Realizou-se no dia 22 de Agosto uma caminhada ao local do último acidente na linha do Tua de que resultou uma vítima mortal. A iniciativa foi da COAGRET (Coordenadora de Afectados pelas Grandes Barragens e Transvases), e juntou algumas dezenas de pessoas.
Os participantes partiram da estação dos caminhos-de-ferro em Mirandela, ou no Metropolitano, ou em viatura própria, até ao Cachão. Seguiram depois de autocarro até à estação de Abreiro/Vieiro onde tomaram a palavra as várias entidades representadas. Para além da COAGRET, fizeram-se também representar nesta iniciativa, o Movimento Cívico da Linha do Tua, a Quercus, o Bloco de Esquerda, Os Verdes e a Câmara Municipal de de Mirandela. Estiveram também presentes alguns dos passageiros que seguiam na composição em 22 de Agosto de 2008, acidentada pouco depois da passagem pelo apeadeiro da Brunheda, causando um morto e vários feridos.
A iniciativa teve como objectivos principais homenagear as vítimas mortais dos acidentes na Linha do Tua, insistir no apuramento de responsabilidades e defender o melhoramento da linha, inclusive o seu prolongamento até Puebla de Sanábria, com ligação às linhas de alta velocidade da rede do país vizinho.
Após uma conferência de imprensa na estação de Abreiro/Vieiro, em que as várias organizações representadas usaram da palavra e foram entrevistados por órgãos de comunicação social, entre os quais, dois canais de televisão, teve início uma caminhada que levou os participantes ao local do acidente de Agosto de 2008.
O calor era intenso, mas ninguém se queixou. Os presentes, representantes das organizações e apoiantes da manutenção da Linha chegaram ao apeadeiro de Brunheda perto das treze horas e trinta minutos. Após uma almoço ligeiro, dirigiram-se ao local do acidente, onde três passageiros que seguiam na composição que fez a última viagem no dia 22 de Agosto de 2008, depuseram uma coroa de flores em memória de Olema Barros, que faleceu no acidente. Um terceiro passageiro ficou no apeadeiro da Brunheda, ainda incapaz de enfrentar a dor e os fantasmas que se instalaram na sua vida. Estas pessoas que seguiam na composição no dia 22 de Agosto de 2008 não desejam a morte da linha, desejam sim o apuramento de responsabilidades e as obras necessárias para a manutenção da linha como atracção turística e factor de desenvolvimento local.
Como seria de esperar, as autarquias, à excepção da de Mirandela, mantiveram-se à margem do acontecimento. Elas é que podem ser acusadas de coveiros da Linha do Tua, juntamente com as entidades que deveriam ter mantido a estrutura da linha e o material circulante em perfeitas condições de segurança, e não o fizeram.
Outras iniciativas relacionadas com a Linha do Tua vão acontecer nos próximos tempos. Também a Linha do Tua se tornou uma questão política, condenada à partida, caso o actual governo consiga votos suficientes para continuar a sua forma déspota de governar. Aos que ainda acreditam na Linha só resta continuar a lutar pela manutenção deste património inigualável e que é necessário não perder.
Eu participei nesta iniciativa porque me senti solidário com as vítimas do último acidente e com as dos restantes, mas também porque partilho da maior parte das ideias que defendem as organizações presentes.
Gostei de conhecer “cara a cara” companheiros de luta pela Linha do Tua: Daniel Conde, Manuela Cunha e Mário Carvalho. Apesar dos email’s trocados, nunca nos tínhamos encontrado pessoalmente. Também gostei de ter como companheiro de caminhada Jorge Delfim, que já várias vezes me desafiou para caminhadas “fotográficas” na Linha do Tua. Um forte abraço também para o meu primo e amigo Adriano Pereira e esposa, ambos passageiros na viagem do metro a 22 de Agosto de 2008, que fizeram que questão de estar presentes, tal como o têm feito noutras ocasiões em que testemunhos positivos são necessários. Vamos continuar a encontrar-nos porque Trás-os-Montes é a nossa paixão.
5 comentários:
Anibal, Trás-os-Montes é a nossa paixão, dizes bem!
Como a Linha do Tua não sabe nadar tem de ser gente da nossa estirpe a defendê-la desses coveiros que a troco de patacas a querem submergir nas águas de uma hipotética barragem.
Se eles querem barragem, que façam mini-hidricas, acrescentando mais-valia, sem destruir o património ferroviário, cultural e paisagístico do vale do Rio Tua.
Sabes, Anibal, o Arquitecto do Universo dá-me energia vital para continuar a acreditar que a Linha que é Tua, minha e de todos nós, vai ser salva! Em segurança e sem medo de descarrilamentos, ainda havemos de fazer juntos, com as nossas famílias, uma viagem no Comboio do Tua!
Gostei do teu texto. O que se escreve com paixão e rigor, como tu fazes, contagia os leitores. Parabéns!
O Adriano concedeu-me uma oportunidade fantástica, qual foi a de fazer um percurso que me encantou e participar numa celebração que bem merecia ter tido muito mais interessados presentes.
Acresce que conheci gente muitíssimo interessante mas, fiquei particularmente feliz por ter contactado pessoalmente com alguém que já não era desconhecido nestes encontros do éter que nos vão aproximando.
Aqui fica, então, um grande abraço para si, Aníbal, que, ainda por cima, é primo do meu grande amigo Adriano, cujo comentário, aliás, subscrevo inteiramente.
Celestino Chaves
Parabéns ao grande fotógrafo do Vale do Tua!
Mas, grande Aníbal, há dois erros a corrigir no texto:
1- a Manuela Cunha esteve a representar o Partido Ecologista "OS VERDES" e nunca o PCP (ou a coligação entre os dois). Aliás a COAGRET não o permitiria porque o PCP tomou sempre até agora uma posição favorável às máfias hidráulicas no caso do Baixo Sabor! Mas tem vergonha e não o diz alto (já pedi 7 vezes clarificação... e clarividência. Mas a dialéctica é um cobertor curto).
2- Este representada a Câmara Municipal de Mirandela através do Chefe de Gabinete do Presidente que, por acaso, também é o Presidente da Junta da Freguesia de Mirandela.
Nestes dois casos lembro-me bem de ter feito as referências correctas nas apresentações a cada um dos intervenientes, pelo que se trata de uma falta de rigor na tua reportagem (que nestes casos...). Mas conta a intenção e contamos sempre contigo! NÓS SABEMOS QUAL É A TUA: TAMBÉM É A NOSSA - CONTRA OS LADRÕES, MARCHAR, MARCHAR :-]
Foi com enorme prazer que participei nesta iniciativa, lutando por uma boa causa, defendendo a linha do Tua, não esquecendo as vitimas dos acidentes que aconteceram,talvez devido ao mau estado em que se encontra a linha (travessas podres; parafusos soltos e carris gastos, etc...)
Tive o privilegio de conhecer pessoas que até aqui apenas conhecia pelo nome representando as entidades participantes bem como outros participantes, como o Adriano que apenas conhecia do seu blogue. Foi um prazer ter conhecido todos os participantes e ter caminhado com eles em defesa deste rico patrimonio que é a linha do Tua, contra assim à construção de uma barragem, que penso eu não irá trazer grandes beneficios para a região, irá sim é acabar com a linda paisagem envolvente ao rio Tua e algumas especies existentes neste rio.
Foi um prazer ser acompanhado pelo Aníbal neste passeio pedestre
ao longo da linha, tendo-o já desafiado como ele diz, várias vezes para umas caminhadas na linha.
Cumprimentos a todos os envolvidos nesta iniciativa.
Jorge Delfim
Obrigado pelas correcções feitas ao texto Pedro Couteiro. Apesar da falta de rigor que dizes ter foi escrito por mim, e serviu às mil maravilhas a um tal jornalista Fernando Pires, do Mensageiro, que aqui veio beber bastante da notícia que publicou no jornal.
"homenagear as vítimas mortais dos acidentes na Linha do Tua, insistir no apuramento de responsabilidades e defender o melhoramento da linha, inclusive o seu prolongamento até Puebla de Sanábria, com ligação às linhas de alta velocidade da rede do país vizinho." Parece-me ter sido eu a escrever isto e sem citar ninguém.
Não falta quem se aproveite do esforço dos outros...
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