![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhoMQFfLZt4kUsU91D_JVKjq_J6iMHrAXo1Z4TpF4_B3rJMH0HD7TlHgBoaTeKFyHKzu6KR41wI8E9RNlXW9eHhC8MGT7HKLJijAHz8uMjhuWsE7My91_9DM8arUlqGEISMUhMn1pOe57E/s400/codecais17.jpg)
Ontem foi dia de mais uma etapa À Descoberta da Linha do Tua e do Rio. Depois da experiência da primeira etapa que me levou do Cachão à Ribeirinha, pensei na melhor maneira de continuar, em direcção ao Tua. Optei por descer parte da linha na automotora, partindo da Ribeirinha e fazer o caminho de regresso caminhando (2). Depois de estudar um pouco a linha, achei que podia caminhar da Brunheda até à Ribeirinha, e foi isso que eu fiz.
O dia estava bonito, sem nuvens, quente, a convidar para o passeio ao ar livre. Pouco depois das 10 da manhã já estava na Ribeirinha.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEDOHH-HzA-FLtM2Cm1kUcdsm4-Uvq9Zs1oJUbxWTa_L0Uo0Y6YqVO5r3oCi8OtNMP6bHToB8Kpd4xZOGJOEayw12IR5xZ_td2V3d1nAz-CHlQrSTbboFBUO7RNYxsteVl7EHRFwv5gbI/s400/codecais19.jpg)
Estacionei o carro e ainda tive tempo de ir até ao rio tirar algumas fotografias. Às 10:30 chegou a automotora. Transportava 8 viajantes, o condutor, o revisor e um cão. Não era o único interessado em registar as belezas da paisagem em fotografia, havia pelo menos mais três pessoas. Em Abreiro entraram mais 4 pessoas, sem bagagem, com todo o aspecto de viajarem por prazer.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdeOTUIFLJDIGntDLjnxn7QFPTE5TPQI0v6MA_hj0nPnD6-K8W0c6tZ9AZen-DPrcronAIoDNIdEIAhIZmkQA7e0I20KJ1QUCxOvRgQwue9qMAiJPlgYvldPgb1DPyyuIUYLBv44uE7J3r/s400/VilaFlor1005n.jpg)
Quase sem dar conta, estava na Brunheda. Desci da automotora e esta continuou em direcção ao Tua. Comecei a minha caminhada de regresso exactamente às 11 horas. Calculei que percorrer o caminho me levasse 2 horas e 3 para tirar fotografias.
Na maior parte do percurso não há caminho e por isso tinha que caminhar pela linha. Onde fosse possível e interessante, deixaria a linha e desceria até ao rio. Também tinha por objectivo fotografar a flora e fauna. O ano corre muito seco e não há muita vegetação. Com as temperaturas amenas que se fazem sentir, há muitas plantas floridas e por isso não me faltariam motivos para fotografar.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEho15izISnfsidgf6sTVFFUXsFrRnPLsC9nfyzKlNZ1aJRaXVEdcRxD0LDAtccsLTvqRdKy8l80VEigWgv2ruEOoLI8Scgi-WL8dufP_4HVylghaKtTmNq-W1SrxgoYDUXMgBlpikB8tE8/s400/brunh007.jpg)
Pensei em subir à ponte para ter uma boa perspectiva da linha e da estação, mas desisti, isso ira levar-me bastante tempo.
A primeira coisa que me surpreendeu, foi a quantidade de vinhas que estão a ser plantadas nas encostas do Tua! Havia muitos grupos a trabalhar em novas vinhas. Ao contrário do que se imagina, neste local, há nas duas encostas do rio muitas terras ainda cultivadas. A maior parte são vinhas, mas há também oliveiras e amendoeiras. A segunda, foi a quantidade de ninhos que há nos barrancos da linha.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMnJbKXRMFwVV8zWIJY7u6pByjqaTuf1rWBncbcPkZ6Xn-Ux9VCFzdjawmFzSK5IGIZ9DF2KAaDrYJvmnAIxC7p_QCrpSN09849OG6NTLon2WxOhghSo8bZ4FAzQJM3nnJAcNlUCo6TwQ/s400/brunh006.jpg)
Tinha andado cerca de dois quilómetros quando me surgiu a primeira açude. Havia ainda as paredes de uma azenha e como o acesso era fácil, desci ao rio. A construção é grande e robusta. As mós ainda lá estão. Estava eu entretido a tentar fotografar o movimento da água quando um melro-da-água (Cinclus cinclu) vei-o investigar-me. Fiquei excitado, é uma ave difícil de fotografar, não desperdicei a oportunidade. Ao longo de todo o percurso observei muitos cágados, alguns enormes. Estão sempre muito atentos e é difícil aproximarmo-nos deles. Também observei algumas garças-reais, perdizes, melros e melros azuis (Monticola solitarius, como eu). Curiosamente não vi nenhuma ave de rapina.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEged8ni3fayZD2-nPA2maupHrJmMfXLlJkHg0mV9u9zFZJg0qPQmuG3zlbqifQU-vjVu9NBo_B6jNrWyoktb-fKrHKLCy9DZBSmqWc5yTdAoUGjBBeEY4dOVY0Dtz5G0_xEF1AS2nVuCv0/s400/brunh005.jpg)
A segunda açude vim a encontrá-la junta à estação de Codeçais. Também aproveitei para descer ao rio e fazer algumas fotografias. Na ombreia da porta da azenha pode ler-se com facilidade os anos de 1879 e 1939. Neste ponto, faz-se a divisão de 3 concelhos: Carrazeda de Ansiães, Murça e Mirandela. Pouco depois de subir à linha, passou a automotora em direcção a Mirandela.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhthyfwKKMyj0rq61BG3FFWq0j5-Gv7GrRsdVBL8a1O4ZtxzcyA5H_nAjGzyY7RgekthNPQcI4zSHdE1464oU1G99MwNYh53hQfYWIFhaS4zYvif3FGA_Jab1jS4vecPU1qsd4ipP6waNM/s400/codecais20.jpg)
Nesta zona a vegetação é composta por giestas, freixos, choupos, sobreiros e carrascos. Há também algumas estevas, pilriteiros, torgas e gilbardeiras. Os pilriteiros (Crataegus monogyna) estão particularmente bonitos, carregados de flor, branca, miudinha e cheirosa. As plantas anuais e muitas bolbosas também estão em flor, despertando a minha atenção. Isto já para não falar das violetas selvagens que se encontram ao longo do rio, dos pequenos amores-perfeitos selvagens que estão por todo o lado.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjMw8Vh_g3-xuOolQy0qYvTIgEZZBvHWWIejyC5DbQI9574m9_Q_dcMMJn9CK7tKXARJAE4c2pG-1gr-7D34jJ2WWlRNoQQKS0HUpghJoS2Kdsu9qPm6U6RBhhqmWN7VT7ZqNgC4LHCTE/s400/brunh004.jpg)
Depois de percorrer pouco mais de 5 quilómetros encontrei a primeira ponte. Identifiquei imediatamente o local. Só podia ser a ribeira que atravessa Freixiel a juntar-se ao Rio Tua. Encontram-se à direita da linha, a poucos metros, ruínas de várias casas. Deve ter existido aqui possivelmente alguma quinta. O rio sofre um estreitamento, as águas correm muito agitadas e fazem muito barulho.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhww94ljbOwjbtCM9U-2tdeofvIpsDbslnkMs8xEPHlZDSaCxvSxn566wuOplObiVY_I062dGt5WBlxgHwKwkBJBavLO6F0I5XwMlxNfSij1mhbQe2x6obJEueD2l-8-VuX-opbEY2jDq8/s400/brunh003.jpg)
Depois de andar 8 quilómetros estava na estação de Abreiro. Já tinha perdido a conta às fotografias, felizmente a bateria ainda estava para durar e, portanto, podia continuar. Após passar uma zona onde o vale é mais aberto, depois da ponte de Abreiro, entra-se na zona mais agreste deste percurso. O rio estreitece de tal forma, que parece ser possível saltar de um lado para o outro.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtaPs21CRMnzbkqVJ02NoSwiKTTUB0hskXTFn3TErMH733QBg5mcHnb8jhF0m93Ik9SqNihKTp1Vp4cb6Zub0KSi0toFymm9SR1lC5b3g_yfx1c8tcl8qZ300r5Rslf50JfTacXPfEvR0/s400/codecais18.jpg)
Depois da Ponte do Diabo, desci pelas fragas para fotografar alguns rápidos do rio. Esta zona é muito perigosa, deve haver poços com muita profundidade e águas muito violentas. O barulho era ensurdecedor.
Nas frestas das rochas crescem violetas e Jacinto-dos-campos (Hyacinthoides hispânica) com cores tão delicadas que são difíceis de fotografar. As águas agitadas do rio pareciam agora de outra cor.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWMjGXgHNI5TMfodrvPHYwBB87GH3AaAm5uge39lzLkCT85J4-L_F_Rp58mmgR8ZU71wLMyGAfWuiiOImfouh8KY-Kg_02bY6WoqPJM27j2u485TpSnuUDKDsel8lSan1-z6Dxnq5b3nU/s400/codecais16.jpg)
Cada curva do rio, cada curva da linha, abrem horizontes para infindáveis composições de cores e enquadramentos. Dividi-me entre os grandes planos das encostas, a vegetação que ladeia o rio e as curvas preguiçosas da linha. O tempo foi passando e aproximava-me cada vez mais da Ribeirinha.
Entretanto verifiquei que estava quase na hora da automotora passar de novo em direcção ao Tua. Tomei posição num ponto alto e esperei pacientemente. Às 16:50 a automotora passou, permitindo-me mais algumas fotografias.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjbxsgK227z5p13aZnNz1HtWUURsHnIUqckxyppthK8yunpVW81PC5oj-PQiOWFkzFqieC9yIn84lBW3gsCe4xg1RpJcotMHMQg9DcsqgJWUe5CnBRhJ6f9IoTnRG5IwkiI9yqKrxfH5oc/s400/codecais15.jpg)
Pouco tempo depois a violência das águas foi diminuindo gradualmente. O rio alargou-se e surgiram enormes árvores nas suas margens. A Ribeirinha estava perto! Abandonei a linha e segui mesmo junto à água até chegar à aldeia. As águas estavam calmas e os reflexos da folhagem formavam harmoniosos quadros.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNUJ5zSHG6DdSb4iOfMh1Mxiyan1uqy2We1bQs87h3kvGy7S4GpIuTkS8sZkydh0lOzyuwiz7p__s5RtBLgGzvTDQswNk5z7VQutai2zjkWS8Q5Uda_XzKkdtrjtMdNTBe9991QnX-YCc/s400/brunh008.jpg)
Cheguei à estação já eram seis horas. Ultrapassei em duas horas a minha previsão, mas fiz o percurso sem pressas, descendo ao rio várias vezes e tirando mais de 1300 fotografias. Não senti cansaço, apenas alguma fadiga nas pernas e o pescoço a ferver do sol que apanhou. Fazendo o percurso pela linha seriam mais ou menos 12 quilómetros. Com as voltas que dei, não faço ideia quantos quilómetros percorri.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkFEOHzuyorVRfrG-btO8eDFgZryIERapMuVkx98jL_hhPpyFQEBDK8fqFIfAJQ2nCVOiuJv3J7Qnc89o6cvqB4ozIi3MVSXWF7hJik3yXFALZ7hZyzlEQUNRaw9EAMWATgrcDfRKKXWA/s400/codecais21.jpg)
Já sinto muita vontade de fazer o resto do percurso até ao Tua.
Todas as fotografias foram tiradas no troço da linha que percorre as freguesias de Pereiros (Codeçais) e Pinha do Norte (Brunheda). Para ver fotografias de outros partes do percurso (Abreiro e Ribeirinha), clicar aqui.
Para ler e ver as fotografias da 1.ª etapa (Cachão-Ribeirinha), clicar aqui.
Do Blogue: À Descoberta de Carrazeda de Ansiães
Sem comentários:
Enviar um comentário