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No dia 22 voltei à Linha. Fiquei tão fascinado com o
percurso que fiz no dia 15 que passei a semana toda a pensar em regressar. O
Outono é cheio de contrastes, verifiquei isso mesmo mal cheguei ao
Cachão. A vegetação que ladeia o rio já não tinha a mesma coloração da semana anterior. Os choupos perderam todas as folhas, apresentam-se despidos, esperando as geadas do Inverno.
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Os plátanos e algumas outras árvores de folha caduca apresentam ainda
folhas outonais, mas já sem a variedades de tons que gostaria de encontrar. As vinhas em volta de
Frechas também já estão despidas, tal como os diospireiros que apenas suportam os tão curioso frutos alaranjados e ácidos.
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Cheguei depois de almoço, e tomei um café no
Cachão. O sábado estava com um sol desllumbrante mas o ar estava fresco. O percurso que pretendia fazer era curto:
Cachão - Latadas, de onde tinha partido a pé na semana anterior. Como não podia contar com a automotora, tinha que contar em fazer o percurso inverso ou à boleia ou a pé.
À saída do
Cachão foi onde fiz as melhores fotografias de
papoilas na Primavera, mas no Outono esta zona não tem a mesma beleza. Só pelo quilómetro 43º, quando a linha se aproxima mais do rio, me comecei a entusiasmar. Aqui voltei a encontrar aves de rapina e bastantes corvos marinhos.
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Pouco depois ouvi o som característico da automotora a aproximar-se! Não conheço os horários mas gostei de sentir vida na linha. Procurei uma posição em segurança e esperei que ela passasse.
A tranquilidade era grande e passei a
estação de Frechas sem ver uma única pessoa. Desta vez decidi que desceria ao leito da
Ribeira da Carvalha para fotografar a ponte. É impressionante como a ribeira que costuma ter um caudal considerável (lembra-me de aí ter visto muitos peixes) não tem gota de água. A seca que se tem feito sentir nos últimos anos, manifesta-se agora como nunca!
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Passei o
Túnel de Frechas e encontrei um marmeleiro com marmelos mesmo perto da linha. "Massacrei" um
marmelo com o meu flash.
Segue-se depois um
zona onde a linha não tem praticamente curvas até chegar ao antigo apeadeiro de
Latadas. Aqui foram feitas obras de beneficiação da estrutura de suporte da linha. Infelizmente nem esta
zona que foi intervencionada recentemente foge aos problemas que são reportados ao restante da linha, mas deste aspecto falarei noutra altura.
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Quando cheguei ao local de destino eram 16 horas. Restava-me muito pouco tempo para fazer o caminho inverso. Arrisquei ir para a estrada tentar uma boleia. Os carros de grande cilindrada passavam a alta velocidade e certamente não gostariam das minhas botas sujas nos seus tapetes. Estabeleci como limite pedir boleia a 12 carros, acho que cheguei aos 15, depois desisti. Regressei à linha e comecei o caminho de regresso ao
Cachão.
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O sol já bastante baixo, dava um
colorido especial às folhas dos olmos na borda do caminho. Mesmo assim, não tive pressa. A noite foi caindo e vi-me com um desafio original, fotografar a linha de noite. À medida que ia
experimentando o flash e subindo a sensibilidade ao máximo fui-me entusiasmando tentando tirar o máximo partido do colorido das nuvens ao entardecer. Uma das minhas preocupações era a passagem já de noite, em vários locais onde há cães, mas felizmente correu tudo bem.
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Os últimos quilómetros até ao
Cachão foram feitos já com
noite cerrada. Quem em ao longe visse os disparos do flash na noite escura julgaria que por ali andava algum visitante do espaço!
1 comentário:
Se a Refer mantivesse toda a linha nestas condições, alguns dos últimos acidentes não teriam existido!
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