sábado, 29 de junho de 2013

Algumas ideias para a Linha do Tua

Dear Sir, Madam,
First of all, accept my apologies for not writing in Portuguese, my knowledge of your language is unfortunately much too weak...
I recently visited the Tua line: It is the only scenic narrow gauge line for which all the infrastructure is basically still in place to allow some kind of railway operation. The other line, the Vouga line, is not as beautiful as far as the scenery is concerned and is still operated by CP. Other lines have been dismantled (Corgo being the last one).
In many other European countries, private volunteer organisations operate scenic trains, so why not in Portugal?
The first step is to make a call for railway enthusiasts to set up an organisation and collect funds. Then you could buy a second hand diesel to operate some trains with selected cars from the ones that are standing in Tua station, following an agreement with the infrastructure owner (REFER).
The second step should be to contact an other European organisation that operates narrow gauge steam engines and have an agreement with them to operate one of their steam engines on the Tua line. HSB (Wernigerode, Germany) is the best to my eyes for that purpose. All steam engines in Portugal are beyond repair and none is in state good enough to be put on steam. So a foreign loco is required.
Interested partners should be:
  • - Mirandela authorithies (the train would attract tourist to Mirandela)
  • - CP (the Tua tourist train would complemente their own Regua-Tua "comboio histórico"
  • - Owners of businesses in Tua station and along the line (The train would attract clients)
  • - "Rabelos" operators on the Douro river (idem).
There is to my knowledge no other scenic tourist (privately) operated train in Portugal. So there may be a "business case" for this project providing that you could drum up enough volunteers and support, both local and foreign.
Hope my suggestion will attract someone's attention.
Kind regards,

Jean-Louis Couvreur.
Belgium.
Lover of the Douro region and of scenic trains.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

sábado, 22 de junho de 2013

sábado, 8 de junho de 2013

De Brunheda a Foz Tua, pela Linha

Já decorreu algum tempo desde que fiz a última caminhada na Linda do Tua, embora por lá tenha passado por diversas vezes, nalgumas iniciativas. Mas percorrer a linha, focando toda a atenção no vale do Tua, na linha e no rio, é uma experiência que não me canso de repetir.
O desafio partiu de um amigo de longa data, defensor da Linha do Tua e entusiasta da fotografia. Foi alargado a um grupo de pessoas, mas por questões de agenda, de logística ou outras, acabámos por ser apenas 3 a aventurarmo-nos nesta caminhada de cerca de 20 km.
Caminhar foi uma das componentes, porque houve tempo para muita conversa, muita curiosidade sobre aspetos relacionados com a linha e outras estruturas por onde passámos e muitas fotografias, paixão comum aos três caminheiros.
A caminhada teve início junto à estação de Brunheda, ainda bastante cedo. O céu estava muito nublado com algumas abertas, muito pouco convidativo à fotografia, mas há sempre desafios que utilizar a pouca luz existente. Já havia muitos pescadores nas margens do rio.
 A primeira curiosidade, já por mim verificada na estação de Abreiro, é a de que alguma tipo de estrutura se tem deslocado sobre os carris. Tivemos alguma atenção e os carris são usados até muito próximo de S, Lourenço. Aí há um desvio há uma rocha na linha, originada numa queda, e o que quer que tenha circulado teve que voltar para trás.
A estação de S. Lourenço foi vandalizada. Já passei várias vezes por lá e estava sempre fechada, mas desta vez estava aberta. Este edifício é de construção recente e nunca despertou a mínima curiosidade. Desta vez entrámos, para ver os estragos. Foram roubados lavatórios, sanitas e portas, pouco mais havia para roubar.
Após S. Lourenço a paisagem é de puro maravilhamento (se é que a palavra existe). Perder-se a ligação com a "civilização", saber que não há hipótese de desistir e que o único caminho é seguir em frente, dá oportunidade de  olhar todo o espaço em redor de uma forma única. A companhia do barulho das águas, a agressividade da escarpa rochosa, a beleza natural com que esta época do ano veste cada centímetro de terra onde as raízes se podem fixar.
Para completar esta paisagem poética surge a aldeia do Amieiro. Vista da outra margem, é difícil imaginá-la com ruas estreitas, íngremes, cheia de casas humildes e e de gente idosa. Vista da linha não é mais de que um aglomerado de casas carinhosamente colocados na encosta, tal qual como colocamos a cabana e os pastores no musgo do presépio. É isso que o Amieiro é, um presépio.
O rio percorre um caminho cada vez mais agreste, visível nas escarpas rochosas que limitam e  orientam o seu caminho há milhares de anos.
Junto ao Castanheiro paramos para almoçarmos. Uma forte chuvada obrigou-nos a esperar alguns minutos (poucos), antes de descermos à bonita praia de areia branca que está próxima desta estação. Confesso que nunca tinha descido ao rio! Sempre que por ali passei a vontade de continuar foi mais forte do que a de descer ao rio e explorar a bonita praia e o conjunto de azenhas que ali deve ter existido. A companhia e o fato de  estarmos sem qualquer necessidade de cumprirmos horários fez com que esta fosse um boa oportunidade de conhecer esta pequena praia.
Pude verificar que o mexilhão que habitualmente apanho rio Sabor também existe no Tua. As conchas bivalves que encontrámos indiciam que são de um tamanho considerável.
Pouco tempo depois chegámos a Tralhariz. A paisagem continua  a ser magnífica não fosse o facto de já se avistar na outra margem o aterro retirado das obras da barragem. A  magia perdeu-se, nem a doses laranjas roubada, num terreno abandonado têm o mesmo sabor. A atrocidade que estão a fazer com a construção da barragem é de uma crueldade que dói.
Ao quilómetro 3 somos obrigados a abandonar a linha. É perigoso e proibido continuar. A linha já não existe, o rio já não existe. Ambos foram dominados, humilhados, desviados do seu caminho.
Subir até à aldeia de Fiolhal, não é fácil. Apesar de ser uma pessoa habituada a andar e do dia não estar especialmente quente foram precisas algumas paragens para chegarmos perto da aldeia.
 Aproveitámos para procurar alguns pontos estratégicos para observar as obras da barragem. O sentimento dominante não era de resignação, mas sim de revolta. É difícil aceitar os argumentos do desenvolvimento, da reserva de água, da beleza que o vale pode vir a ter ou da energia que poderá produzir. Não somos "turistas", esta é a nossa terra, este é um património que nos estão a tirar sem hipótese de vislumbrarmos benefícios, além dos evidente para a EDP.
A destruição já é muita, mas nada que fosse impeditivo de parar definitivamente as obras. Aos defensores da teoria de que agora já não vale a pena parar as obras porque o mal já está feio, só me apetece perguntar: aceitariam casas uma filha com alguém que a violou? O mal já foi feito.
Já tínhamos um carro em Fiolhal, deixado lá às primeiras horas do dia. Gostaríamos de ter  continuado pela linha até Foz-Tua, mas não nos restou outra alternativa senão a de descermos pela estrada.
Já em Foz-Tua fomos até à ponte rodoviária sobre o Tua. A paisagem em redor é desoladora. Muitos pescadores enfrentam o perigo e continuam a pescar na zona das obras.
Num restaurante da aldeia constatámos que os benefícios de ter muitos clientes das obras, sobretudo a mão de obra mais qualificada e com salários mais altos, não resulta num encaixe que permita a satisfação. Servir bem, produtos de qualidade, incluir entradas e vinho de marca, e cobrar 6€ por refeição, é caso para dizer, mais valia estar parado.
Esta fotografia já foi tirada há algum tempo atrás
Chegámos ao fim da nossa viagem satisfeitos. Tivemos pena que não houvesse mais gente para nos acompanhar, mas, se calhar, não podíamos ter feito o percurso como o fizemos.
Estou com esperança que esta não seja a minha última viagem no vale do Tua. Não porque acredite que os responsáveis políticos deste país ganhem juízo, nem os autarcas aqui ao lado o têm (o capital domina a nossa existência), mas porque não aceito despedir-me tão rápido desta paisagem única, uma das maiores riqueza da nossa região.

GPSies - Brunheda_Fiolhal