Desde há muito tempo que ansiava fazer esta linha a pé. Lancei a ideia e acabei por juntar um forte grupo de caminhantes, entre amigos e colegas de trabalho. Mas ao contrário da maioria dos caminhantes desta linha, fomos em autonomia total e com o objectivo de cumprir a totalidade do percurso. Indo de comboio até à estação do Tua e regressando a Lisboa de expresso.
A nossa viagem começou em Lisboa, pelas 11h40 de sexta-feira 27 de Maio, onde seis dos sete elementos embarcaram de comboio com destino à estação do Tua. No Marco de Canaveses juntou-se-nos o sétimo elemento, o Alves.
Na estação de Mosteirô estivemos parados cerca de duas horas devido à queda de uma árvore na linha, o que veio atrasar todo o nosso percurso.
Finalmente chegados ao Tua começá-mos a caminhar já com a noite a fechar-se. Mas não desistimos de fazer o planeado para esse dia, percorrer os primeiros 7 kms de linha para pernoitar no apeadeiro de Castanheiro. Não fazíamos ideia se as estações/apeadeiros estariam ou não abertos, para nos abrigarmos. No Castanheiro alguém abriu acesso, que nos deu jeito para nos refugiarmos da chuva que já caia grossa nessa noite.
No dia seguinte, com um óptimo tempo, já pudemos observar a bela paisagem que o Tua tem para nos oferecer, e não conseguimos resistir a dar um mergulho antes de nos fazermos ao caminho.
Em Santa Luzia cruzámos-nos com um grupo grande que estava a descansar à sombra. Em São Lourenço subimos à aldeia para abastecer de água e conhecer as termas.
O nosso dia terminou em Abreiro, onde construímos um bivaque com toldos. A noite esteve muito quente, ao ponto de ser desconfortável.
No domingo, 29, apontámos a um dos maiores objectivos desta expedição, a Ribeirinha. Mal lá chegámos fomos directo ao Lucky Luke. Fomos muito bem recebidos pelos donos e ficámos a conhecer o Mário, filho do Sr Abílio. Acabámos por ficar lá um bom bocado a comer, beber minis, contar e especialmente ouvir as histórias do Mário, que são de chorar a rir! Estávamos já de partida do Lucky Luke quando eis que o Sr Abílio aparece, lentamente, agarrado à sua bengala. Mais umas fotos rápidas e regresso à linha!
No Cachão, o Alves, teve que partir de Metro até Mirandela, para garantir que chegava a horas ao trabalho na segunda-feira. Ficámos os restantes para devorar o restinho de travessas que nos separava de Mirandela.
A ideia inicial era pernoitar a 4 km de Mirandela, na estação de Latadas, e retomar na segunda-feira. Mas nem sinal das ruínas da estação, nem de um local aprazível junto ao rio para montarmos bivaque. A opção foi continuar até Mirandela. O que a mim, pessoalmente, custou bastante, devido ao muito cansaço acumulado. Lá nos conseguimos arrastar até ao km 54.
Não aconselho a fazer o percurso integral em 3 dias como nós, porque já é difícil andar com aquele passito de travessa em travessa, ainda pior com a casa às costas.
Travessas: 150 a cada 100 metros, 1500 a cada km e em 54km são 81000.
Cada um gastou cerca de €15 em alimentação.
Transportes ida e volta €42.
1º dia 7,6km
2º dia 21,7km
3º dia 24,8km
Primeiro quero agradecer a todos os elementos que alinharam neste empreendimento que há muito queria fazer, ao blog “A linha é Tua”, pelas valiosas informações que disponibiliza, e especialmente ao documentário “Pare Escute e Olhe” que nos impulsionou e nos ajudou a perceber o valor da zona que visitá-mos.
Os elementos do grupo: B. Fernandes (eu), Alves, A. Fernandes, André, Barata, Gomes e Henrique.
Nota: Agradeço a B. Fernandes (e todos os que o acompanharam) por partilharem neste blogue a sua aventura na Linha do Tua.
Aníbal Gonçalves