Habituado como estou a percorrer a Linha do Tua em solitário, com todo o tempo que um dia pode dar e o silêncio das fragas, foi com bastante expectativas que me encaminhei para Foz-Tua no dia 4 de Outubro para participar na caminhada organizada pela Associação de Defesa do Ambiente, Campo Aberto. O meu entusiasmo era ainda maior porque há várias semanas trocava email’s com a Associação que pediu a minha colaboração, como conhecedor do terreno. Sugeri várias alterações ao programa inicial, a maior parte delas foram aceites e estava tudo planeado para um grande dia.
A acompanhar-me, desde Vila Flor, estava o meu primo e amigo Adriano, incansável na defesa da Linha que quase lhe tirou a vida a 22 de Agosto de 2008 e que comigo ilustra este texto com fotografias suas.
Chegámos ao Tua pelas 9:30 da manhã. O movimento era pouco mas a situação foi-se alterando rapidamente. Estava prevista a presença de aproximadamente 100 pessoas, metade das quais se deslocariam por meios próprios para o Tua. A lista onde Bruno Meireles ia fazendo uma cruzinha de presença foi ficando completa e pouco depois chegou o autocarro que partiu do Porto com mais meia centena de participantes.
Depois de feitas algumas recomendações, dirigímo-nos para o quilómetro 0 para uma fotografia simbólica do início da caminhada.
Foi com entusiasmo que aquele grande grupo se “fez à estrada”. Crianças, jovens, idosos, homens e mulheres, todos com um sorriso na cara e uma grande vontade de descobrir os gigantes ciclópicos feitos de granito no vale do Tua, começaram a caminhar pela linha.
O primeiro obstáculo assustou alguns. O Viaduto das Presas é como que a porta do vale, juntamente com o Túnel das Presas. Quem consegue passar a porta entra pelo vale numa viagem sem grande esforço, o que causou alguma surpresa em certos participantes.
O grande grupo dividiu-se em quatro grupos mais pequenos, para melhor controlo, que entraram vale a dentro decididos. Nos primeiros quilómetros acompanhei um senhor que apenas pretendia ir até Tralhariz. Veio do Porto expressamente para a caminhada, mas, as suas raízes, estavam aí mesmo, entre S. Mamede de Riba Tua e Tralhariz. Conversámos sobre a história de seus pais e, tanto ele como eu, nos sentimos emocionados. O vale profundo não foi suficiente para afastar seu pai, de Tralhariz e trabalhar na estação, de sua mãe que vivia na outra margem, em S. Mamede. Depois de tantos anos passados voltou ao lugar onde os seus antepassados se cruzaram e foi com um ar muito feliz que se despediu de mim no apeadeiro do Castanheiro.
No meu grupo seguia além do meu primo, Bruno Meireles (especialista na flora), Vânia Seixas e a sua irmã (Parambos tinha que estar representado), mas o diálogo com outras pessoas também foi fácil e não faltaram temas para conversa: a malfadada barragem, a linha do Tua, a linha do Sabor, caminhadas incontáveis que cada um já tinha feito. Em pontos estratégicos fazia-se uma pausa e fotografias dos rochedos, do rio quase seco, da vegetação sedenta de água, até mesmo das costas suadas dos que seguiam à nossa frente.
O depósito de água junto ao apeadeiro do Castanheiro estava cheio, bem fresta, proporcionando a quem dele se apercebeu um bom momento para repor a água e recuperar alguma energia.
O sol foi-se mostrando e quando passámos o Túnel da Falcoeira já queimava nas costas. À sombra dos sobreiros abriram-se as mochilas para o já merecido almoço. Estavam percorridos 9,5 km e o relógio marcava a uma da tarde. Esperava que se juntassem todos naquele local, mas o distanciamento entre os vários grupos já era grande. Parti 45 minutos depois.
A Ponte de Paradela já não assustou ninguém. A passagem por Santa Luzia fi-la a passo rápido na intenção de recuperar a cabeça do “pelotão” coisa que não consegui. Muitos dos caminhantes apresentavam maior frescura física do que eu, avançando a bom ritmo.
Depois de chegarmos a S. Lourenço subimos às termas e esperámos pela chegada de todos os participantes. Foi mais de uma hora de espera. Houve tempo suficiente para uma visita, para um banho quentinho, ou para uma bebida fresca, uma vez que o bar, o velho bar de S. Lourenço, estava aberto.
Em três pequenos autocarros subimos ao Pombal. O lanche estava preparado no Hotel Rural Flor do Monte. A ementa era vasta e cheia de sabores regionais. Assim é que deve ser. De entre todos os petiscos, destaco os peixinhos do rio em escabeche, orelheira com grão-de-bico, rojões e também nabiças com feijão-frade. Do vinho nem vou falar. Para nós que conhecemos a região, basta pronunciar o nome Pombal, para percebermos que estamos a falar de boa pinga.
Ainda faltava a última etapa do programa, a visita ao Castelo de Ansiães. O autocarro com as pessoas que se deslocaram do Porto iniciou o regresso directamente do Pombal. Um pequeno autocarro seguiu para o Castelo. Pensei para mim que não teriam coragem de subir ao marco geodésico do castelo. Passava das 19 horas, era quase noite e depois da caminhada e do lanche a vontade de escalar as muralhas já era pouca (da minha parte). Enganei-me. Não só subiram ao ponto mais alto da muralha, como adoraram o velho castelo e as suas duas capelas, ficando até com pena de não terem mais tempo para explorarem e conhecerem melhor.
Pelas 19:30 partimos em direcção a Foz-Tua. Tínhamos deixado os automóveis junto da estação. Já não houve muito tempo para despedidas, partindo cada um em sua direcção não sem antes fazer um aceno amigável com a mão acompanhado de um “adeus, até à próxima”.
Foi um dia fantástico, dizia-me o meu primo. Quando lhe disse que o rio estava seco, as plantas amarelas e não havia flores, respondeu-me com toda a sabedoria – mas havia pessoas.
E é com as pessoas que termino. Foi bom encontrar tanta gente que gosta de passar um domingo a caminhar longe de todas as mordomias do mundo moderno. Foi bom encontrar alguns amigos, alguns já conhecidos outros ainda só do mundo virtual, mas que agora têm rosto.
À associação Campo Aberto o meu agradecimento, deram um bom exemplo a autarcas, agentes da sociedade civil e movimentos: se houver organização as pessoas vêm, e muitas.
Fotografias na Associação Campo Aberto
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terça-feira, 6 de outubro de 2009
sábado, 25 de julho de 2009
Na boca do vale
sexta-feira, 3 de julho de 2009
Túnel e viaduto das presas

O viaduto e o túnel das Presas funcionam como que o "portal" de entrada na Linha do Tua. Depois de passarmos este local, os olhos deliciam-se coma paisagem inigualável.
terça-feira, 19 de maio de 2009
Os primeiros 4 quilómetros

O vídeo é uma pequena amostra da zona em risco.
sexta-feira, 6 de março de 2009
quarta-feira, 6 de agosto de 2008
domingo, 20 de julho de 2008
Túnel e Viaduto das Presas

Saída do Túnel das Presas e entrada no Viaduto das Presas, em obras. Construidos no séc. XIX são das obras mais notáveis de toda a linha. Um túnel com 137 metros de comprimento, seguido de um viaduto cravado nas rochas da encosta.
Sentido Mirandela- Foz-Tua.
01 de Maio de 2008
quinta-feira, 17 de julho de 2008
Viaduto das Presas
sábado, 3 de maio de 2008
Na Linha do Tua - 4

No dia 1 de Maio tive tempo para mais uma etapa "À Descoberta da Linha do Tua". O meu plano era fazer o percurso que vai da estação da Brunheda a Foz Tua em duas caminhadas ao longo da linha. Mas, com os acontecimentos mais recentes que levaram ao encerramento, precisamente, desse troço da linha, as coisas complicaram-se. Acolhido de um ímpeto daqueles que é difícil controlar, decidi fazer todo o percurso numa só etapa.

Do apeadeiro de Brunheda a Foz Tua são 21 quilómetros. Além da distância, tinha que jogar com os horários da automotora para não ter que levar o carro até muito longe daqui ou ter que estar a incomodar outras pessoas. Depois da experiência entre o Cachão e Mirandela, achei que 21 quilómetros estavam dentro das minhas possibilidades para caminhar, não sabia era se a fotografia me iria deixar tempo para fazer todo o percurso. Caso não conseguisse, as dificuldades em voltar a casa seriam mais do que muitas, visto que, entre a ponte na Brunheda e o Tua, não há nenhum local com grande movimento de pessoas ou de viaturas.

A força de um desafio, ultrapassa por vezes a razão, e, na manhã do dia 1, estava bem acordado mal despontou o sol. Tinha planeado tudo muito bem durante a noite: ia de automóvel até à Ribeirinha; seguia de automotora até à Brunheda; tomaria o táxi que faz o transbordo dos passageiros até ao Tua; teria aproximadamente 6 horas para fazer o percurso, linha acima, a tempo de voltar a apanhar a automotora na Brunheda próximo das 19 horas.
Preparei a mochila. Vai estar calor ou vai fazer frio? Quanta água vou beber? Levo uma lanterna? E o almoço? Sou muito prático com todas estas coisas e alguns anos de caminhadas deram-me alguma experiência.
Às nove horas já andava a fotografar as ruas mais típicas em Vilas Boas. Desci calmamente até ao Rio Tua. O dia prometia. Estava fresco, havia muito orvalho mas quase não se viam nuvens. O amarelo das maias contrastava com o verde das oliveiras. O monte do Faro parecia ainda não ter acordado, mas a Serra dos Paços, no concelho de Mirandela, estava radiante, esticada ao sol.

Quando cheguei à apeadeiro da Ribeirinha, o meu amigo Abílio ficou contente por me ver. O sr. Abílio é o “guardião” da linha. Mora na estação e conhece toda a linha palmo a palmo. Veio da Urrós, Mogadouro e por aqui trabalhou enquanto os ossos aguentaram. Quando fala, recorda com saudade os tempos em que percorria a linha, a altas horas da madrugada, fazendo reparações aqui e além, para que no dia seguinte tudo estivesse pronto. Nota-se-lhe na voz algum desalento e fala do encerramento da linha, como fala da sua hérnia ou nas suas pernas que já demoram a obedecer. Caminhámos perto da linha durante alguns minutos. A erva alta encharcou-me as botas. Já nem há burros na Ribeirinha para pastarem aquela viçosa erva, há apenas um burrico e uma mula, para puxar uma carroça ou para lavrar alguma pequena horta.
Andávamos por ali entretidos com a conversa, quando chegou outro automóvel. Trazia 4 técnicos que vestiram os seus coletes florescentes e se puseram a fazer medições, via fora, resistindo aos nossos olhares desconfiados.

Às dez e trinta minutos chegou a automotora. Com medo que não parasse, acenei-lhe, mas a Ribeirinha é paragem obrigatória.

Decidi fazer o percurso ao contrário do que tinha planeado, sairia da Brunheda em direcção a Foz-Tua. Mal o táxi arrancou, desci à linha, não tinha tempo a perder.

Foi um início de caminhada fantástico! Todos os elementos naturais se conjugaram de forma tão perfeita que receei, logo ali, não ter tempo suficiente para chegar ao Tua.

A primeira paragem foi no apeadeiro de Tralhão. Nem todos saberão, mas tralhão é uma designação regional para uma ave. Este apeadeiro fica plantado aqui no meio do nada. Penso que serviria a aldeia de Pinhal do Norte, mas desconheço se há alguma estrada que lhe dê acesso. Não tem telhado mas sim uma placa de betão, transformando o apeadeiro num interessante miradouro sobre a linha e sobre o rio. Subi as escadinhas e tirei algumas fotografias. Nas traseiras do edifício há um curioso forno, de forma rectangular, coberto por um telhado com duas águas.

Um pouco depois, numa curva da linha, avistei algumas casas cravadas na encosta em frente. Era S. Lourenço. O tempo parece ter parado nas ruínas das casas. Há mais de duas décadas passeei bastante por este local. Não fora o edifício da estação e eu dizia que nada por aqui mudou. As velhas casinhas com alpendre de madeira lá continuam, em ruína, como sempre estiveram. Bem gostava de ter subido junto à fonte, pedir ao santo boa sorte para a caminhada, visitar a pequena capela, quem sabe beber uma garrafa de água fresca na taberna onde tantas vezes comprei tremoços, nas tardes de domingo.

Concentrei-me de novo na linha. Faltavam-me 15 quilómetros para o Tua e, embora tenha planeado o percurso do Tua para a Brunheda, sentia que me estava a atrasar. Pouco depois de deixar a estação das termas de S. Lourenço, encontrei um dos rochedos mais pitorescos de todo o percurso. Parece plantado entre a linha e o rio por uma mão poderosa, para nos impressionar, qual estátua de basalto na ilha de Páscoa. O céu, agora com bastantes nuvens, criava zonas de sol e sombra complicando a fotografia. Esperei alguns minutos que a construção se iluminasse e disparei algumas fotografias sem grandes preocupações de enquadramento.

Continuei a viagem, desta vez em passo bastante apressado. Nem a visão fugaz do primeiro medronheiro me fez abrandar. Esta zona é bastante bonita. Há muita vegetação, constituída principalmente por giestas, zimbros, sobreiros e pinheiros literalmente cravados nas rochas. O rio corre muito próximo, apertado de ambos os lados por grandes blocos de granito tão duro que raramente evidencia marcas das correntes de séculos. Não resisti a um tufo de madressilva pendurada sobre o rio e descansei um pouco.

Numa curva da linha avistei o Amieiro. A pequena aldeia, pendurada na montanha, é muito fotogénica. Era uma e meia da tarde e nada mais se ouvia além do som da água batendo em rochas ciclópicas. Que panorâmica magnífica se deve ter desta aldeia! Senti curiosidade em conhecer o teleférico, ou o que resta dele, que traz as pessoas para a estação de Santa Luzia. De um lado do rio a aldeia, do outro a pequena estação rodeada de rochedos que ameaçam esmagá-la a cada instante. É um lugar solitário, de paz, onde apetece parar e deixar o tempo passar, sem preocupações. Saí dali com pena, a passo lento. Aproveitei para comer alguma coisa, enquanto caminhava. Estava sensivelmente no quilómetro doze. Pouco depois atravessei uma ponte, penso que se trata da Ribeira do Barrabáz. No alto das montanhas é a Aborraceira, um local onde espero ainda ir um dia.

Entre o quilómetro 9 e o 10 há um túnel, em curva, o maior de todos os seis que existem na linha. É o Túnel da Falcoeira. Apesar do nome sugerir aves de rapina, não vi nenhuma durante todo o percurso. Curiosamente o dia não estava muito bom para observação de aves. Quase posso resumir a lista de aves que vi : perdizes, pombos-torcaz, melros, melros azuis, tentelhões e andorinhas das rochas. No que toca à flora, destaco o medronheiro de que já falei, a giesta (Cytisus scoparius), a urze (já sem flor), a dedaleira (Digitalis purpurea L.), encontrei uma completamente branca, nunca tinha visto, espadana dos montes (Gladiolus illyricus), madressilva (Lonicera etrusca)…entre outras.

Também encontrei bastantes ninhos de pequenos passeriformes nos barrancos da linha. Alguns deles tinham ovos.
O rio faz um apertado cotovelo e, logo depois, aparece o pequeno apeadeiro de Castanheiro quase escondido na encosta. Perto deste havia dois ou três veículos automóveis e junto ao rio estava uma meia dúzia de homens. Estavam todos entretidos, pelo que pude perceber a estripar peixes! Perto deles, nos rochedos, estava uma enorme panela de ferro, daquelas que usavam para cozer os ossos das alheiras! Deu-me impressão que se preparavam para fazer uma valente caldeirada. Reconheci alguns, eram de Carrazeda de Ansiães. Ainda pensei em ir conversar com eles, mas segui viagem.

Pouco depois encontrei uma zona da linha que parecia ter sido mexida recentemente. Devia ser o local onde ocorreu o acidente de 12 de Fevereiro de 2007, em que perderam a vida três pessoas. O local não é, nem mais, nem menos perigoso, do que a maior parte da linha. Nos percursos que já fiz, vi com frequência pequenas pedras que se desprenderam por causas naturais e rolaram até perto da linha. Em muitas locais já foram colocadas protecções, mas é impossível coloca-las em todos os locais onde há perigo. Viajei bastante na linha do Douro e sempre tive receio que um dia o comboio descarrilasse para o rio. Felizmente nunca aconteceu.
Entre o quilómetro 5 e o quilómetro 7 há dois túneis. Este sim é um local assustador. Entre os dois, o Túnel Fragas Más e o Túnel do Boitrão, a linha é suportada por uma estrutura de betão com alguns metros de altura. É uma das zonas mais agreste e a mais assustadora de todo o percurso.

Neste local há uma outra atracção, mas do lado oposto do rio, em território do concelho de Alijó. Trata-se de um conjunto de pequenas cascatas, que só terminam quando a água da Ribeira de S. Mamede atinge o rio. Tive sorte porque a ribeira ainda corre bastante água e a paisagem estava um encanto.
Pouco depois surge um outro túnel, o Túnel da Aveleda que antecede a no apeadeiro de Tralhariz. A paisagem muda bastante neste local. Começam a ver-se muitos socalcos com oliveiras principalmente na margem esquerda do rio. As vinhas também começam a marcar presença.

A luz começava a estar mais baixa, tentando entrar pelo vale acima. O céu perdeu o brilho da manhã e início de tarde, mostrando-se agora cheio de neblina com a luz difusa. Quer os meus olhos, quer os meus pés já ansiavam por ver os vinhedos do Douro, mas ainda faltavam 3 quilómetros. Perto da foz do Tua as margens ganham de novo altura e a dureza do granito. O leito estreita-se formando uma garganta de paredes verticais de rocha pura e nua. É neste local que se planeia a construção da barragem. Já se avistava a ponte sobre o Tua e os vinhedos do outro lado Douro. Depois de um pequeno túnel há uma ponte metálica, o Túnel e a Ponte das Presas. À volta da ponte, há uma estrutura metálica e obras de restauro na mesma.
Já se avistam as casas de Foz Tua e o olhar alonga-se ao correr do Douro.

Cheguei à estação às seis horas menos um quarto. A calma era total. Entre sentar-me num banco a descansar um pouco, comer alguns mantimentos que ainda tinha comigo, ou dar um passeio pela estação, admirando velhas glórias dos caminhos-de-ferro que por ali se encontram, optei por esta última. Há algumas composições da via estreita que vão morrendo aos poucos. As portas estão abertas, arrancam-lhe os bancos, as lâmpadas e partem-lhe os vidros. O cenário é degradante.
No interior da estação há algumas peças museológicas dos caminhos-de-ferro. Estas sim, bem cuidadas e apresentadas.
Chegou uma composição procedente do Pocinho e uma outra do Porto. Ambas partiram rumo aos seus destinos e eu abandonei a estação à procura do táxi. Na viagem de regresso éramos apenas dois passageiros e o revisor. Mantivemo-nos os três, até que abandonei a composição do metro, na Ribeirinha.

O percurso de regresso a Abreiro até é interessante, mas não me parece que seja o que os turistas que vêm viajar na Linha do Tua, pretendem ver. Saímos do Tua às 18:22 e fizemos o seguinte percurso: Ribalonga, Castanheiro, Paradela, Pombal, Pinhal do Norte, Brunheda, Sobreira, Milhais e Abreiro . Perto da Sobreira cruzámos com outros dois táxis que faziam o percurso inverso.
Às 19:35 estava de volta à Ribeirinha. Tinha o sr. Abílio à minha espera, para saber as novidades sobre a linha.
Subi a Vilas Boas quando os últimos raios de sol quente iluminavam o cabeço de Nossa Senhora da Assunção. Vinha contente. Tudo correu bem. Fisicamente sentia-me bem. O dia também esteve agradável para caminhar, não fazendo muito calor. Não tive nenhum percalço no percurso, o que teria sido muito mau, uma vez que só há rede de telemóvel (da rede que uso) no Amieiro e depois de deixar o Tua em direcção a Ribalonga.

Em termos fotográficos, foi um dia muito produtivo. Depois de apagar algumas fotografias exageradamente falhadas, sobraram 1390, que dá uma média superior a 6 fotografias por cada 100 metros. Preferia ter feito o percurso em duas etapas. Teria tido mais tempo para dedicar a determinados aspectos da fauna e da flora, até mesmo da linha e do rio, que gostava de explorar. Quem sabe se esta não foi só a minha primeira viagem a pé, de Mirandela a Foz Tua?

Ligação para a 2.ªetapa entre a Brunheda e Ribeirinha
Ligação para a 3.ªetapa entre a Cachão e Mirandela
Ligação para a 4.ªetapa entre a Brunheda e Foz-Tua
Do Blog: À Descoberta de Carrazeda de Ansiães
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