorrer a Linha do Tua durante o Outono e Inverno - Pensei eu. Mesmo assim, decidi fazer um curto passeio até à ponte da Cabreira.

A linha, sem movimento, pareceu-me moribunda, já com os carris cheios de ferrugem. Concentrei a minha atenção no rio, procurando fotografar os reflexos dourados com que, pouco a pouco, o vale se ia cobrindo.
Apesar do frio, muito frio, há ao longo da linha condições climáticas privilegiadas e encontrei algumas plantas em flor. Também o espinheiro deu uma amostra de cor, com os seus frutos bem vermelhos.

Encontrei vários Corvo-marinho-de-faces-brancas (Phalacrocorax carbo). Apesar de não serem muito frequentes em bando, já os avistei várias vezes no Rio Tua, no Rio Sabor e vi um grande bando na barragem de Fontelonga, em Carrazeda de Ansiães.
A garça real (Ardea cinérea) também é uma presença habitual nestas paragens.
Quando cheguei à ponte da Cabreira já pouca luz havia para tirar fotografias, mas ainda era relativamente cedo, quatro da tarde. Decidi andar mais um pouco até ao apeadeiro de Codeçais. Entreti-me a fotografar os reflexos no rio, pareciam pinturas a aguarelas!

No apeadeiro, desci ao rio junto da açude que alimentava uma azenha. Um melro d’água (Cinclus cinclus) lançou um estridente alerta à minha chegada. Esta simpática ave, de peito alvo e dorso escuro, faz-me lembrar uma carriça (em ponto grande). Avancei para o meio do rio, pisando as pedras do açude, a fim de fotografar os últimos raios de sol que douravam a vegetação a jusante. O melro d’água voou perto de mim mostrando que aquele território lhe pertencia. Sentei-me nas rochas saboreando o momento e a agitada ave não se coibiu com a minha presença. Mergulhou uma vez e mais outra na espuma da cachoeira. Olhava-me com vaidade como que dizendo: – Estás a ver do que sou capaz? Nunca tal me tinha acontecido!

Um outro melro passou em voo rasante e uma alvéola-amarela (Motacilla flava) mostrou-se enciumada, posicionando-se também para a fotografia. Infelizmente a luminosidade já era pouca e também não consegui avançar mais para o centro do rio. Fiquei no local durante mais de meia hora. Quando as sombras cobriram todo o vale, só brilhando o cume dos cabeços empreendi, a toda a pressa, a viagem de regresso à estação de Abreiro.
Cheguei à estação às 7 da noite, já as trevas tomavam conta de tudo.

A paisagem da zona que percorri não apresentava ainda as cores de Outono que procurava. As fotografias retratam sobretudo o rio, mas a linha e o rio são indissociáveis, duas janelas para olhar o mesmo vale.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Ponte da Cabreira


Ponte da Cabreira, sobre a Ribeira da Cabreira, que passa pelo centro de Freixiel. Trata-se de uma ponte metálica, de um só tramo, situada no quilómetro 26.º, entre o apeadeiro de Codeçais e a estação de Abreiro.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Foz Tua - Abreiro (Parte III)

18/07/2008 Esta é a continuação da caminhada - Foz Tua - Abreiro (Parte I) e Foz Tua - Abreiro (Parte II)

Depois de me ter levantado antes das seis da manhã, ter caminhado mais de 20 quilómetros, ter na mochila alguns 10 centilítros de água, o meu entusiasmo não era muito. Saí da Brunheda a passo lento, descontando cada passo, na ânsia de chegar a Abreiro.
Perto do quilómetro 24º havia na margem oposta do rio um bom grupo de pessoas. Umas estavam sentadas à sombra de frondosas árvores, outras banhavam-se nas águas frescas do Tua. Esta praia fluvial, tão agradável, deve pertencer à freguesia da Sobreira. Na piscina criada pelo açude, que fotografei no dia 5 de Abril de 2008, havia muita água fresca, que convidavam a alguns mergulhos. Desta vez não me senti tentado a descer às ruínas das azenhas, a retratar as águas, saltando em cachoeira.

Pouco depois encontrei uma fonte com água! Água fresquíssima, num dia quente de Verão, às quatro da tarde. Com as reservas de água repostas, a paisagem ganhou mais verde e retomei o caminho com mais entusiasmo.
Muito perto do apeadeiro de Codeçais, havia mais uma mangueira de água a correr, mas dessa não bebi. Em Codeçais havia um depósito de água para reposição da mesma nas locomotivas, quando o vapor era a força que movia os êmbolos. O local não foi escolhido por acaso, há muita água que chega à linha, mesmo tendo em conta que estamos nos fins de Julho. Há uma espécie de mina, mas a sua água não tem bom aspecto. No mesmo local, corre água de uma mangueira de plástico.

Aproveitei a sombra da estação para me sentar e comer alguma coisa. Normalmente as reservas alimentares que trago, sandes, biscoitos, fruta e yogurtes, são mais do que suficientes para as minhas necessidades. Faço todos os possíveis para não deixar lixo, embora nem toda a gente tenha essa preocupação. Já aparecem ao longo da linha embalagens de sumo e garrafas de água vazias. Estes resíduos devem-se a alguns caminheiros, como eu, mas também aos trabalhadores da linha. Espero que depois dos trabalhos terminados retirem todas essas embalagens que vão sendo espalhadas.
Com o estômago composto e as reservas de água repostas ganhei novo ânimo para a caminhada.Mais a diante, encontrei uma nova fonte de água fresca, pouco antes do quilómetro 26º.
À medida que os quilómetros iam passando, eu fui ganhando confiança.

Já passava das cinco da tarde. O sol começava a mostrar alguns sintomas de fraqueza, quando a automotora passou em direcção a Foz-Tua.
Com a chegada à Ponte da Ribeira da Cabreira, completei o percurso de Foz-Tua à Ribeirinha, uma vez que da Ponte da Cabreira à Ribeirinha foi feita numa caminhada no dia 12 de Julho.
Perto da estação de Abreiro, o rio faz uma grande lagoa. É um dos pontos mais fotogénicos da linha. A lagoa, a estação, a ponte da linha, a ponte rodoviária, são elementos que compõem um belo quadro. A linha descreve uma curva muito aberta, terminando na estação, agora banhada pelo sol.
Uma garça-real (Ardea cinérea) estava pousada nas águas do rio. Estas aves, embora frequentes, são muito atentas ao que se passa à sua volta, levantando voo ao mais pequeno movimento. São frequentes ao longo de todo o curso do rio, mas também nalgumas albufeiras de Trás-os-Montes. Sempre de cabeça levantada, vigiou o meu percurso até chegar à estação de Abreiro.

Completei a minha caminhada. Foram 12 horas na Linha do Tua! Muitas fotografias, muitas emoções, algumas, deram origem a estas linhas, que escrevi, outras que guardarei para mim, incorporando-as.
Não descobri o caminho marítimo para a índia, não entrei para o guiness, apenas fiz um largo passeio, com pouca despesa, com muito tempo e muita coisa para descobrir (e me descobrir). Falta-me o percurso Cachão – Mirandela para completar duas viagens completas, a caminhar na (pela) Linha do Tua.
Fim

Do Blog: À Descoberta de Carrazeda de Ansiães