Mostrar mensagens com a etiqueta Brunheda. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Brunheda. Mostrar todas as mensagens

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Geocaching - a[LINHA]s?!? Também é TUA!

Já há bastante tempo que não reporto uma caminhada pela Linha do Tua, mas isso não significa que elas não tenham acontecido. Apenas me tornei mais preguiçoso na escrita e deixei-me seduzir pela popularidade e facilidade do Facebook. A Linha é Tua também já está presente nesta plataforma. Faça Gosto na página.
Continua  a haver muita gente com vontade de percorrer a Linha do Tua, por isso não admira que no mês de março se tenha juntado um grupo de mais de 80 pessoas para fazerem o percurso entre Brunheda e Fiolhal, conhecendo a linha e procurando as misteriosas "caixinhas" que fazem parte do Geocaching.
Aderi a este passatempo/desporto há relativamente pouco tempo, mas, tratando-se de uma aventura na linha do Tua não podia faltar.
A organização do evento decorreu no Facebook e na plataforma oficial de Geocaching conseguindo juntar pessoas vindas dos mais dispersos pontos do país. Nós, os transmontanos, estávamos em minoria!
A concentração aconteceu em Fiolhal, mas eu desloquei-me directamente para Brunheda. Quando lá cheguei, pouco depois das sete da manhã, já havia pessoas junto à estação, esperando o resto do grupo para dar início à caminhada. Esse início ainda demorou bastante. Os participantes foram transportados de autocarro de Fiolhal a Brunheda. O transporte foi feito com um autocarro do município de Carrazeda de Ansiães, que efectuou duas viagens, obrigando a algum tempo de espera.
Junto à estação de Brunheda há duas caches, que foram feitas nesse intervalo de tempo. Foram-se cumprimentando os amigos, registando os códigos dos Travel Bug e Geocoins. Este desporto tem características muito próprias, uma filosofia muito interessante e algumas práticas com as quais não concordo, mas a verdade é que há cada vez mais praticantes e proporciona momentos e viagens verdadeiramente interessantes.
Só perto das 10:30 o grupo estava preparado para partir. Os representantes da autarquia de Carrazeda agradeceram a visita ao concelho (mas não me fizeram esquecer as suas responsabilidades no encerramento da Linha do Tua), distribuíram alguns panfletos e uma maçã a cada participante.
A caminhada era longa, com um final bastante difícil que é a distância da Linha à aldeia de Fiolhal. Ninguém tinha pressa e diria mesmo que alguns não tinham mesmo nenhuma pressa, porque partiram muito devagar como se não houvesse à volta de 20 km para percorrer.
Não me preocupei em procurar as caixinhas, havia pessoas muito mais entusiastas e experientes do que eu. Por isso segui também ao meu ritmo desfrutando da magnifica paisagem que já conhecia mas que me parece mais bonita de cada vez que a percorro.
Muitos dos participantes no evento estavam lá pelo jogo, mas não deixavam de lamentar a perda que é a submersão da linha e a destruição da paisagem e dos ecossistemas que se desenvolveram durante milénios no vale do Tua.
A pausa para comer o almoço volante aconteceu no apeadeiro do Castanheiro. Ainda pensei que alguém tivesse vontade de conhecer a pequena praia de areia branca, mas não. Retemperadas as forças voltámos à linha para fazer o resto da caminhada.
Desde Brunheda ao Tua há mais de dezena e meia de caches, isto sem contar as colocadas em redor de Fiolhal e do Tua. A crescerem ao ritmo que têm crescido nos últimos tempo corre-se o risco de haver uma cache por cada curva de estrada, o que me parece exagerado, mas cada um pensa à sua maneira.
A caminhada continuou até chegar-mos ao "final" da Linha, exactamente ao quilómetro 3. Neste ponto foi necessário subir até Fiolhal, depois de bastante cansaço e algum calor a chatear.
Nesta zona avistam-se as obras da barragem, de que prefiro nem falar.
Por fim, todos os participantes se concentraram em Fiolhal. Notava-se algum cansaço, mas adoraram o passeio (e sei que alguns já voltaram às caminhas na Linha do Tua depois dessa data).
Entregámos o nosso "bilhete", trocámos alguns códigos necessários para os registos na plataforma do Geocaching e cada um seguiu o seu caminho.
Não satisfeitos com as "cachadas" feitas, um grupo de aventureiros ainda decidiu descer à estação do Tua, fazer alguns quilómetros em direcção a S. Mamede de Ribatua e regressar ao concelho de Carrazeda de Ansiães, fazendo todas as caches até Castanheiro, onde a noite nos surpreendeu.
Ao todo foram quase 30 "caixinhas" as visitadas, com possibilidade de logar ainda mais algumas. Muitos Trackables, vistos ou trocados, dos mais simples aos mais estranhos.
A Linha do Tua é visitada por um número considerável de praticantes de Geocaching, mas poucas vezes deve ter sido percorrida por um grupo tão grande.
Tudo isto só foi possível com o apoio da Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães e, sobretudo, ao espírito aventureiro do geocacher jorge_53 que conseguiu reunir as pessoas e montar a logística necessária para o evento. A ele o meu muito obrigado.

sábado, 8 de junho de 2013

De Brunheda a Foz Tua, pela Linha

Já decorreu algum tempo desde que fiz a última caminhada na Linda do Tua, embora por lá tenha passado por diversas vezes, nalgumas iniciativas. Mas percorrer a linha, focando toda a atenção no vale do Tua, na linha e no rio, é uma experiência que não me canso de repetir.
O desafio partiu de um amigo de longa data, defensor da Linha do Tua e entusiasta da fotografia. Foi alargado a um grupo de pessoas, mas por questões de agenda, de logística ou outras, acabámos por ser apenas 3 a aventurarmo-nos nesta caminhada de cerca de 20 km.
Caminhar foi uma das componentes, porque houve tempo para muita conversa, muita curiosidade sobre aspetos relacionados com a linha e outras estruturas por onde passámos e muitas fotografias, paixão comum aos três caminheiros.
A caminhada teve início junto à estação de Brunheda, ainda bastante cedo. O céu estava muito nublado com algumas abertas, muito pouco convidativo à fotografia, mas há sempre desafios que utilizar a pouca luz existente. Já havia muitos pescadores nas margens do rio.
 A primeira curiosidade, já por mim verificada na estação de Abreiro, é a de que alguma tipo de estrutura se tem deslocado sobre os carris. Tivemos alguma atenção e os carris são usados até muito próximo de S, Lourenço. Aí há um desvio há uma rocha na linha, originada numa queda, e o que quer que tenha circulado teve que voltar para trás.
A estação de S. Lourenço foi vandalizada. Já passei várias vezes por lá e estava sempre fechada, mas desta vez estava aberta. Este edifício é de construção recente e nunca despertou a mínima curiosidade. Desta vez entrámos, para ver os estragos. Foram roubados lavatórios, sanitas e portas, pouco mais havia para roubar.
Após S. Lourenço a paisagem é de puro maravilhamento (se é que a palavra existe). Perder-se a ligação com a "civilização", saber que não há hipótese de desistir e que o único caminho é seguir em frente, dá oportunidade de  olhar todo o espaço em redor de uma forma única. A companhia do barulho das águas, a agressividade da escarpa rochosa, a beleza natural com que esta época do ano veste cada centímetro de terra onde as raízes se podem fixar.
Para completar esta paisagem poética surge a aldeia do Amieiro. Vista da outra margem, é difícil imaginá-la com ruas estreitas, íngremes, cheia de casas humildes e e de gente idosa. Vista da linha não é mais de que um aglomerado de casas carinhosamente colocados na encosta, tal qual como colocamos a cabana e os pastores no musgo do presépio. É isso que o Amieiro é, um presépio.
O rio percorre um caminho cada vez mais agreste, visível nas escarpas rochosas que limitam e  orientam o seu caminho há milhares de anos.
Junto ao Castanheiro paramos para almoçarmos. Uma forte chuvada obrigou-nos a esperar alguns minutos (poucos), antes de descermos à bonita praia de areia branca que está próxima desta estação. Confesso que nunca tinha descido ao rio! Sempre que por ali passei a vontade de continuar foi mais forte do que a de descer ao rio e explorar a bonita praia e o conjunto de azenhas que ali deve ter existido. A companhia e o fato de  estarmos sem qualquer necessidade de cumprirmos horários fez com que esta fosse um boa oportunidade de conhecer esta pequena praia.
Pude verificar que o mexilhão que habitualmente apanho rio Sabor também existe no Tua. As conchas bivalves que encontrámos indiciam que são de um tamanho considerável.
Pouco tempo depois chegámos a Tralhariz. A paisagem continua  a ser magnífica não fosse o facto de já se avistar na outra margem o aterro retirado das obras da barragem. A  magia perdeu-se, nem a doses laranjas roubada, num terreno abandonado têm o mesmo sabor. A atrocidade que estão a fazer com a construção da barragem é de uma crueldade que dói.
Ao quilómetro 3 somos obrigados a abandonar a linha. É perigoso e proibido continuar. A linha já não existe, o rio já não existe. Ambos foram dominados, humilhados, desviados do seu caminho.
Subir até à aldeia de Fiolhal, não é fácil. Apesar de ser uma pessoa habituada a andar e do dia não estar especialmente quente foram precisas algumas paragens para chegarmos perto da aldeia.
 Aproveitámos para procurar alguns pontos estratégicos para observar as obras da barragem. O sentimento dominante não era de resignação, mas sim de revolta. É difícil aceitar os argumentos do desenvolvimento, da reserva de água, da beleza que o vale pode vir a ter ou da energia que poderá produzir. Não somos "turistas", esta é a nossa terra, este é um património que nos estão a tirar sem hipótese de vislumbrarmos benefícios, além dos evidente para a EDP.
A destruição já é muita, mas nada que fosse impeditivo de parar definitivamente as obras. Aos defensores da teoria de que agora já não vale a pena parar as obras porque o mal já está feio, só me apetece perguntar: aceitariam casas uma filha com alguém que a violou? O mal já foi feito.
Já tínhamos um carro em Fiolhal, deixado lá às primeiras horas do dia. Gostaríamos de ter  continuado pela linha até Foz-Tua, mas não nos restou outra alternativa senão a de descermos pela estrada.
Já em Foz-Tua fomos até à ponte rodoviária sobre o Tua. A paisagem em redor é desoladora. Muitos pescadores enfrentam o perigo e continuam a pescar na zona das obras.
Num restaurante da aldeia constatámos que os benefícios de ter muitos clientes das obras, sobretudo a mão de obra mais qualificada e com salários mais altos, não resulta num encaixe que permita a satisfação. Servir bem, produtos de qualidade, incluir entradas e vinho de marca, e cobrar 6€ por refeição, é caso para dizer, mais valia estar parado.
Esta fotografia já foi tirada há algum tempo atrás
Chegámos ao fim da nossa viagem satisfeitos. Tivemos pena que não houvesse mais gente para nos acompanhar, mas, se calhar, não podíamos ter feito o percurso como o fizemos.
Estou com esperança que esta não seja a minha última viagem no vale do Tua. Não porque acredite que os responsáveis políticos deste país ganhem juízo, nem os autarcas aqui ao lado o têm (o capital domina a nossa existência), mas porque não aceito despedir-me tão rápido desta paisagem única, uma das maiores riqueza da nossa região.

GPSies - Brunheda_Fiolhal

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Percurso da linha do Tua pé

Éramos 4. Encontrámo-nos na Brunheda por volta das 08H30, onde deixámos um dos carros junto à estação.
Às 09H30 depois de algumas fotos junto dos comboios e carruagens que se encontram na estação de Foz-Tua, iniciamos o percurso.
Como parámos muitas vezes para contemplar a paisagem, que é lindíssima, e tirar fotografias em todos os marcos que assinalam os "Km's" (faltam alguns), demoramos mais tempo que o previsto.
O viaduto das Presas, caso não estivesse "coberto com tábuas" era capaz de assustar ainda mais e após o túnel das sentimos as primeiras dificuldades, dado não existirem carris nem traves e o percurso foi percorrido sobre cascalho durante um km.
Por volta das 11H15 estávamos no viaduto das "Fragas Más" que assusta um pouco e por volta das 11H45 parámos para um primeiro reforço alimentar em "Castanheiro", onde passou por nós um casal que caminhava no mesmo sentido.
Antes do Km 9 fomos alcançados por um outro casal que nos acompanhou durante alguns kms (O Ricardo Leonardo, que fez um comentário no vosso blogue) e no sentido oposto caminhava um grupo que teria mais de 20 pessoas.
Por volta das 13H15 chegámos à Ponte da Paradela que impôs algum respeito. Parámos para almoçar e recolher água em S. Lourenço às 14H30.
Saímos passado uma hora, e daí para a frente, foi quase sempre a andar. Chegámos a Brunheda por volta das 17H00 e regressamos de carro novamente a Foz-Tua.
A dificuldade da viagem está em conseguir o ritmo certo para caminhar em cima das travessas. A distância entre elas é mais curta que o passo normal e o calçado, este sim, de extrema importância.
O que nos valeu foram as "dicas" que colocou no blogue, nomeadamente calçado a usar, pontos de água e km/hora.
É caso para dizer que ficamos viciados em linhas e já este sábado, dia 07/05/2011, vamos fazer a 2ª etapa, Brunheda - Cachão.
Nuno Cunha

Caminhada realizada no dia 9 de Abril de 2011, entre Foz-Tua e Brunheda.
Obrigado pela partilha das emoções e das fotografias.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Audição Pública sobre a Linha do Tua, a propósito da Petição n.º 119/XI


Audição Pública
sobre a Linha do Tua 
28 de Fevereiro (segunda-feira) 
18:00
antigo Infantário do Cachão
Cachão 

Apoiando a petição a favor da manutenção de Trás os Montes e da preservação da linha do Tua

Esta petição foi criada pelo Grupo de Cidadãos com origem em Codeçais, obteve cerca de 5 mil assinaturas e vai ser discutida na ASSEMBLEIA DA REPUBLICA.

Fotografia: Junto à estação de Brunheda, após uma caminhada.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

3 de Junho - Eduardo Basto

No dia 3 de Junho de 2010 Eduardo Basto fez o percurso entre Brunheda e Foz-Tua a pé. Ressentiu-se do calor mas isso não o impediu de fazer muitas fotografias. Enviou-me algumas para partilhar no Blogue A Linha é TUA.


Todos os que se pretendam aventurar em caminhadas ao longo da Linha do Tua no período do Verão devem precaver-se com muita água. Entre Foz-Tua e Brunheda, há dois pontos onde se pode apanhar água, mas podem passar despercebidos para quem não conhece. Não há fontes, nem aldeias, nem bares, é só silêncio, a linha, rochas e o céu azul.

O meu agradecimento a Eduardo Basto, por partilhar as suas fotografias connosco.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

sábado, 1 de agosto de 2009

Brunheda (1)

O apeadeiro de Brunheda, antiga estação, tem o nome da aldeia próxima, pertencente ao concelho de Carrazeda de Ansiães. É um dos pontos com melhor acesso rodoviário à Linha, o primeiro desde Foz-Tua se exceptuarmos S. Lourenço. Situa-se ao 21.º quilómetro. Esta apeadeiro tem o seu nome ligado à último acidente, ocorrido em Agosto de 2008.
As encostas do vale, de Brunheda para montante, estão muito mais humanizadas notando-se mesmo um forte incremento na plantação de vinhas.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

A linha

A Linha do Tua proporciona múltiplas abordagens fotográficas. Esta fotografia foi tirada em condições bastante complicadas com o sol a iluminar os montes em frente e uma zona bastante sombria na linha. Retirei praticamente toda a cor e o efeito foi bastante bonito, na minha opinião.
A fotografia foi tirada ao 18º quilómetro, entre o Tralhão e a Brunheda.

sábado, 16 de maio de 2009

Cachão-Brunheda, em Abril

No vai e vem em que a nossa vida agitada se tornou ficou por fazer a “reportagem da minha última viagem pela Linha do Tua. Foi já a 3 de Abril. A ideia foi testar o plano que fiz para percorrer a Linha em 3 etapas e que publiquei a 30 de Março. Decidi testar a segunda etapa, Cachão – Brunheda, uma vez que a 1.ª, Brunheda – Tua já a fiz por diversas vezes.
Parti cedo, com um dia inteiro pela frente unicamente para desfrutar as belezas da Linha do Tua e do rio. Fui de carro até à estação do Cachão, tomei um café e parti pela Linha, consciente que só depois da seta da tarde estaria de volta. Tinha cerca de 10 horas para me esquecer do mundo.
Passar pelo que resta do complexo do Cachão próximo das nove da manhã, não é agradável. É muito desagradável. Há o fumo que se eleva no ar; há o cheiro que tresanda; há a água que passa por debaixo da linha em direcção ao Tua de que é melhor nem falar. Dois dias depois esta situação foi notícia na imprensa regional e não só.
Esqueci as cenas tristes na primeira curva, ao 41.º quilómetro.
Ainda não eram nove horas da manhã! O solo transpirava humidade e as flores frescura. Dos pequenos rebentos das videiras caíam gotas de orvalho em forma de diamante. Ao longo dos carris alamedas de pequenas papoilas desafiavam a minha mestria para calcular exposições, graduar focagens e testar velocidades.
Nunca a minha progressão foi tão lenta! Demorei quase 2 horas para percorrer o primeiro quilómetro. Perdi-me entre as flores do espinheiro, amores-perfeitos e violetas. O rio corria docemente, sem barulho, não querendo despertar-me do meu transe.
Só depois de ultrapassar a passagem mais estreita, o Cachão, adquiri o passo digno de uma caminhada.
Já tudo me parece familiar na Linha. Quase sem querer cheguei à ponte do Vilarinho. Ensaiei algumas fotografias em locais onde me deliciei no Outono sentindo a mesma emoção na Primavera.
Logo depois de chegar à freguesia de Vilarinho das Azenhas, a minha atenção centra-se quase sempre no rio. A linha corre solta durante algum tempo até se reencontrar com o rio, quando os rochedos os apertam já depois da Ribeirinha. É, portanto a altura de fazer algumas descidas ao rio para apreciar o que restas das antigas azenhas que deram nome à terra. Várias continuam de pé, desafiando o tempo e a força das águas servindo de abrigo a ninhos de piscos e carriças. Há caminhos rurais que permitem seguir percursos alternativos e deixar, por momentos, os carris.
Cada vez que levantava o olhar ele perde-se no alto do Faro, que toca o céu, criando um cenário singular em toda a extensão da linha.
Rapidamente atingi a Ribeirinha onde me aguardava o último guardião da linha, o sr. Abílio. Sentado no seu banco já gasto pelo tempo e pela espera, procura saber notícias da linha. Deixou de ser assunto no seu pequeno rádio a pilhas.
Continuei por caminhos ladeados de sumagre até entrar no reino do granito. Os quilómetros seguintes até Abreiro são de puro encantamento. Já eram quase três horas da tarde quando aí cheguei! A progressão foi muito lente fiz a pior média de todas as minhas caminhadas na linha! A que acontece é que quando a atenção se centra na fotografia, a caminhada fica para segundo plano e durante muito tempo nem se caminha.
Acelerei o passo. Atravessei a Ponte da Cabreira e entrei em território de Carrazeda de Ansiães. A bateria da máquina fotográfica começou a dar sintomas de “cansaço”. Diminui o ritmo das fotografias e aumentei de novo a cadência do passo.
Desci a mais uma azenha, mesmo em frente à Sobreira. A tarde avançada já não me permitiam fotografias como durante a manhã, mesmo assim, fiz alguma exposições triplas usando uma técnica chamada brackting, para mais tarde tentar optar pela melhor ou experimentar outra técnica chamada HDR (Dynamic Range Imaging), que tenho tentado ultimamente.
Quando cheguei ao apeadeiro da Abrunheda, eram seis horas da tarde. Não tinha já baterias (levei 3!) e nada mais fiz do que esperar o taxi que fazia o serviço da linha, que me levou de novo ao Cachão.
Foi uma longa jornada. Dez horas pela linha ouvindo apenas o canto das aves e o barulho do rio. Tal como em caminhadas anteriores, verifiquei que nos primeiros quilómetros se tiram mais e melhores fotografias. Por isso não é indiferente o local onde se começa a caminhada. À medida que os quilómetros passam, diminui o entusiasmo mas também a qualidade da luz. Percorri sem grande dificuldade 20,7 quilómetros. O meu plano de percorrer a linha em três etapas é bastante exequível.

sábado, 28 de março de 2009

A Linha do Tua no Inverno (1)

Tentei juntar num pequeno vídeo (vídeo e fotografia com fundo musical) o percurso de Foz-Tua a Mirandela, resultante de três ou quatro caminhadas na Linha, durante os meses de Inverno. Não consegui. Decidi dividir o vídeo a meio e a primeira parte, que partilho hoje, percorre o espaço desde Foz-Tua a Brunheda. São muitas horas de caminho, muitas fotografias, mas é-me impossível mostrá-las todas.
Aqui ficam então algumas:

sexta-feira, 20 de março de 2009

De Abreiro a Brunheda

Depois de ter deixado terminar o Outono sem ter percorrido a Linha do Tua de Foz-Tua a Mirandela, não quis que o mesmo se passa-se com o Inverno. Por isso, no dia 12 de Março, aproveitei a tarde para fazer mais uma caminhada na linha. Não gosto muito de iniciar as caminhadas à tarde, não há nada como o céu azul da manhã para se conseguir fotografias com impacto.
Cheguei à estação de Abreiro às três da tarde. Estudei a etapa até Brunheda (8,1 Km), para fazer em pouco mais de três horas. A dificuldade destas etapas, para não necessitar do apoio de ninguém, é acertar com os horários do táxi, que agora só já têm três percursos diários. Ainda pensei que poderia voltar para Abreiro a pé, mas seria completamente impossível.
Perto da ponte de Abreiro andavam a trabalhar na linha. Pelo que pude perceber, o trabalho consistia na limpeza de alguma vegetação invasora, mas também na furação das travessas e mudança do tirefonds de lugar. Os anteriores furos são tapados, para impedir que a travessa apodreça depressa.
Fui encontrar aqui as campainhas (Narcissus triandrus) que eu sabia existirem mas que ainda não tinha encontrado. Mesmo sem ter chegado a Primavera, já há muita vida e muita cor na vegetação.
O passeio até à ponte da Cabreira é muito agradável. Foi a sexta vez que fiz este percurso a pé e sempre tive dificuldade em fazer fotografias entre a ponte da Cabreira e o apeadeiro de Codeçais. A zona é muito sombria e o sol a iluminar o cume dos montes só dificulta. Houve alguns momentos de desânimo.
A torga (Erica arborea L) está em flor. Talvez a sua tonalidade alba tenha inspirado um casal de namorados que por ali passeavam, apaixonados. Depois passar o apeadeiro o rio iluminou-se. Apesar do sol estar cada vez mais baixo, a paisagens muda bastante, sendo visíveis muitos vinhedos, alguns novos. Esta é a zona em que uma possível barragem pode causar mais danos em terrenos agrícolas.
Continuei a de dedicar atenção há flora. No barranco da linha aparecem muitas espécies em flor! Até um ramo de violetas (Viola odorata) apareceu para aromatizar a minha tarde!
Foi já quando o sol pareceu pousar na linha à minha frente, no horizonte, por sobre os carris, que me comecei a entusiasmar verdadeiramente com a fotografia. Não são boas condições, fotografar em contraluz, mas é um óptimo desafio. Perdi a pressa, deixei-me levar pela luz doce, embalado pelo barulho das águas e pelo canto dos pássaros que se despediam do dia com doces melodias.
Às seis da tarde cheguei ao apeadeiro da Brunheda. Assaltava-me a dúvida se teria ou não transporte para Abreiro. Desviei-me da linha e subi a encosta procurando sinal de telemóvel.
Com alguma dificuldade consegui ligação com um dos taxistas que faz o serviço da Linha do Tua. Estava com sorte, o táxi passaria pouco antes das dezanove horas. O tempo foi passando e veio a noite. O meu receio era que o táxi não parasse e eu com a luz dos faróis não conseguia distinguir o táxi de qualquer outro carro.
Quase às dezanove horas o táxi parou! Curiosamente já trazia 4 passageiros. A viagem de volta à estação de Abreiro foi rápida e sem história. A noite tomou conta de tudo, apenas brilhavam os carris na minha memória, da cor do ouro.