
Hoje foi dia de partir à Descoberta. Já há algum tempo que não fazia um largo passeio por terras de Vila Flor.

A nova máquina fotográfica (Panasonic Lumix DMC-TZ2) chegou por altura da Páscoa, mas ainda mal tive tempo para testar as suas potencialidades.
A aventura foi um pouco diferente do habitual. Fui até ao Cachão de carro; fiz o percurso entre o Cachão e a Ribeirinha a pé e voltei a Vila Flor de carro. Nunca tinha feito uma saída deste género mas pode ser que faça mais no futuro.

O destino do Rio Tua e a Linha do Tua está traçado. Pouco tempo nos resta para gozar as paisagens que nos oferecem. Infelizmente não acredito nos políticos e as promessas não passam disso, promessas. Há quem as esqueça na própria noite das eleições, há quem as faça sem acreditar nelas, há quem prometa para enganar. Vivemos numa época em que a opinião dos outros pouco vale face à inteligência superior que alguns têm, ou julgam ter.
Foi pensando nestas promessas de desenvolvimento que deixei a estação do Cachão. Caminhei ao longo do que resta do complexo nada entusiasmado com o que via. Ao longo da linha escorria uma grande quantidade de água suja e malcheirosa. Pouco depois entrei na tranquilidade da Natureza.
O percurso entre Cachão e Vilarinho das Azenhas pode ser feito por estrada, a poucos metros da linha, mas eu decidi ir pela linha, e, onde fosse possível, aproximar-me do rio.
Neste ponto há altas montanhas para Norte e para Sul sendo cortados a meio pelo rio que, ao longo dos milénios, rasgou o seu próprio caminho. É esta passagem estreita que dá o nome ao lugar, Cachão - local onde a água passa apertada e revoltosa, fazendo bolhas. Conheço lugares com este nome no Rio Douro e no Rio Sabor.

Vêem-se ainda pequenos recantos cultivados. Videiras, laranjeiras, pereiras, macieiras, marmeleiros e bastantes oliveiras são as árvores predominantes. Como árvores selvagens e arbustos encontrei choupos, freixos, salgueiros, sobreiros, urze, giestas, pilriteiro, carqueja, tojo, etc.
Só de vez em quando o sol abria os olhos, cintilando nas folhas juvenis das árvores que ladeiam o rio e dando algum azul à água. Aos poucos minha atenção era desviada para pequenas flores, delicadas, que rompem o manto verde da margem do rio criando um padrão mais colorido.

Ao chegar perto da ponte de Vilarinho das Azenhas, deixei a linha do comboio. A partir deste ponto, há quase sempre um caminho entre a linha e o rio. As imediações da ponte são muito procuradas pelos pescadores, hoje estavam três pescadores no local.

A caminhada foi perdendo o ritmo. A água neste troço corre mais calma. As represas que alimentavam as várias azenhas, continuam a amansar as águas. Quando nos aproximamos delas o som da água que se precipita ultrapassando as barreiras, dá um ar bucólico, um som que não cansa, mais relaxante do que música clássica.
Fui acordado do meu êxtase pelo som da automotora que descia de Mirandela ao Tua! Tanto queria estar a postos quando a automotora passasse que acabei por me esquecer dela!

Percorri aproximadamente 8 km. Apesar do céu escuro e da pouca luminosidade, foi um passeio muito agradável.
Do Blog: À Descoberta de Vila Flor